Ninguém menospreze a expressão animal da vida humana, a pretexto
de preservar-se na santidade.
A imersão da mente nos fluidos terrestres é uma oportunidade de
sublimação que o espírito operoso e desperto transforma em estruturação de
valores eternos.
A sementeira comum é símbolo perfeito.
O gérmen lançado à cova escura sofre a ação dos detritos da
terra, afronta a lama, o frio, a resistência do chão, mas em breve se converte
em verdura e utilidade na folhagem, em perfume e cor nas flores e em alimento e
riqueza nos frutos.
Compreendamos, pois, que a semente não estacionou. Rompeu todos
os obstáculos e, sobretudo, obedeceu à influência da luz que a orientava para
cima, na direção do Sol.
A cova do corpo é também preciosa para a lavoura espiritual,
quando nos submetemos à lei que nos induz para o Alto.
Toda criatura provisoriamente algemada à matéria pode aproveitar
o tempo na criação de espiritualidade divina.
O apóstolo, todavia, é muito claro quando emprega o termo
“semeia-se”. Quem nada planta, quem não trabalha na elevação da própria vida,
coagula a atividade mental e rola no tempo à maneira do seixo que avança quase
inalterável, a golpes inesperados da natureza.
Quem cultiva espinhos, naturalmente alcançará espinheiros.
Mas, o coração prevenido que semeia o bem e a luz, no solo de si
mesmo, espere, feliz, a colheita da glória espiritual.
Vinha de Luz. Francisco
C. Xavier por Emmanuel