Aquilo que sai da boca — diz-nos o Evangelho — precisa merecer-nos tratamento especial.
-x-
As viandas com que o homem,
muitas vezes, ameaça a própria saúde, prejudicam apenas a ele mesmo, quando a
frase contundente ou o grito de cólera podem alcançar toda uma assembleia de
corações, determinando enfermidade e desequilíbrio.
-x-
É pela boca que vazamos da alma
desprevenida os tóxicos da maledicência e é ainda por ela que arrojamos de
nosso desespero os espinhos da discórdia que levantam trincheiras sombrias,
entre irmãos chamados por Jesus à sementeira do amor.
-x-
É da boca que saltam de nosso
sentimento mal conduzido as serpentes invisíveis da calúnia, envenenando a vida
por onde passam e é ainda por intermédio dela que operamos o exame insensato
das consciências alheias, apressando julgamentos da esfera exclusiva d’Aquele
Justo Juiz que prendeu a morte na cruz para não condenar-nos em toda a extensão
de nossas fraquezas.
-x-
Mas também é pela boca que
exteriorizamos a ternura e a compreensão que restauram e fortalecem e é ainda
por ela que externamos a fraternidade que nos imanta uns aos outros, à frente
da Lei.
-x-
É pela boca que aprendemos a
auxiliar aos nossos semelhantes e é ainda por ela que clamamos para o Céu,
suplicando socorro e misericórdia.
-x-
Vejamos, assim, o que fazemos
da palavra para que a palavra não nos destrua.
-x-
Mobilizemos nossos valores
verbalísticos na exaltação do bem, com esquecimento de todo o mal.
-x-
A língua revela o conteúdo do
coração.
-x-
Saibamos, então, modular nossa
voz na bênção da serenidade e elevar nossa frase sobre o pedestal do amor que
nos cabe estender ao próximo.
-x-
Caridade que não sabe começar
pela boca dificilmente se expressará com segurança, através das mãos.
-x-
Entronizemos o verbo respeitoso
e digno em nosso campo íntimo e estruturemos nossa frase no santo estímulo ao
melhor que possuímos, para que possamos receber dos outros o melhor que possuem
e estaremos com Jesus, construindo pela nossa conversação os sólidos alicerces
de nossa alegria e de nossa paz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário