sexta-feira, 30 de setembro de 2022

MEDIUNIDADE

 
“E nos últimos dias acontecerá, diz o Senhor,
que do meu Espírito derramarei sobre
toda carne; os vossos filhos e as vossas
filhas profetizarão, vossos mancebos
terão visões e os vossos velhos sonharão
sonhos.” (ATOS, 2: 17)
 

No dia de Pentecostes, Jerusalém estava repleta de forasteiros. Filhos da Mesopotâmia, da Frígia, da Líbia, do Egito, cretenses, árabes, partos e romanos se aglomeravam na praça extensa, quando os discípulos humildes do Nazareno anunciaram a Boa Nova, atendendo a cada grupo da multidão em seu idioma particular.

Uma onda de surpresa e de alegria invadiu o espírito geral.

Não faltaram os cépticos, no divino concerto, atribuindo à loucura e à embriaguez a revelação observada.

Simão Pedro destaca-se e esclarece que se trata da luz prometida pelos céus à escuridão da carne.

Desde esse dia, as claridades do Pentecostes jorraram sobre o mundo, incessantemente. Até aí, os discípulos eram frágeis e indecisos, mas, dessa hora em diante, quebram as influências do meio, curam os doentes, levantam o espírito dos infortunados, falam aos reis da Terra em nome do Senhor.

O poder de Jesus se lhes comunicara às energias reduzidas.

Estabelecera-se a era da mediunidade, alicerce de todas as realizações do Cristianismo, através dos séculos.

Contra o seu influxo, trabalham, até hoje, os prejuízos morais que avassalam os caminhos do homem, mas é sobre a mediunidade, gloriosa luz dos céus oferecida às criaturas, no Pentecostes, que se edificam as construções espirituais de todas as comunidades sinceras da Doutrina do Cristo e é ainda ela que, dilatada dos apóstolos ao círculo de todos os homens, ressurge no Espiritismo cristão, como a alma imortal do Cristianismo redivivo.

 

Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Caminho, Verdade e Vida

quinta-feira, 29 de setembro de 2022

NEGÓCIOS

 

“E ele lhes disse: Por que me procuráveis?
Não sabíeis que me convém tratar dos
negócios de meu Pai?” (LUCAS, 2: 49)
 

O homem do mundo está sempre preocupado pelos negócios referentes aos seus interesses efêmeros.

Alguns passam a existência inteira observando a cotação das bolsas.

Absorvem-se outros no estudo dos mercados.

Os países têm negócios internos e externos. Nos serviços que lhes dizem respeito, utilizam-se maravilhosas atividades da inteligência. Entretanto, apesar de sua feição respeitável, quando legítimas, todos esses movimentos são precários e transitórios. As bolsas mais fortes sofrerão crises; o comércio do mundo é versátil e, por vezes, ingrato.

São muito raros os homens que se consagram aos seus interesses eternos.

Frequentemente, lembram-se disso, muito tarde, quando o corpo permanece a morrer. Só então, quebram o esquecimento fatal.

No entanto, a criatura humana deveria entender na iluminação de si mesma o melhor negócio da Terra, porquanto semelhante operação representa o interesse da Providência Divina, a nosso respeito.

Deus permitiu as transações no planeta, para que aprendamos a fraternidade nas expressões da troca, deixou que se processassem os negócios terrenos, de modo a ensinar-nos, através deles, qual o maior de todos. Eis por que o Mestre nos fala claramente, nas anotações de Lucas: — “Não sabíeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?”

 

Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Caminho, Verdade e Vida

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

EM FAMÍLIA

 
“Aprendam primeiro a exercer piedade para
com a sua própria família e a recompensar seus
pais, porque isto é bom e agradável diante
de Deus.” Paulo (I Timóteo, 5:4)
  

A luta em família é problema fundamental da redenção do homem na Terra.

Como seremos benfeitores de cem ou mil pessoas, se ainda não aprendemos a servir cinco ou dez criaturas? Esta é indagação lógica que se estende a todos os discípulos sinceros do Cristianismo.

Bom pregador e mau servidor são dois títulos que se não coadunam.

O apóstolo aconselha o exercício da piedade no centro das atividades domésticas, entretanto, não alude à piedade que chora sem coragem ante os enigmas aflitivos, mas àquela que conhece as zonas nevrálgicas da casa e se esforça por eliminá-las, aguardando a decisão divina a seu tempo.

Conhecemos numerosos irmãos que se sentem sozinhos, espiritualmente, entre os que se lhes agregaram ao círculo pessoal, através dos laços consangüíneos, entregando-se, por isso, a lamentável desânimo.

É imprescindível, contudo, examinar a transitoriedade das ligações corpóreas, ponderando que não existem uniões casuais no lar terreno. Preponderam aí, por enquanto, as provas salvadoras ou regenerativas. Ninguém despreze, portanto, esse campo sagrado de serviço por mais se sinta acabrunhado na incompreensão.

Constituiria falta grave esquecer-lhe as infinitas possibilidades de trabalho iluminativo.

É impossível auxiliar o mundo, quando ainda não conseguimos ser úteis nem mesmo a uma casa pequena – aquela em que a Vontade do Pai nos situou, a título precário.

Antes da grande projeção pessoal na obra coletiva, aprenda o discípulo a cooperar, em favor dos familiares, no dia de hoje, convicto de que semelhante esforço representa realização essencial.

 

Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

terça-feira, 27 de setembro de 2022

EM CADEIAS

 
“Pelo qual sou embaixador em cadeias; para
que possa falar dele livremente, como me
convém falar.” Paulo (Efésios, 6:20)
  

Observamos nesta passagem o apóstolo dos gentios numa afirmativa que parece contraditória, à primeira vista.

Paulo alega a condição de emissário em cadeias e, simultaneamente, declara que isto ocorre para que possa servir ao Evangelho, livremente, quanto convinha.

O grande trabalhador dirigia-se aos companheiros de Éfeso, referindo-se à sua angustiosa situação de prisioneiro das autoridades romanas; entretanto, por isto mesmo, em vista do difícil testemunho, trazia o espírito mais livre para o serviço que lhe competia realizar.

O quadro é significativo para quantos pretendem a independência econômico-financeira ou demasiada liberdade no mundo, a fim de exemplificarem os ensinamentos evangélicos.

Há muita gente que declara aguardar os dias da abundância material e as facilidades terrestres para atenderem ao idealismo cristão. Isto, contudo, é contrasenso.

O serviço de Jesus se destina a todo lugar.

Paulo, entre cadeias, se sentia mais livre na pregação da verdade.

Naturalmente, nem todos os discípulos estarão atravessando esses montes culminantes do testemunho. Todos, porém, sem distinção, trazem consigo as santas algemas das obrigações diárias no lar, no trabalho comum, na rotina das horas, no centro da sociedade e da família.

Ninguém, portanto, tente quebrar as cadeias em que se encontra, na mentirosa suposição de que se candidatará a melhor posto nas oficinas do Cristo.

Somente o dever bem cumprido nos confere acesso à legítima liberdade.

 

Livro: Pão Nosso. Francisco C. Xavier por Emmanuel

segunda-feira, 26 de setembro de 2022

NO PARAÍSO

 

“E respondeu-lhe Jesus: Em verdade te

digo que hoje estarás comigo no

Paraíso.” – (Lucas, 23:43)

 

À primeira vista, parece que Jesus se inclinou para o chamado bom ladrão, através da simpatia particular.

Mas, não é assim.

O Mestre, nessa lição do Calvário, renovou a definição de paraíso.

Noutra passagem, Ele mesmo asseverou que o Reino Divino não surge com aparências exteriores. Inicia-se, desenvolve-se e consolida-se, em resplendores eternos, no imo do coração.

Naquela hora de sacrifício culminante, o bom ladrão rendeu-se incondicionalmente a Jesus-Cristo. O leitor do Evangelho não se informa, com respeito aos porfiados trabalhos e às responsabilidades novas que lhe pesariam nos ombros, de modo a cimentar a união com o Salvador, todavia, convence-se de que daquele momento em diante o ex-malfeitor penetrará o céu.

O símbolo é formoso e profundo e dá ideia da infinita extensão da Divina Misericórdia.

Podemos apresentar-nos com volumosa bagagem de débitos do passado escuro, ante a verdade; mas desde o instante em que nos rendemos aos desígnios do Senhor, aceitando sinceramente o dever da própria regeneração, avançamos para região espiritual diferente, onde todo jugo é suave e todo fardo é leve. Chegado a essa altura, o espírito endividado não permanecerá em falsa atitude beatífica, reconhecendo, acima de tudo, que, com Jesus, o sofrimento é retificação e as cruzes são claridades imortais.

Eis o motivo pelo qual o bom ladrão, naquela mesma hora, ingressou nas excelsitudes do paraíso.

 

 

 

Pão Nosso. Francisco C. Xavier por Emmanuel

domingo, 25 de setembro de 2022

POBREZA DA ALMA


         Falando de pobreza do espírito, a que se refere o Evangelho, nota-se que muitos confundem o que realmente o Cristo quis dizer. Jesus não iria oferecer as bem-aventuranças para os que eram bem-aventurados. Francisco de Assis, o Poverello iluminado da Úmbria, mostrava uma pobreza externa, com uma finalidade educativa, no comando de uma comunidade religiosa. Mas, era rico por dentro, chamando a pobreza de irmã.

         Os pobres de espírito, na referência do Senhor, são os atribulados, porque pelas atribulações aprendem a se corrigirem; os cheios de problemas, por estarem às portas das transformações, das mudanças de costumes; os que choram, porque logo vem o arrependimento, e procuram libertar-se de um passado acumulado de erros.

         Bem-aventurados são os aflitos que tiram das aflições normas de melhorar a sua própria vida! A riqueza dos sentimentos diante da sociedade humana, para a Terra é pobreza; no entanto, para os Céus são valores imortais.

         Bem-aventurados os pobres de espírito, aqueles que conquistaram a humildade no arrocho da dor!

         Bem-aventurados os tolerantes, os que não revidam o mal com o mal e que já acenderam essa luz no coração, que é deles o reino da paz, no centro da alma!

         Meu filho, procuremos derrubar pelo trabalho digno a falsa riqueza da alma, ganhando a simplicidade cristã com o amor, na sua mais pura irradiação de fraternidade. Não temas a interpretação dos homens a respeito das bem-aventuranças, porque Jesus, na Sua época, foi considerado como vencido pelos detratores; não obstante, para o Comando da vida, foi o vencedor da desarmonia entre a humanidade. Para a nossa segurança, basta a opinião de Deus. Se te chamarem de pobre e ignorante, continua com Jesus, que serás rico nos Céus.

  

 

Bezerra - De “Assimilação Evangélica”

de João Nunes Maia – Espíritos diversos

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

OFENSAS


       Ofensas? Revisemos o nosso próprio comportamento no cotidiano e não se nos fará difícil desculpar a esse ou aquele companheiro, quando nos julguemos feridos por atitudes que hajam tomado contrariamente aos nossos interesses.
       Recordemos quantas vezes teremos desapontado corações amigos com palavras ou gestos que nos escapam, quase que sem qualquer participação de nossa vontade consciente.
       Imaginemos quão felizes nos sentimos, quando alguém perdoa as puerilidades ou agressões daqueles que se nos fazem os entes mais queridos.
       Rememoremos as ocasiões em que fomos vítimas de nossas próprias interpretações errôneas, acerca do procedimento alheio e cultivemos o bem, sistematicamente, porque, em se tratando do mal, é justo observar que unicamente nos identificaremos com o mal, na medida em que o mal se esconde por dentro de nós.

  


Francisco Cândido Xavier por Emmanuel. In: Neste instante

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

SERIA INÚTIL

 


“Respondeu-lhes: Já vo-lo disse e não ouvistes;

para que o quereis tornar a ouvir?” – (João, 9:27)

 

É muito frequente a preocupação de muitos religiosos, no sentido de transformarem os amigos compulsoriamente, conclamando-os às suas convicções particularistas. Quase sempre se empenham em longas e fastidiosas discussões, em contínuos jogos de palavras, sem uma realização sadia ou edificante.

O coração sinceramente renovado na fé, entretanto, jamais procede assim.

É indispensável diluir o prurido de superioridade que infesta o sentimento de grande parte dos aprendizes, tão logo se deixam conduzir a novos portos de conhecimento, nas revelações gradativas da sabedoria divina, porque os discutidores de más inclinações se incumbem de interceptar-lhes a marcha.

A resposta do cego de nascença aos judeus argutos e inquiridores é padrão ativo para os discípulos sinceros.

Lógico que o seguidor de Jesus não negará um esclarecimento acerca do Mestre, mas se já explicou o assunto, se já tentou beneficiar o irmão mais próximo com os valores que o felicitam, sem atingir o alheio entendimento, para que discutir? Se um homem ouviu a verdade e não a compreendeu, fornece evidentes sinais de paralisia espiritual. Ser-lhe-á inútil, portanto, escutar repetições imediatas, porque ninguém enganará o tempo, e o sábio que desafiasse o ignorante rebaixar-se-ia ao título de insensato.

Não percas, pois, as tuas horas através de elucidações minuciosas e repetidas para quem não as pode entender, antes que lhe sobrevenham no caminho o sol e a chuva, o fogo e a água da experiência.

Tens mil recursos de trabalhar em favor de teu amigo, sem provocá-lo ao teu modo de ser e à tua fé.

 

 

Livro: Pão Nosso. Francisco C. Xavier por Emmanuel

quarta-feira, 21 de setembro de 2022

VOCÊ E OS OUTROS


Amigo, atendamos ao apelo da fraternidade.

*

Abra a própria alma às manifestações generosas para com todos os seres, sem trancar-se na torre de falsas situações, à frente do mundo.

*

A pretexto de viver com dignidade, não caminhe indiferente ao passo dos outros.

*

Busque relacionar-se com as pessoas de todos os níveis sociais, erguendo amigos além das fronteiras do lar, da fé religiosa e da profissão.

*

Evite a circunspecção constante e a tristeza sistemática que geram a frieza e sufocam a simpatia.

*

Não menospreze a pessoa mal vestida nem a pessoa bem posta.

*

Não crie exceções na gentileza, para com o companheiro menos experiente ou menos educado, nem humilhe aquele que atenta contra a gramática.

*

Não deixe meses, sem visitar e falar aos irmãos menos favorecidos, como quem lhe ignora os sofrimentos.

*

Não condiciones as relações com os outros ao paletó e à gravata, às unhas esmaltadas ou aos sapatos brilhantes, que possam mostrar.

*

Não se escravize a títulos convencionais nem amplie as exigências da sua posição em sociedade.

*

Dê atenção a quem lha peça, sem criar empecilhos.

*

Trave conhecimento com os vizinhos, sem solenidade e sem propósito de superioridade.

*

Faça amizades desinteressadamente.

*

Aceite o favor espontâneo e preste serviço, também sem pensar em remuneração.

*

Ninguém pode fugir à convivência da Humanidade.

*

Saiba viver com todos, para que o orgulho não lhe solape o equilíbrio.

*

Quem se encastela na própria personalidade é assim como o poço de água parada, que envenena a si mesmo.

*

Seja comunicativo.

*

Sorria à criança.

*

Cumprimente o velhinho.

*

Converse com o doente.

*

Liberte o próprio coração, destruindo as barreiras de conhecimento e fé, título e tradição, vestimenta e classe social, existentes entre você e as criaturas e a felicidade, que você fizer para os outros, será luz da felicidade sempre maior, brilhando em seu caminho.

 

 

Francisco Cândido Xavier por André Luiz. In: Apostilas da Vida

terça-feira, 20 de setembro de 2022

ESPIRITISMO


Espiritismo não é apenas o consolador da Terra. É o renovador do "eu".
Não constitui somente a iluminação das massas. É lâmpada acesa para o coração do homem.
Não é simplesmente Boa Nova no espírito popular.
É nova mensagem de redenção para o indivíduo.
Não é apenas a fonte miraculosa da graça.
É campo de esforço próprio.
Não é somente a técnica de salvação para todos.
É o processo de solução exata aos problemas de cada um.
Não se resume a palácio de princípios sublimes no corpo ciclópico do século.
É caso de trabalho regenerador para cada dia.
Não representa simplesmente a usina poderosa impulsionando a ascensão coletiva.
É motor destinado à elevação pessoal.
Não está circunscrito ao santuário da esperança reconfortante.
É esfera de serviço ativo da nossa redenção individual no supremo bem.
O Espiritismo não é uma religião como outra qualquer, mas sim um método de viver.

Espírito André Luiz/Waldo Vieira. Livro: Sol nas Almas

ORAÇÃO

“Perseverai em oração, velando nela com ação de graças.” Paulo (Colossenses, 4:2) Muitos crentes estimariam movimentar a prece, qu...