domingo, 31 de dezembro de 2023

NO CAMPO FÍSICO

 

“Semeia-se corpo animal, ressuscitará
corpo espiritual.” - Paulo. (I Coríntios, 15:44) 

Ninguém menospreze a expressão animal da vida humana, a pretexto de preservar-se na santidade.

A imersão da mente nos fluidos terrestres é uma oportunidade de sublimação que o espírito operoso e desperto transforma em estruturação de valores eternos.

A sementeira comum é símbolo perfeito.

O gérmen lançado à cova escura sofre a ação dos detritos da terra, afronta a lama, o frio, a resistência do chão, mas em breve se converte em verdura e utilidade na folhagem, em perfume e cor nas flores e em alimento e riqueza nos frutos.

Compreendamos, pois, que a semente não estacionou. Rompeu todos os obstáculos e, sobretudo, obedeceu à influência da luz que a orientava para cima, na direção do Sol.

A cova do corpo é também preciosa para a lavoura espiritual, quando nos submetemos à lei que nos induz para o Alto.

Toda criatura provisoriamente algemada à matéria pode aproveitar o tempo na criação de espiritualidade divina.

O apóstolo, todavia, é muito claro quando emprega o termo “semeia-se”. Quem nada planta, quem não trabalha na elevação da própria vida, coagula a atividade mental e rola no tempo à maneira do seixo que avança quase inalterável, a golpes inesperados da natureza.

Quem cultiva espinhos, naturalmente alcançará espinheiros.

Mas, o coração prevenido que semeia o bem e a luz, no solo de si mesmo, espere, feliz, a colheita da glória espiritual.

 

 

Vinha de Luz. Francisco C. Xavier por Emmanuel

sábado, 30 de dezembro de 2023

NO SUSTENTO DA PAZ


"Vivei em Paz uns com os outros"
– Paulo (I Tessalonicenses, 5:13.) 

Costumamos referir-nos à guerra, qual se ela fosse um fenômeno de teratologia política, exclusivamente atribuível aos desmandos de ditadores cruéis, quando todos somos intimados pela vida ao sustento da Paz.

 

Todos agimos uns sobre os outros e, ainda que a nossa influência pessoal se nos figure insignificante, ela não é menos viva na preservação da harmonia geral.

 

A floresta é um espetáculo imponente da natureza, mas não se agigantou sem o concurso de sementes pequeninas.

 

Nossa deficiência de análise, quanto à contribuição individual no equilíbrio comum, nasce, via de regra, da aflição doentia com que aguardamos ansiosamente os resultados de nossas ações, sequiosos de destaque pessoal no imediatismo da Terra; isso faz com que procedamos, à maneira de alguém que se decidisse a levantar uma casa com total menosprezo pelas pedras, tijolos, parafusos e vigas, aparentemente sem importância, quando isoladamente considerados, mas indispensáveis à construção.

 

Habituamo-nos, frequentemente, a maldizer o irmão que se fez delinquente, com absoluta descaridade para com a debilitação de caráter a que chegou, depois de longo processo obsessivo que lhe corroeu a resistência moral, quase sempre após fugirmos da providência fraterna ou da simples conversação esclarecedora, capazes de induzi-lo à vitória sobre as tentações que o levaram à falta consumada.

 

Lideramos reclamações contra o estridor de buzinas na via pública e não nos pejamos das maneiras violentas com que abalamos os nervos de quem nos ouve.

 

Todos somos chamados à edificação da Paz que, aliás, prescinde de qualquer impulso vinculado às atividades de guerra e que, paradoxalmente, depende de nossa luta por melhorar-nos e educar-nos, de vez que Paz não é inércia e sim esforço, devotamento, trabalho e vigilância incessantes a serviço do bem. Nenhum de nós está dispensado de auxiliar-lhe a defesa e a sustentação, porquanto, muitas vezes, a tranquilidade coletiva jaz suspensa de um minuto de tolerância, de um gesto, de uma frase, de um olhar...

 

Não te digas, pois, inabilitado a contribuir na Paz do mundo.

 

Se não admites o poder e o valor dos recursos chamados menores no engrandecimento da vida, faze um palácio diante de vigorosa central elétrica e procura dotá-lo de luz e força sem a tomada.

 

(Francisco Cândido Xavier por Emmanuel.
In: Palavras de Vida Eterna)

sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

CADÁVERES



“Pois onde estiver o cadáver, ai se ajuntarão
as águias.” (Mateus, 24:28) 

Apresentando a imagem do cadáver e das águias, referia-se o Mestre à necessidade dos homens penitentes, que precisam recursos de combate à extinção das sombras em que se mergulham.

Não se elimina o pântano, atirando-lhe flores.

Os corpos apodrecidos no campo atraem corvos que os devoram.

Essa figura, de alta significação simbológica, é dos mais fortes apelos do Senhor, conclamando os servidores do Evangelho aos movimentos do trabalho santificante.

Em vários círculos do Cristianismo renascente surgem os que se queixam, desalentados, da ação de perseguidores, obsessores e verdugos visíveis e invisíveis.

Alguns aprendizes se declaram atados à influência deles e confessam-se incapazes de atender aos desígnios de Jesus.

Conviria, porém, muita ponderação, antes de afirmativas desse jaez, que apenas acusam os próprios autores.

É imprescindível lembrar sempre que as aves impiedosas se ajuntarão em torno de cadáveres ao abandono.

Os corvos se aninham noutras regiões, quando se alimpa o campo em que permaneciam.

Um homem que se afirma invariavelmente infeliz fornece a impressão de que respira num sepulcro; todavia, quando procura renovar o próprio caminho, as aves escuras da tristeza negativa se afastam para mais longe.

Luta contra os cadáveres de qualquer natureza que se abriguem em teu mundo interior. Deixa que o divino sol da espiritualidade te penetre, pois, enquanto fores ataúde de coisas mortas, serás seguido, de perto, pelas águias da destruição.

 

Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

TU E TUA CASA


“E eles disseram: Crê no Senhor Jesus-Cristo,
e serás salvo, tu e a tua casa.” – (Atos, 16:31) 

Geralmente, encontramos discípulos novos do Evangelho que se sentem profundamente isolados no centro doméstico, no capítulo da crença religiosa.

Afirmam-se absolutamente sós, sob o ponto de vista da fé. E alguns, despercebidos de exame sério, tocam a salientar o endurecimento ou a indiferença dos corações que os cercam. Esse reporta-se à zombaria de que é vítima, aquele outro acusa familiares ausentes.

Tal incompreensão, todavia, demonstra que os princípios evangélicos lhes enfeitam a zona intelectual, sem lhes penetrarem o âmago do coração.

Por que salientar os defeitos alheios, olvidando, por nossa vez, o bom trabalho de retificação que nos cabe, no plano da bondade oculta?

O conselho apostólico é profundamente expressivo.

No lar onde exista uma só pessoa que creia sinceramente em Jesus e se lhe adapte aos ensinamentos redentores, pavimentando o caminho pelos padrões do Mestre, aí permanecerá a suprema claridade para a elevação.

Não importa que os progenitores sejam descrentes, que os irmãos se demorem endurecidos, nem interessam a ironia, a discussão áspera ou a observação ingrata.

O cristão, onde estiver, encontra-se no domicílio de suas convicções regenerativas, para servir a Jesus, aperfeiçoando e iluminando a si mesmo.

Basta uma estaca para sustentar muitos ramos. Uma pedra angular equilibra um edifício inteiro.

Não te esqueças, pois, de que se verdadeiramente aceitas o Cristo e a Ele te afeiçoas, serás conduzido para Deus, tu e tua casa.

 

 

Livro: Vinha de Luz. Francisco C. Xavier por Emmanuel

quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

TEU RECOMEÇO


    A cada momento podes recomeçar uma tarefa edificante que  ficou interrompida. Nunca é tarde para fazê-lo; todavia, é muito danoso não lhe dar prosseguimento.

    Parar uma atividade por motivos superiores às forças é fenômeno natural. Deixá-la ao abandono é falência moral.

    A vida é constituída de desafios constantes. Sai-se de um para outro em escala ascendente de valores e conquistas intelectos-morais.

    Sempre há que se começar a vida de novo.

    Uma decepção que parece matar as aspirações superiores; um insucesso que se afigura como um desastre total; um ser querido que morreu e deixou uma lacuna impreenchível; uma enfermidade cruel que esfacelou as resistências; um vício que, por pouco, não conduziu à loucura; um prejuízo financeiro que anulou todas as futuras aparentes possibilidades; uma traição que poderia ter-te levado ao suicídio, são apenas motivos para recomeçar de novo e nunca para se desistir de lutar.

    Não houvesse esses fenômenos negativos na convivência humana, no atual estágio de desenvolvimento das criaturas, e os estímulos para o progresso e a libertação seriam menores.

    Colhido nas malhas de qualquer imprevisto ou já esperado  problema aterrador, tem calma e medita, ao invés de te deixares arrastar pela convulsão que se irá estabelecer. Refugia-te na oração, a fim de ganhares força e inspiração divina.

    Como tudo passa, isto também passará, e, quando tal acontecer, faze teu recomeço, a princípio, com cautela, parcimonioso, até que te reintegre novamente na ação plenificadora.

    Teu recomeço é síndrome de próxima felicidade.


(Divaldo P. Franco/Joanna de Ângelis. En: Filho de Deus)

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

RAZÃO DOS APELOS


“Pelo que, sendo chamado, vim sem contradizer.
Pergunto pois: por que razão mandastes
chamar-me?” Pedro (Atos, 10:29)

A pergunta de Pedro ao centurião Cornélio é traço de grande significação nos atos apostólicos.

O funcionário romano era conhecido por suas tradições de homem caridoso e reto, invocava a presença do discípulo de Jesus atendendo a elevadas razões de ordem moral, após generoso alvitre de um emissário do Céu e, contudo, atingindo-lhe o círculo doméstico, o ex-pescador de Cafarnaum interroga, sensato:

– “Por que razão mandastes chamar-me?”

Simão precisava conhecer as finalidades de semelhante exigência, tanto quanto o servidor vigilante necessita saber onde pisa e com que fim é convocado aos campos alheios.

Esse quadro expressivo sugere muitas considerações aos novos aprendizes do Evangelho.

Muita gente, por ouvir referências a esse ou àquele Espírito elevado costuma invocar-lhe a presença nas reuniões doutrinárias.

A resolução, porém, é intempestiva e desarrazoada.

Por que reclamar a companhia que não merecemos?

Não se pode afirmar que o impulso se filie à leviandade, entretanto, precisamos encarecer a importância das finalidades em jogo.

Imaginai-vos chamando Simão Pedro a determinado círculo de oração e figuremos a aquiescência do venerável apóstolo ao apelo. Naturalmente, sereis obrigados a expor ao grande emissário celestial os motivos da requisição. E, pautando no bom senso as nossas atitudes mentais, indaguemos de nós mesmos se possuímos bastante elevação para ver, ouvir e compreender-lhe o espírito glorioso.

Quem de nós responderá afirmativamente? Teremos, assim, suficiente audácia de invocar o sublime Cefas, tão somente para ouvi-lo falar?


Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

A MULHER ANTE O CRISTO


Toda vez nos disponhamos a considerar a mulher em plano inferior, lembremo-nos dela, ao tempo de Jesus...

Há vinte séculos, com exceção das patrícias do Império, quase todas as companheiras do povo, na maioria das circunstâncias, sofriam extrema abjeção, convertidas em alimárias de carga, quando não fossem vendidas em hasta pública.

http://www.institutoandreluiz.org/ani_coracao_pratinha.gif

Tocadas, porém, pelo verbo renovador do Divino Mestre, ninguém respondeu com tanta lealdade e veemência aos apelos celestiais...

http://www.institutoandreluiz.org/ani_coracao_pratinha.gif

Entre as que haviam descido aos vales da perturbação e da sombra, encontramos em Madalena o mais alto testemunho de soerguimento moral, das trevas para a luz; e entre as que se mantinham no monte do equilíbrio doméstico, surpreendemos em Joana de Cusa o mais nobre expoente de concurso e fidelidade.
Atraídas pelo amor puro, conduziam à presença do Senhor os aflitos e os mutilados, os doentes e as crianças. E, embora não lhe integrassem o circulo apostólico, foram elas — representadas nas filhas anônimas de Jerusalém — as únicas demonstrações de solidariedade espontânea que o visitaram, desassombradamente, sob a cruz do martírio, quando os próprios discípulos debandavam.

http://www.institutoandreluiz.org/ani_coracao_pratinha.gif

Mais tarde, junto aos continuadores da Boa-Nova, sustentaram-se no mesmo nível de elevação e de entendimento.
Dorcas, a costureira jopense, depois de amparada por Simão Pedro, fez-se mais ativa colaboradora da assistência aos infortunados. Febe é a mensageira da epístola de Paulo de Tarso aos romanos. Lídia, em Filipos, é a primeira mulher com suficiente coragem para transformar a própria casa em santuário do Evangelho nascituro. Lóide e Eunice, parentas de Timóteo, eram padrões morais da fé viva.

http://www.institutoandreluiz.org/ani_coracao_pratinha.gif

Entretanto, ainda que semelhantes heroínas não tivessem de fato existido, não podemos olvidar que, um dia, buscando alguém no mundo para exercer a necessária tutela sobre a vida preciosa do Embaixador Divino, o Supremo Poder do Universo não hesitou em recorrer à abnegada mulher, escondida num lar apagado e simples...
Humilde, ocultava a experiência dos sábios; frágil como o lírio, trazia consigo a resistência do diamante; pobre entre os pobres, carreava na própria virtude os tesouros incorruptíveis do coração, e, desvalida entre os homens, era grande e prestigiosa perante Deus.

http://www.institutoandreluiz.org/ani_coracao_pratinha.gif

Eis o motivo pelo qual, sempre que o raciocínio nos induza a ponderar quanto à glória do Cristo — recordando, na Terra, a grandeza de nossas próprias mães —, nós nos inclinaremos, reconhecidos e reverentes, ante a luz imarcescível da Estrela de Nazaré.

 

EMMANUEL

 


(Do livro "Religião dos Espíritos", FCXavier, FEB, Reunião pública de 3/8/59, Questão nº 817)

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

PLATAFORMA DO MESTRE

 

“Ele salvará seu povo dos pecados
deles.” – (Mateus, 1:21) 

Em verdade, há dois mil anos, o povo acreditava que Jesus seria um comandante revolucionário, como tantos outros, a desvelar-se por reivindicações políticas, à custa da morte, do suor e das lágrimas de muita gente.

Ainda hoje, vemos grupos compactos de homens indisciplinados que, administrando ou obedecendo, se reportam ao Cristo, interpretando-o qual se fora patrono de rebeliões individuais, sedento de guerra civil.

Entretanto, do Evangelho não transparece qualquer programa nesse sentido.

Que Jesus é o Divino Governador do Planeta não podemos duvidar. O que fará Ele do mundo redimido ainda não sabemos, porque ao soldado humílimo são defesos os planos do General.

A Boa Nova, todavia, é muito clara, quanto à primeira plataforma do Mestre dos mestres. Ele não apresentava títulos de reformador dos hábitos políticos, viciados pelas más inclinações de governadores e governados de todos os tempos.

Anunciou-nos a celeste revelação que Ele viria salvar-nos de nossos próprios pecados, libertar-nos da cadeia de nossos próprios erros, afastando-nos do egoísmo e do orgulho que ainda legislam para o nosso mundo consciencial.

Achamo-nos, até hoje, em simples fase de começo de apostolado evangélico - Cristo libertando o homem das chagas de si mesmo, para que o homem limpo consiga purificar o mundo.

O reino individual que puder aceitar o serviço liberatório do Salvador encontrará a vida nova.

  

Livro: Vinha de Luz. Francisco C. Xavier por Emmanuel

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

A PREGUIÇA


A preguiça é um grave defeito da vontade, caracterizando-se pela falta de impulso para o trabalho.

Muitos preguiçosos são francamente do “dolce far niente”. Sua filosofia é: “plantando, dá; não plantando, dão; então, não planto, não.”

.......

Jesus condena, com veemência, a ociosidade e a preguiça, ao mesmo tempo que exalta o espírito de trabalho, estimulando-o com reiteradas promessas de recompensa.

Haja vista a parábola dos trabalhadores e das diversas horas do trabalho, a dos dois filhos, a das dez virgens, a dos talentos, a do servo vigilante etc.

Não bastasse o testemunho de sua própria vida, que foi um belíssimo exemplo de trabalho, quer como humilde carpinteiro na oficina de José, quer como carinhoso médico dos enfermos e sofredores de todos os matizes, quer ainda como incansável arauto da Boa Nova, assim se expressou Ele certa vez: “Meu Pai até agora não cessa de trabalhar e eu obro também incessantemente.” (João, 5:7)

.......

A Doutrina Espírita, estendendo e aprofundando os ensinamentos evangélicos, adverte-nos que “cada um terá que dar contas da inutilidade voluntária de sua existência, inutilidade sempre fatal à felicidade futura”, e que, para garantir uma boa situação no mundo espiritual, “não basta que o homem não pratique o mal, cumprindo-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo o mal que haja resultado de não haver praticado o bem.”

Saibamos, portanto, aproveitar todos os instantes de nossa vida, empregando-os em alto útil, para que, ao se findarem nossos dias à face da Terra, possamos ser incluídos entre aqueles que as vozes do Céu proclamam bem-aventurados, “porque suas obras o acompanham” (Apoc., 14:13)

 


De “Páginas de Espiritismo Cristão”, de Rodolfo Calligaris

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

DIA-A-DIA


            Nas curtas viagens do dia-a-dia, todos nós encontramos o próximo, para cuja dificuldade somos o próximo mais próximo.

            Imaginemo-nos, assim, numa excursão de cem passos que nos transporte do lar à rua. Não longe, passa um homem que não conseguimos, de imediato, reconhecer.
            “Quem será?” — perguntamos em pensamento.
            E a Lei de Amor no-lo aponta como alguém que precisa de algo:
            se vive em penúria, espera socorro;
            se abastado, solicita assistência moral, de maneira a empregar, com justiça, as sobras de que dispõe;
            se aflito, pede consolo;
            se alegre, reclama apreço fraterno, para manter-se ajustado à ponderação;
            se é companheiro, aguarda concurso amigo;
            se é adversário, exige respeito;
            se benfeitor, requer cooperação;
            se malfeitor, demanda piedade;
            se doente, requisita remédio;
            se é dono de razoável saúde, precisa de apoio a fim de que a preserve;
            se ignorante, roga amparo educativo;
            se culto, reivindica estímulo ao trabalho, para desentranhar, a benefício dos semelhantes, os tesouros que acumula na inteligência;
            se é bom, não prescinde de auxílio para fazer-se melhor;
            se é menos bom, espera compaixão, que o integre na divindade da vida.
            Ante o ensino de Jesus, pelo samaritano da caridade, poderemos facilmente entender que os outros necessitam de nós, tanto quanto necessitamos dos outros. E, para atender às nossas obrigações, no socorro mútuo, comecemos, à frente de qualquer um, pelo exercício espontâneo da compreensão e da simpatia.


(Livro: Caminho Espírita. Francisco Cândido Xavier por Emmanuel)

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

REENCARNAÇÃO


Estudos e dissertações em torno da substância

religiosa de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec,

pelo Espírito Emmanuel. Questão Nr. 617

 

        Reencarnação nem sempre é sucesso expiatório, como nem toda luta no campo físico expressa punição

        Suor na oficina é acesso à competência.

        Esforço na escola é aquisição de cultura.

        Porque alguém se consagre hoje à medicina, não quer isso dizer que haja ontem semeado moléstias e sofrimentos.

        Muitas vezes, o Espírito, para senhorear o domínio das ciências que tratam do corpo, voluntariamente lhes busca o trato difícil, no rumo de mais elevada ascensão.

        Porque um homem se dedique presentemente às atividades da engenharia, não exprime semelhante escolha essa ou aquela dívida do passado na destruição dos recursos da Terra.

        Em muitas ocasiões, o Espírito elege esse gênero de trabalho, tentando crescer no conhecimento das leis que regem o plano material, em marcha para mais altos postos na Vida Superior.

        Entretanto, se o médico ou o engenheiro sofrem golpes mortais no exercício da profissão a que se devotam, decerto nela possuem serviço reparador que é preciso atender na pauta das corrigendas necessárias e justas.

        Toda restauração exige dificuldades equivalentes.

        Todo valor evolutivo reclama serviço próprio.

        Não existe sem preço.

        Por esse motivo, se as paixões gritam jungidas aos flagelos que lhes extinguem a sombra, as tarefas sublimes fulgem ligadas às renunciações que lhes acendem a luz.

        À vista disso, não te habitues a medir as dores alheias pelo critério da expiação, porque, quase sempre, almas heroicas que suportam o fogo constantes das grandes dores morais, no sacrifício do lar ou nas lutas do povo, apenas obedecem aos impulsos do bem excelso, a fim de que a negação do homem seja bafejada pela esperança de Deus.

        Recorda que, se fosses arrebatado ao Céu, não tolerarias o gozo estanque, sabendo que os teus filhos se agitam no torvelinho infernal. De imediato, solicitarias a descida aos tormentos da treva para ajudá-los na travessia da angústia...

        Lembra-te disso e compreenderás, por fim, a grandeza do Cristo que, sem débito algum, condicionou-se às nossas deficiências, aceitando, para ajudar-nos, a cruz dos ladrões, para que todos consigamos, na glória de seu amor, soerguer-nos da morte no erro à bênção da Vida Eterna.

 

 

De “Religião dos Espíritos”

de Francisco Cândido Xavier

pelo Espírito Emmanuel

POSSE

Aquilo de que abrimos mão é o que verdadeiramente nos pertence.   Quem se nega aos outros não tem a posse de si mesmo.   Jesus, sobr...