“...
Vigiai e orai para que não entreis em
tentação.”
(Marcos: capítulo 14º, versículo 38)
Nem sempre a aparência trai a periculosidade que possui oculta.
Sutil, faz-se agradável, penetrando a pouco e pouco as resistências que
a obstaculam.
Aqui surge discreta, produzindo simpatia; ali se apresenta comedida,
causando interesse; noutros lugares assume características enlevantes,
conseguindo cordialidade, aceitação.
Raramente assoma frente a frente, mas, quando tal ocorre, seus efeitos
são imediatos, trágicos..
Na vilegiatura que empreende ao redor de todos faz-se voraz, no entanto,
quando rechaçada ou deixada à margem, reúne forças e retoma o caminho, revestindo-se
de novo aspecto, a fim de insistir no programa nefando.
Insaciável, seduz paulatinamente, com promessas de ventura, destruindo
os que lhe caem nas malhas...
Conivindo às suas diretrizes mesmo por negligência, somente poucas
vítimas logram liberação. Quando tal ocorre o tributo a pagar é de alto e pe
noso valor.
Referimo-nos à tentação.
Tóxico, envenena facilmente.
Ácido, queima e requeima sem parar.
Prazer, dilui os sentimentos e anestesia os deveres dilacerando a
responsabilidade, deixando inermes os valores morais que exornam o caráter.
Não se lhe dê trégua em momento algum.
Sua força faz-nos recordar a lendária Fênix ressurgindo das cinzas em
que se consumira.
Pode estar presente na ira e viver no ódio ultriz; aparece no ciúme e se
alimenta na vingança; vige na ambição de qualquer porte e respira no clima da
usura; agride na traição e ressurge na hipocrisia...
Nem sempre, porém, se permite identificar através dos aspectos
negativos, repelentes.
Mais cruel e poderosa quando disfarçada de mentira dourada ou ilusão
subornante, pelo tempero da censura, ou no açodar dos instintos com habilidade,
no envolver da bajulação...
Necessário vigiar as entradas do coração e permanecer no posto da prece.
A vigilância regular, insistente, é-lhe o antídoto valioso, incorruptível
de que ninguém pode prescindir para colimar êxito nos empreendimentos
relevantes do bem.
Examina a própria fragilidade e não permitas que a presunção te cicie
quimeras, porqüanto, através dela, não poucas vezes a tentação tem acesso ao
espírito, neste estabelecimento morada da qual só mui raramente vai
expulsa e, quando ocorre ser exilada, deixa marcas de difícil extinção.
Ora, portanto, mas vigia, também.
Convites da Vida
Divaldo
P. Franco por Joanna de Ângelis