Nenhum espírito da comunidade
terrestre possui tanta luz que não admita em si certa nesga de sombra, nem
existe criatura com tanta sombra que não guarde consigo certa faixa de luz.
Aprende a fixar o próximo com a
claridade que há em ti.
Não creias, porém, que semelhante
trabalho se filie ao menor esforço, porque, pelo peso das trevas que ainda
imperam no mundo, a sombra que ainda nos envolve, na Terra, a cada instante,
insinuar-se-nos-á no próprio entendimento, perturbando-nos as interpretações.
Se te demoras na obscuridade, não
enxergarás senão os defeitos e as cicatrizes, as feridas e as nódoas que
caracterizam a fisionomia do irmão infortunado, constrangendo-te ao medo e à
usura, à incompreensão e à aspereza. E sabemos que quantos se detêm no cipoal
ou no charco não encontram outros elementos, além da lama ou do espinho, para
oferecer.
Alça a lâmpada acesa do
conhecimento superior e avança para a frente, e, então, a ignorância e a
delinquência surgir-nos-ão aos olhos como enfermidades da alma, que é preciso
extirpar, a benefício da felicidade comum.
"Não saiba a vossa mão
esquerda o que deu a direita" - ensina-nos o Evangelho - e ousamos
acrescentar: "não saiba a nossa sombra o que fez a nossa luz", porque
dessa forma, avançando, acima das tentações da vaidade e do desânimo, a chispa
humilde de nossa fé no Bem Infinito poderá transformar-se em chama viva e
redentora para o caminho de todos os que nos cercam.
Livro: Cura - Emmanuel & Francisco Cândido Xavier
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