Não fosse o olvido
temporário que assegura o refazimento da alma, na reencarnação, segundo a
misericórdia do Senhor que lhe orienta a reta justiça, decerto teríamos no
mundo, ao invés da escola redentora, a jaula escura e extensa, onde os homens
se converteriam em feras a se degladiarem indefinidamente.
Não fosse o dom do
esquecimento que envolve o berço terrestre e o ódio viveria eternizado,
transformando a Terra em purgatório angustioso e terrível, onde nada mais
faríamos que chorar e lamentar, acusar e gemer.
A Divina Bondade, contudo,
em cada romagem do espírito no campo do mundo, confere-lhe no corpo físico o
arado novo, suscetível de valorizar-lhe a replantação do destino, no rumo do
porvir.
De existência a existência,
o Senhor vela-nos caridosamente a memória, a fim deque saibamos metamorfosear
espinhos em flores e aversões em laços divinos.
O Pai, no entanto, com
semelhante medida, não somente nos ampara com a providencial anestesia das
chagas interiores, em favor do nosso êxito em novos compromissos.
Com essa dádiva, Ele que
nos reforma o empréstimo do ensejo de trabalho, de experiência a experiência,
nos induz à verdadeira fraternidade, para o esquecimento de nossas faltas
recíprocas, dia a dia.
Aprendamos a olvidar as
úlceras e as cicatrizes, as deformidades e os defeitos do irmão de jornada, se
nos propomos efetivamente a avançar para diante, em busca de renovadores
caminhos.
Cada dia é como que a
“reencarnação da oportunidade”, em que nos cabe aprender com o bem, redimindo o
passado e elevando o presente, para que o nosso futuro não mais se obscureça.
Nas tarefas de redenção,
mais vale esquecer que lembrar, a fim de que saibamos mentalizar com segurança
e eficiência a sublimação pessoal que nos cabe atingir.
O Senhor nos avaliza os
débitos, para que possamos adquirir os recursos destinados ao nosso próprio
reajustamento à frente da Lei.
Recordemos o exemplo do
Céu, destruindo os resíduos de sombra que, em forma de lamentação e de queixa,
emergem ainda à tona de nossa personalidade, derramando-se em angústia e
doença, através do pensamento e da palavra, da voz e da atitude.
Exaltemos o bem,
dilatemo-lo e consagremo-lo nos menores gestos e em nossas mínimas tarefas, a cada
instante da vida, e, somente assim, aprenderemos com o Senhor a olvidar a noite
do pretérito, no rumo da alvorada que nos espera no fulgor do amanhã.
Emmanuel
(De “Família”, de Francisco Cândido
Xavier – Espíritos Diversos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário