Emmanuel
A felicidade que pode realmente não existir na Terra, enquanto a
Terra padecer a dolorosa influenciação de um só gemido de sofrimento, pode
existir na alma humana, quando a criatura compreender que a felicidade verdadeira
é sempre aquela que conseguimos criar para a felicidade do próximo.
O primeiro passo, porém, para a aquisição de semelhante riqueza
é o nosso entendimento das leis que nos regem, para que o egoísmo e a ambição
não nos assaltem a vida.
O negociante que armazena toneladas de arroz, com o propósito de
lucro fácil, não poderá ingeri-lo, senão na quantidade de alguns gramas por
refeição.
O dono da fábrica de tecidos, interessado em reter o agasalho
devido a milhões, não vestirá senão um costume exclusivo para resguardar-se
contra a intempérie.
E o proprietário de extensas vilas, que delibera locupletar-se
com o suor dos próprios irmãos, não poderá habitar senão uma casa só e ocupar,
dentro dela, um só aposento para o seu próprio repouso.
Tudo na existência está subordinado a princípios que não podemos
desrespeitar sem dano para nós mesmos, e, por esse motivo, a felicidade pura e
simples é aquela que sabe retirar da vida os seus dons preciosos sem qualquer
insulto ao direito ou à necessidade dos semelhantes.
Assim, pois, tudo aquilo que amontoamos, no mundo, em torno de
nós, a pretexto de desfrutar privilégios e favores com prejuízo dos outros,
redunda sempre em perigosa ilusão a envenenar-nos o espírito.
Felicidade é como qualquer recurso que só adquire valor quando
em circulação em benefício de todos.
Em razão disso, saibamos dar do que somos e a distribuir daquilo
que retemos, em favor dos que nos partilham a marcha, porque somente a
felicidade que se divide é aquela que realmente se multiplica para ser nossa
alegria e nossa luz, aqui e além, hoje e sempre.
Do livro
Inspiração", Emmanuel, Francisco Cândido Xavier
Nenhum comentário:
Postar um comentário