Escasseia, cada vez mais, no comportamento
humano, a indulgência.
Relevante para o êxito da criatura em si mesma e em relação
ao próximo, o pragmatismo negativo dos interesses imediatos vem, a pouco e
pouco, desacreditando-a, deixando-a à margem.
Sem a indulgência no lar, diante das atitudes infelizes dos
familiares ou em referência aos seus equívocos, instala-se a malquerença; na
oficina de atividades comerciais, produz a desconfiança; no trato social
propicia o desconforto moral e responde pelo competição destrutiva...
Tentando substituí-la, as criaturas imprevidentes colocam
nos lábios a mordacidade no trato com o semelhante, a falsa superioridade, a
ofensa freqüente, a hipocrisia em arremedos de tolerância.
A indulgência para com as faltas alheias é perfeita
compreensão da própria fragilidade, a refletir-se no erro de outrem, entendendo
que todos necessitam de oportunidade para recuperar-se, e facultando-a sem
assumir rígido comportamento de censor ou injustificável postura de benfeitor.
A indulgência é um sentimento de humanidade que vige em
todas as pessoas, aguardando desdobramento e vitalidade que somente o esforço
de cada qual logra realizar.
É calma e natural, fraterna e gentil, brotando como linfa
cristalina ao alcance do sedento.
Generosa, não guarda qualquer ressentimento, olvidando as
ofensas a benefício do próprio agressor.
A indulgência é um ato de amor que se expande e de caridade
que se realiza.
Mede-se a conquista moral de um homem pelo grau de
indulgência que possui em relação aos limites e erros alheios.
Ninguém que jornadeie, no mundo, sem errar e que, por sua
vez, não necessite da indulgência daqueles a quem magoa ou contra os quais se
levanta.
A indulgência pacifica o infrator, auxiliando-o a crescer em
espírito e abre áreas de simpatia naquele que a proporciona.
Virtude do sentimento, a indulgência revela sabedoria da
razão. Agredido pela ignorância do poviléu, ou pela astúcia farisaica, ou pela
covardia dos amigos, ou pela pusilanimidade de Pilatos, Jesus foi indulgente
para com todos, não obstante jamais houvesse recebido ou necessitasse da
indulgência de quem quer que fosse.
Lecionando o amor, toda a Sua vida é um hino à indulgência e
uma oportunidade de redenção ao equivocado.
Sê, pois, tu também, indulgente em relação ao teu próximo,
quão necessitado te encontras da indulgência dos outros assim como da Vida.
Divaldo P. Franco por Joanna de Ângelis. In: Viver e
amar
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