“Não
ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a
ferrugem
os consomem, e onde os ladrões penetram e roubam...”
(Mateus:
capítulo 6º, versículo 19)
Desprendimento na qualidade de desapego, não de estroinice
nem dissipação.
Todo e qualquer motivo que ata à retaguarda sob
condicionamentos retentivos se transforma em cadeia escravizante.
Os objetos a que o homem se apega valem os preços
que lhes são emprestados, constituindo-se elos a impedirem o avanço do
possuidor, na direção do futuro...
Desapego, portanto, em forma de libertação do liame
pessoal egoístico e tormentoso que constitui presídio e patíbulo para quem se
fixa negativamente como para aquele que se faz sua vítima afetiva.
Libertar-se das aflições constritivas, asfixiantes,
para marchar com segurança.
Doa com alegria quanto possas, generosamente.
O que distribuis com equilíbrio e lucidez
multiplica-se, o que reténs reduz-se.
Abundância, como excesso engendram miséria e
loucura.
Distende assim, mão generosa na alfândega da
fraternidade, mas libera-te da emotividade desregrada, da posse afetuosa a
objetos, animais e pessoas, porquanto mais carinhos que te mereçam, mais
devoção que lhes dês, chegará o dia de atravessares o portal do túmulo,
fazendo-o em soledade, livre de amarras ou jungido ao que se demorará, a
desgastar-se pela ferrugem, pelo azinhavre, corroído ou simplesmente em
trânsito por outras mãos ante a tua tormentosa impossibilidade de reter e
interferir.
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