terça-feira, 30 de abril de 2024

NÃO TROPECEMOS


“Jesus respondeu: Não há doze horas no dia?
Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê
a luz deste mundo.” (João, 11:9)
 

O conteúdo da interrogativa do Mestre tem vasta significação para os discípulos da atualidade.

“Não há doze horas no dia?”

Conscientemente, cada qual deveria inquirir de si mesmo em que estará aplicando tão grande cabedal de tempo.

Fala-se com ênfase do problema de desempregados na época moderna.

Entretanto, qualquer crise nesse sentido não resulta da carência de trabalho e, sim, da ausência de boa vontade individual.

Um inquérito minucioso nesse particular revelaria a realidade.

Muita gente permanece sem atividade por revolta contra o gênero de serviço que lhe é oferecido ou por inconformação, em face dos salários.

Sobrevém, de imediato, o desequilíbrio.

A ociosidade dos trabalhadores provoca a vigilância dos mordomos e as leis transitórias do mundo refletem animosidade e desconfiança.

Se os braços estacionam, as oficinas adormecem. Ocorre o mesmo nas esferas de ação espiritual. Quantos aprendizes abandonam seus postos, alegando angústia de tempo? quantos não se transferem para a zona da preguiça, porque aconteceu isso ou aquilo, em pleno desacordo com os princípios superiores que abraça?

E, por bagatelas, grande número de servidores vigorosos procuram a retaguarda cheia de sombras. Mas aquele que conserva acuidade auditiva ainda escuta com proveito a palavra do Senhor: – Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia não tropeça.”

 

 


Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

segunda-feira, 29 de abril de 2024

RECURSOS TERAPÊUTICOS


    Confundido pela avalanche dos problemas que surpreendem, não fuja ao desafio de crescimento espiritual, recorrendo a paliativos ou derreando-se sob a ação de psicotrópicos.

    Vitimado por injunções morais, abandono de pessoas queridas, desencarnações de criaturas amadas, injustiças e acusações descabidas, não recorra às drogas anestesiantes, como quem se recusa vencer a ocorrência transferindo a solução.

    Alcançado pela depressão emocional desta ou daquela natureza, ou sofrendo a exacerbação nervosa que lhe altera o comportamento, não se arroje da desenfreada busca de uma terapia curadora que não remova as causas do desequilíbrio.

    Azorragado pelas chibatas da ansiedade e da inquietação, caminhando para o abismo das alucinações, não se deixe arrastar à violência dos tratamentos que não alcançam a gênese do sofrimento. 

    Consumindo-se pelo azedume do pessimismo, sob o desgaste da indiferença e do desamor pela vida, postergue as atitudes e situações simplistas que prometem mudança de estado íntimo sem remoção das causas geradoras do mal. 

    Toda enfermidade tem procedência no espírito. 

    A matriz da alienação encontra-se no cerne do ser e somente procedendo-se a uma psicoterapia moral, de ação positiva nos tecidos sutis da alma, se podem conseguir os resultados saneadores de tais males. 

    Desse modo, examine os motivos atuais que desencadearam a aflição e os racionalize à luz do Evangelho. 

    Toda luta oferece oportunidade de conquista. 

    As lutas morais, quando enfrentadas com os valores do coração e da mente esclarecida, concedem promoção e liberdade. 

    Substitua o psicotrópico pela prece honesta, ungida de humildade e confiança. 

    Mude a receita do produto anestesiante pela leitura que edifica interiormente. 

    Relegue o medicamento que lhe ocasiona dependência a plano secundário, colocando no seu lugar a reflexão salutar. 

    Troque a terapia da violência orgânica pela visita aos que sofrem mais do que você e medite no bem que você lhes pode oferecer. 

    Durante as dores coletivas e perante elas diminuem os distúrbios mentais, as alienações, porque o homem se esquece de si, dos problemas pessoais, desde que convocado para ajudar. 

    Nenhuma substância logra oferecer força de vontade, coragem, valor moral. Os ingredientes de que estes se compõem encontram-se em você próprio, que os deve usar e manipular em favor da saúde integral. 

    Volte-se para as questões do espírito com lucidez e esforço, assim conseguindo com esses recursos terapêuticos liberar-se dos males que ora consomem verdadeiras multidões. 
 


Marco Prisco/Divaldo P. Franco. Em: Luz Viva

domingo, 28 de abril de 2024

A CELA OCULTA


        Cada criatura, na Terra, traz consigo uma cela oculta em que trabalha com os instrumentos da provação em que se burila.
       Pensa nisso e auxilia aos que te rodeiam.
       Esse companheiro alcançou a fortuna, mas sofre a falta de alguém; outro dispõe de autoridade, no entanto, suporta espinhosos conflitos nos sentimentos;

essa irmã construiu o lar sobre preciosas vantagens materiais, contudo, tem um filho que lhe destrói a felicidade;
e aquele outro atingiu o favor público, entretanto, é portador de moléstia indefinível a corroer-lhe todas as forças.
       Quando encontres alguém que te pareça em crises de inquietação e desarmonia,

isso não é sinal de que a tua presença se lhe faz indesejável.
       Esse alguém estará em momentos de enormes dificuldades no reduto invisível do coração em que se aperfeiçoa.

E os resíduos da luta íntima se lhe transbordam do ser pelas janelas do trato.
       Observa o ponto nevrálgico da própria vida em que o sofrimento te procura para efeito de prova e compadece-te dos outros para que os outros se compadeçam de ti.

 



Francisco cândido Xavier por Meimei.

In: SOMENTE AMOR

sexta-feira, 26 de abril de 2024

O DESÂNIMO


    Tóxico imobilizador, o desânimo se insinua suavemente, dominando as reservas da coragem e submetendo o combatente à sua ação perturbadora.


    Instala-se, a pouco e pouco, inspirando pessimismo e mal-estar, que se agrava, qual invasor que conquista passo a passo os espaços abandonados à sua frente.

    O desânimo é inimigo covarde que ceifa mais vidas do que o câncer, pelos resultados que logra na economia do comportamento humano.
*
    Quando sintas a insinuação do desânimo, ciciando-te falsos motivos para que abandones a peleja, ou a postergues, ou a desconsideres, tem cuidado.

    Usa a razão e expulsa-o da casa mental.

    Às vezes, se te apresenta na condição de mágoa defluente de qualquer incompreensão sofrida, e, noutras ocasiões, em forma de exaustão de forças, que deves superar, mediante mudança de atitude mental e de atividade física.

    A marcha do tempo é inexorável.

    De qualquer forma, as horas se sucedem.

    Utiliza-as de maneira condigna, mesmo que, a peso de sacrifícios.

    Quando transponhas a barreira da dificuldade, constatarás a vantagem de haver perseverado, descobrindo-te rico de paz, face aos tesouros de amor e realização que adquiriste.

    Motivo algum deve servir de apoio para o desânimo.

    Tudo, na vida, constitui convite para o avanço e a conquista de valores, na harmonia e na glória do bem.




    (FRANCO, Divaldo Pereira. Episódios Diários.
Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 10)

quinta-feira, 25 de abril de 2024

NATAL...


Espírito: MEIMEI. 

Diante do bolo iluminado, abraças, feliz, os entes amados que chegaram de longe...

Ouves a música festiva que passa, de leve, por moldura de harmonia às telas da natureza... Entretanto, quando penetrarem o tempo da oração, reverenciando o Mestre que dizes amar, mentaliza o estábulo pobre.

Ignoramos de que estrela chegando o Sublime Renovador, mas todos sabemos em que ponto da Terra começou ele o apostolado divino.

Recorda as mãos fatigadas dos tratadores de animais, os dedos calosos dos homens do campo, o carinho das mulheres simples que lhes ofertaram as primeiras gotas do próprio leite e o sorriso ingênuo dos meninos descalços que lhe recebera, do olhar a primeira nota de esperança.

Lembra-te do Senhor, renunciando aos caminhos constelados de luz para acolher-se, junto dos corações humildes que o esperavam, dentro da noite, e desce também da própria alegria, para ajudar no vale dos que padecem...

Contemplará, de alma surpresa, a fila dos que se arrastam, de olhos enceguecidos pela garoa das lágrimas. Ladeando velhinhos que tossem ao desabrigo, há doentes e mutilados que suspiram pelo lençol de refúgio na terra seca. Surgem mães infelizes que te mostram filhinhos nus e crianças desajustadas para quem o pão farto nunca chegou. Trabalhadores cansados falam de  abandono e jovens subnutridos se referem ao consolo da morte...

Divide, porém, com eles o tesouro de teu conforto e de tua fé e, nos recintos de palha e sombra a que te acolhes, encontrarás o Cristo no coração, transfigurando-te a vida, ao mesmo tempo em que, nos escaninhos da própria mente, escutarás, de novo, o cântico do Natal, como que repetido na pauta dos astros:

- Glória a Deus nas alturas e boa vontade para com os homens!... 



LIVRO ANTOLOGIA MEDIÙNICA DO NATAL
– Psicografia: Francisco Cândido Xavier

quarta-feira, 24 de abril de 2024

NA TRILHA DO RESGATE


        Em muitas situações, o cárcere de limitação em que nos debatemos não é senão aquele da ignorância, de que nos cabe sair pelas atividades do estudo ou pelas aulas compulsórias da experiência. E note-se que educação é impraticável sem disciplina.

 

        Noutros casos, achamo-nos magneticamente acorrentados a celas de prova, cumprindo austeras sentenças, lavradas ou solicitadas por nós mesmos, antes da reencarnação, perante as incriminações do foro íntimo, das quais tão só a paciência sem lindes nos pode liberar.

-o-o-

 

        Habitualmente, na Terra, porém, somos simultaneamente o aluno matriculado no instituto da evolução e o devedor de compromissos no tribunal. Lutamos pela aquisição de conhecimento, carregando, em contrapeso, o fardo das dívidas que nos compete ressarcir.

-o-o-

 

        Tolera, com serenidade, o carnicão dos males que, porventura, te assolem a vida. É por ele que esgotamos os resíduos de sombra em que o passado te embaraçou e é ainda através dele que as Leis Divinas te observam o grau de aproveitamento na escola em que te situas. Muitas vezes, semelhante setor de lições do estágio terrestre é a casa superlotada de sofrimento, a moléstia irreversível, o ostracismo social, a condição de penúria ou o processo obsessivo em que se te acrisolam os pensamentos, e, noutros lances da existência, é o parente difícil que destoa da família correta, o desastre que suprime a alegria do lar ridente e próspero, os conflitos do sentimento entranhados na alma ou o adeus de um ente amado que a provação distancia.

-o-o-

 

        Se trazes, em meio do aprendizado que o mundo nos oferece, uma conjuntura assim, qual ponto nevrálgico nas ramificações do destino, ama, suporta, desculpa, serve e auxilia constantemente.

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        Problemas que resolvemos por nós representam quotas de esforço pacífico, pelas quais adquirimos os benefícios do educandário em que nos aprimoramos para o futuro; entretanto, os problemas que nos pesam nos ombros, todos os dias, e que só o tempo consegue solucionar, constituem o preço de nossa libertação.

 

 

Emmanuel - De “CARIDADE”, de Francisco Cândido Xavier

Espíritos Diversos

terça-feira, 23 de abril de 2024

EVITANDO A TENTAÇÃO


“Vigiai e orai para não entrardes

em tentação”. JESUS

(MARCOS, 14:38)

Vigiar não quer dizer apenas guardar. Significa também precaver-se e cuidar. E quem diz cuidar, afirma igualmente trabalhar e defender-se.

Orar, a seu turno, não exprime somente adorar e aquietar-se, mas, acima de tudo, comungar com o Poder Divino, que é crescimento incessante para a luz, e com o Divino

Amor, que é serviço infatigável no bem.

Tudo o que repousa em excesso é relegado pela Natureza à inutilidade.

O tesouro escondido transforma-se em cadeia de usura.

A água estagnada cria larvas de insetos patogênicos.

Não te admitas na atitude de vigilância e oração, fugindo à luta com que a Terra te desafia.

Inteligência parada e mãos paradas impõem paralisia ao coração que, da inércia, cai na cegueira.

Vibra com a vida que escoa, sublime, ao redor de ti, e trabalha infatigavelmente, dilatando as fronteiras do bem, aprendendo e ajudando aos outros em teu próprio favor.

Essa é a mais alta fórmula de vigiar e orar para não cairmos em tentação.

 

 

Francisco Cândido Xavier por Emmanuel. In: Palavras de Vida Eterna

segunda-feira, 22 de abril de 2024

ADVERSÁRIOS E DELINQUENTES


“Reconcilia-te depressa com o teu adversário,
Enquanto estás a caminho com ele...”
– Jesus. (MATEUS, 5:25)

Jesus nos solicitou a imediata reconciliação com os adversários, para que a nossa oração se dirija a Deus, escolmada de qualquer sentimento aviltante.

Não ignoramos que os adversários são nossos opositores ou, mais apropriadamente, aqueles que alimentam pontos de vista contrários aos nossos. E muitos deles, indiscutivelmente, se encontram em condições muito superiores às nossas, em determinados ângulos de serviço e merecimento. Não nos cabe, assim, o direito de espezinhá-los e sim o dever de respeitá-los e cooperar com eles, no trabalho do bem comum, embora não lhes possamos abraçar o quadro integral das opiniões.

Há companheiros, porém, que, atreitos ao comodismo sistemático, a pretexto de humildade, se ausentam de qualquer assunto em que se procura coibir a dominação do mal, esquecidos de que os nossos irmãos delinquentes são enfermos necessitados de amparo e intervenção compatíveis com os perigos que apresentem para a comunidade.

Todos aqueles que, exercem algum encargo de direção sabem perfeitamente que é preciso velar em defesa da obra que a vida lhes confiou.

Imperioso manter-nos em harmonia com todos os que não pensam por nossos princípios, entretanto, na posição de criaturas responsáveis, não podemos passar indiferentes diante de um irmão obsediado, que esteja lançando veneno em depósitos de água destinada à sustentação coletiva.

Necessitamos acatar os condôminos do edifício que nos serve de residência, toda vez que não consigam ler os problemas do mundo pela cartilha de nossas ideias, todavia, não será justo desinteressar-nos da segurança geral, se vemos um deles ateando fogo no prédio.

Cristo, em verdade, no versículo 25 do capítulo 5, do Evangelho de Mateus, nos afirma: “reconcilia-te depressa com o teu adversário”, mas no versículo 2 do capítulo 16, do Evangelho de Lucas, não se esqueceu de acrescentar: “dá conta de tua mordomia”.

 

Francisco Cândido Xavier por Emmanuel. In: Palavras de Vida Eterna

domingo, 21 de abril de 2024

OBEDIÊNCIA CONSTRUTIVA


"E assim vos rogo eu, o preso do Senhor,
que andeis como é digno da vocação com
que fostes chamados." - Paulo.(EFÉSIOS, 4:1)

Na leitura do Evangelho, é necessário fixar o pensamento nas lições divinas, para que lhes sorvamos o conteúdo de sabedoria.

No versículo sob nossa atenção, reparamos em Paulo de Tarso o exemplo da suprema humildade, perante os desígnios da Providência.

Escrevendo aos Efésios, declara-se o apóstolo prisioneiro do Senhor.

Aquele homem sábio e vigoroso, que se rendera a Jesus, incondicionalmente, às portas de Damasco, revela à comunidade cristã a sublime qualidade de sua fé.

Não se afirma detento dos romanos, nem comenta a situação que resultava da intriga judaica. Não nomeia os algozes, nem se refere às sentinelas que o acompanham de perto.

Não examina serviços prestados.

Não relaciona lamentações.

Compreendendo que permanece a serviço do Cristo e cônscio dos deveres sagrados que lhe competem, dá-se por prisioneiro da Ordem Celestial e continua tranquilamente a própria missão.

Simples frase demonstra-lhe a elevada concepção de obediência.

Anotando-lhe a nobre atitude, conviria lembrar a nossa necessidade de conferir primazia à vontade de Jesus, em nossas experiências.

Quando predominarem, nos quadros da evolução terrestre, os discípulos que se sentem administradores do Senhor, operários do Senhor e cooperadores do Senhor, a Terra alcançará expressiva posição no seio das esferas.

Imitando o exemplo de Paulo, sejamos fiéis servidores do Cristo, em toda parte. Somente assim, abandonaremos a caverna da impulsividade primitiva, colocando-nos a caminho do mundo melhor.

 

Livro: Vinha de Luz – Emmanuel – Chico Xavier 

sexta-feira, 19 de abril de 2024

A VINHA


“E disse-lhes: Ide vós também para a vinha
e dar-vos-ei o que for justo. E eles
foram.” (Mateus, 20:4)

Ninguém poderá pensar numa Terra cheia de beleza e possibilidades, mas vogando ao léu na imensidade universal.

O Planeta não é um barco desgovernado. As coletividades humanas costumam cair em desordem, mas as leis que presidem aos destinos da Casa Terrestre se expressam com absoluta harmonia.

Essa verificação nos ajuda a compreender que a Terra é a vinha de Jesus.

Aí, vemo-lo trabalhando desde a aurora dos séculos e aí assistimos à transformação das criaturas, que, de experiência a experiência, se lhe integram no divino amor.

A formosa parábola dos servidores envolve conceitos profundos.

Em essência, designa o local dos serviços humanos e refere-se ao volume de obrigações que os aprendizes receberam do Mestre Divino.

Por enquanto, os homens guardam a ilusão de que o orbe pode ser o tablado de hegemonias raciais ou políticas, mas perceberão em tempo o clamoroso engano, porque todos os filhos da razão, corporificados na Crosta da Terra, trazem consigo a tarefa de contribuir para que se efetue um padrão de vida mais elevado no recanto em que agem transitoriamente.

Onde quer que estejas, recorda que te encontras na Vinha do Cristo.

Vives sitiado pela dificuldade e pelo infortúnio?

Trabalha para o bem geral, mesmo assim, porque o Senhor concedeu a cada cooperador o material conveniente e justo.


 

Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

quinta-feira, 18 de abril de 2024

A DOR


“Irmãos e amigos meus! Se o sofrimento
Transpuser os umbrais do vosso lar,
Não levanteis aos céus vosso lamento,
Nem ouseis contra a sorte blasfemar:
São erros de um passado turbulento,
Que ele quer reparar.
 
Nessa noite trevosa do passado,
Quantos erros deixamos de remir!
E quantos cometemos no agitado
Correr de anos que vimos submergir,
Fantasmas que nos seguem lado a lado,
Na senda do porvir!”
 

 
 
 
Abel Gomes - De “Parnaso do Além-túmulo”
de Francisco Cândido Xavier
– Autores espirituais diversos

quarta-feira, 17 de abril de 2024

O HERDEIRO DO PAI

 

“A quem constitui herdeiro de tudo,
por quem fez também o mundo.”
– Paulo. (Hebreus, 1:2)

Cede aos poderes humanos respeitáveis o que lhes cabe por direito lógico da vida, mas não te esqueças de dar ao Senhor o que lhe pertence.

Esta forma conciliadora do Evangelho permanece, ainda, palpitante de interesse para o bem-estar do mundo.

Não convém concentrar em organizações mutáveis do plano carnal todas as nossas esperanças e aspirações.

O homem interior renova-se diariamente. Por isso, a ciência que lhe atende as reclamações, nos minutos que passam, não é a mesma que o servia, nas horas que se foram, e a do futuro será muito diversa daquela que o auxilia no presente. A política do pretérito deu lugar à política das lutas modernas. Ao triunfo sanguinolento dos mais fortes ao tempo da  selvageria sem peias,

seguiu-se a autocracia militarista. A força cedeu à autoridade, a autoridade ao direito. No setor das atividades religiosas, o esforço evolutivo não tem sido menor.

Em vista de semelhantes realidades, por que te apaixonas, com tanta veemência, por criaturas falíveis e programas transitórios?

Os homens de hoje, por mais veneráveis, são herdeiros dos homens de ontem, empenhados na luta gigantesca pela redenção de si mesmos. Poderão prometer maravilhosos reinados  de abastança e paz, liberdade e harmonia, entretanto, não fugirão ao serviço de corrigenda dos erros que herdaram, não só daqueles que os antecederam, no campo dos compromissos coletivos, mas igualmente de suas próprias experiências passadas, em tenebrosos desvios do sentimento.

A civilização de agora é sucessora das civilizações que faliram.

As nações que se restauram aproveitam as nações que se desfizeram.

As organizações que surgem na atualidade guardam a herança das que desapareceram na voragem da discórdia e da tirania.

Examinando a fisionomia indisfarçável da verdade, como hipertrofiar o sentimento, definindo-te, em absoluto, por instituições terrestres que carecem, acima de tudo, de teu próprio auxílio espiritual?

Como pode a casa sem teto abrigar-te da intempérie? A planta do arranha-céu, inteligentemente traçada no pergaminho, ainda não é a construção mantenedora da legítima segurança.

Não existem, pois, razões que justifiquem os tormentos dos aprendizes do Cristo, angustiados pelas inquietudes políticas da hora que passa. Semelhante estado d'alma é simples produto de inadvertência perigosa, porque todos devemos saber que os homens falíveis não podem erguer obras infalíveis e que compete a nós outros, partidários do Mestre, a posição de trabalhadores sinceros, chamados a servir e cooperar na obra paciente e longa, mas definitiva e eterna, daquele a quem o Pai “constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo”.


 

Emmanuel/Chico Xavier - Livro: Fonte Viva - Cap. 148

terça-feira, 16 de abril de 2024

A META


       Está distante a meta, mas a minha atenção não se prende a ela, e sim à rota que tracei para alcançá-la.

       Que sei eu de distância, quando meus sentidos se enganam com miragens? Como me poderei capacitar da distância da meta que hei de alcançar um dia?

       Hei de alcançar porque eu quero alcançar, e eu quero porque Deus em mim assim o quer.

       Fortalecido por essa certeza, que poderá me deter ou me retirar do caminho?

       Sei que terei precipícios a transpor, que avalanche de pedras poderão rolar ainda sobre mim, que talvez mergulhe nos lodaçais do caminho, pela minha imprevidência, que às vezes me desorienta, mas à proporção que sair da cada experiência, estarei mais encorajado para prosseguir, porque eu quero chegar ao meu destino, e lá chegarei, com a ajuda de Deus.

       Aboli pieguismo e choros não me revolto nem me lamento, porque aquele que me criou não necessita que lhe peça nada. Ele sabe tudo que eu preciso e me dará suas dádivas à medida que eu precisar ou souber usá-las; e, à minha súplica, me retirará da lama em que estiver mergulhado, levado por minhas paixões; me erguerá iluminado, e se eu lhe pedir, como anseio de minha vida, me dará o sol o seu pura amor. Ele me dará na hora exata tudo o que eu precisar, e não o que eu lhe pediria em minha ignorância.

       Portanto, não gasto energia em pedidos pueris, reservando-a para alimentar meu propósito de chegar aos “pés do Mestre”.

       Adiante, amigos e companheiros de caminhada terrena. Se não estou mais entre vós, estou em lugar onde também luto e anseio por alcançar o mesmo ideal vosso.

       Não esmoreçais, ainda que a tempestade mais assustadora vos surpreenda na estrada.. A tempestade experimenta apenas a vossa fé e a vossa convicção. Se não fugirdes apavorados, ela passará e contemplareis a calmaria onde o céu é mais azul e a brisa mansa e amena vos acariciará a alma.

 

 

(De “...A Verdade e a Vida”, de Cenyra Pinto)

(texto enviado por Cristiano de Almeida)

PERANTE A VIDA

       Em verdade, o sistema solar — vasto e sublime edifício, de que somos reduzido apartamento — é um império maravilhoso de luz e de vi...