Em muitas circunstâncias, mágoas alheias servem de consolação
para nossas mágoas.
Quem carrega fardos enormes como que nos estimula a suportar os
estorvos leves.
Num desastre qualquer, que nos teria colhido, inclinamo-nos,
comovidamente, para as vítimas, guardando, muita vez, a ilusão de que fomos
agraciados por Deus, como se a responsabilidade de moratórias e empréstimos,
que nos são concedidos pela Misericórdia Divina, dentro da Lei, fosse para nós
regime de favoritismo e exceção.
Ajudar aos que se encontram em provocações maiores que as nossas
é caridade sublime; no entanto, é forçoso reconhecer que aconselhar paciência
aos que choram, na posição de superiores tranquilos, é o mesmo que falar à
margem de um problema, sem estar dentro dele.
Com isso, não queremos diminuir o valor da beneficência. Sem
ela, nossas mãos se fariam garras de usura e o egoísmo transformaria a Terra
num manicômio.
Desejamos simplesmente afirmar que é mais fácil chorar com os
que choram, que alegrar-se alguém com os que se alegram; porquanto, ajudar com
o pão ou com a alegria que nos sobram é ato que podemos realizar sem
dificuldade, ao passo que, para regozijar-se com o regozijo dos outros, sem
qualquer ponta de inveja ou despeito, é preciso trazermos suficiente amor puro
no coração.
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