segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

SOFRIMENTO E AFLIÇÃO

 

   Ei-los misturados em todo lugar. Sofrimento causado pela evocação de um amor violento que passou célere; e aflição de quem, não tendo amado, deseja escravizar-se desnecessariamente. 
    Sofrimento decorrente do desejo de perseguir quanto gostaria de fazê-lo; e aflição porque, perseguido, não tem oportunidade de também perseguir. 
    Sofrimento pela dor que anseia agasalho no coração; e aflição em face da
dor que vergasta, por não poder fazer quanto gostaria, comprometendo-se muito mais. Sofrimento nascido no desequilíbrio da ambição que deslocou a linha básica do carater; e aflição porque, desejando e tendo tanto, não pode fruir quanto pensava gozar. 
    Sofrimento derivado da revolta de não possuir felicidade nos moldes que planejou; e aflição por ter a felicidade ao alcance das mãos, constatando, porém, quanta treva e pranto se agasalham no manto brilhante desse felicidade ilusória. 
    Sofrimento por muito ter e constatar nada ter; e aflição por nada ter e descobrir quanto poderia ter. 
    Sofrimento na cruz do desequilíbrio; a e aflição do desequilíbrio na cruz do dever reparador. Sofrimento em quem luta pela reabilitação; e aflição em quem, errando, não tem força para reabilitar-se. 
    Sofrimento que vergasta, e aflição buscada para vergastar. No entanto, é o sofrimento uma via de purificação, e a aflição um veículo de sofrimento para quem, mantendo o encontro com a verdade libertadora, elege, na recuperação dos valores morais, a abençoada rota através da qual o espírito se encontra consigo mesmo, depois das lutas fúteis do caminho por onde jornadeiam os desatentos e infelizes. 
    Com Jesus tens aprendido que sofrer, recuperando-se interiormente, é libertar-se, e afligir-se, buscando renovação, é ascender.
    Empenha-te no valoroso esforço de eliminação do mal que reside em ti,
pagando o tributo do sofrimento e da aflição à consciência, certo de que, antes da manhã clara e luminífera da ressurreição gloriosa do Mestre, houve a sombra da traição e a infâmia da crueldade, como valioso ensinamento de que, precedendo a madrugada fulgurante da imortalidade triunfal, defrontarás a noite de silêncio e testemunho, que te conduzirá, porém, à radiosa festa de luz e liberdade definitiva.




(Divaldo Franco por Joanna de Ângelis. In: Messe de Amor)

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