Estudos e dissertações em torno da substância religiosa
de “O Céu e o Inferno”, de Allan Kardec
— 1ª Parte, Cap. II, item 3
Meditando na morte, honra, servindo, a estância carnal em que te hospedas por
algum tempo.
Nela, descobrirás com frequência os que fazem ironia em torno da fé; os que se
referem à virtude como sendo uma farsa; os que falam de corrida ao poder,
calcando aos pés o coração dos semelhantes; os que zombam da lealdade e os que
improvisam redutos de fantasioso prazer, argamassando-os com o pranto das
viúvas e dos órfãos.
Não te padronizes pelo figurino moral que apresentam, porquanto, qual acontece
contigo, ainda que não queiram, permanecem de viagem na Terra, e cada um
prestará contas de si próprio no momento oportuno.
Se a semente conseguisse ouvir-nos acerca da valiosa tarefa de que se incumbirá
na alimentação do povo, quando estiver convertida em árvore, talvez nos
recusasse os vaticínios, e se a lagarta pudesse escutar-nos sobre a futura
condição que a espera, dentro da qual voltará no espaço com asas de borboleta,
provavelmente nos interpretaria por loucos.
Não te molestem, assim, as considerações pueris dos irmãos nossos que procuram
transformar a vida terrena em floresta de impulsos selvagens, gastando a
existência em caça e pesca de emoções inferiores.
-o-o-
Persiste na reta consciência e faze o teu melhor.
Dos Planos Superiores, os amigos que te antecederam na Pátria Espiritual
acompanham-te os triunfos ignorados pelos homens e abençoam-te o suor da
paciência nas lutas necessárias; encorajam-te na causa do amor puro e
sustentam-te as energias para que as tuas esperanças não desfaleçam;
comungam-te as alegrias e as dores, ensinando-te a semear a felicidade nos
outros, para que recolhas a felicidade maior; se tropeças, estendem-te os
braços e, se choras, enxugam-te as lágrimas; sobretudo, esperam-te, confiantes,
quando termines a tarefa, para te abraçarem, afetuosos, com a alegria de quem
recebe um companheiro querido, de volta ao lar.
Persevera no bem, sabendo que viverás para sempre.
E, se te sentires sozinho na fé, lembra-te de Jesus.
Um dia, ele esteve abandonado e crucificado no alto de uma colina, contemplando
amigos desertores e algozes gratuitos, beneficiários ingratos e adversários
inconscientes... Na conceituação humana, estava plenamente sozinho; contudo,
ele com Deus e Deus com ele formavam maioria, ante a multidão desvairada.
De “Justiça Divina”, de Francisco Cândido Xavier
pelo Espírito Emmanuel