Quando Jesus recomendou o crescimento simultâneo do joio e do
trigo, não quis senão demonstrar a sublime tolerância celeste, no quadro das
experiências da vida.
O Mestre nunca subtraiu as oportunidades de crescimento e
santificação do homem e, nesse sentido, o próprio mal, oriundo das paixões
menos dignas, é pacientemente examinado por seu infinito amor, sem ser
destruído de pronto.
Importa considerar, portanto, que o joio não cresce por
relaxamento do Lavrador Divino, mas sim porque o otimismo do Celeste Semeador
nunca perde a esperança na vitória final do bem.
O campo do Cristo é região de atividade incessante e intensa.
Tarefas espantosas mobilizam falanges heroicas; contudo, apesar da dedicação e
da vigilância dos trabalhadores, o joio surge, ameaçando o serviço.
Jesus, porém, manda aplicar processos defensivos com base na
iluminação e na misericórdia. O tempo e a bênção do Senhor agem devagarinho e
os propósitos inferiores se transubstanciam.
O homem comum ainda não dispõe de visão adequada para
identificar a obra renovadora. Muitas plantas espinhosas ou estéreis são
modificadas em sua natureza essencial pelos filtros amorosos do Administrador
da Seara, que usa afeições novas, situações diferentes, estímulos inesperados
ou responsabilidades ternas que falem ao coração; entretanto, se chega a época
da ceifa, depois do tempo de expectativa e observação, faz-se então necessária
a eliminação do joio em molhos.
A colheita não é igual para todas as sementes da terra. Cada
espécie tem o seu dia, a sua estação.
Eis por que, aparecendo o tempo justo, de cada homem e de cada
coletividade exige-se a extinção do joio, quando os processos transformadores
de Jesus foram recebidos em vão. Nesse instante, vemos a individualidade ou o
povo a se agitarem através de aflições e hecatombes diversas, em gritos de
alarme e socorro, como se estivessem nas sombras de naufrágio inexorável. No
entanto, verifica-se apenas a destruição de nossas aquisições ruinosas ou
inúteis. E, em vista do joio ser atado, aos molhos, uma dor nunca vem sozinha.
Livro: Vinha de Luz.
Francisco C. Xavier por Emmanuel
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