Violentado pela desfaçatez do caluniador que levanta acusações infelizes contra o teu esforço de enobrecimento, pensas: “Deus me vingará!”
Aturdido em face da injustiça dos julgamentos apressados que ralam os teus mais
elevados sentimentos, murmuras: “Terei minha vez, oportunamente, e saberei
desforçar-me.”
Apontado pelo sarcasmo de adversários gratuitos, não obstante a cordialidade
que esparzes pelo caminho, reages: “Ver-lhes-ei o fim. Saberei esperar.”
Traídos nos mais sublimes propósitos de fidelidade e amor, não suportas,
e exclamas: “Alguém cobrará por mim”!
Ignorado propositadamente pela pessoa a quem te dedicas e que te retribui a
afeição com o desprezo, exclamas: “Confio no amanhã, que me fará justiça!”
Acoimado pela suspeita da impiedade, azorragado pela maledicência e pelo
remoque, proferes: “São uns miseráveis! Só a morte para tais.”
Em muitas situações, embora os conceitos de amor que lucilam no teu coração,
não suportas as constrições e derrapas nas margens lodosas da vingança, que
assoma em caráter de falso conforto.
Tisna-se, então, a lucidez, perturba-se a esperança e adentra-se no domicílio
da tua mente o tóxico letal do ódio. Violentamente, às vezes, apossa-se da tua
paisagem psíquica; sorrateiramente, outras, imiscui-se e insufla revolta,
terminando por desarranjar a máquina harmoniosa do teu corpo e o programa da
tua vida, infelicitando-te, posteriormente.
Não se turbe, todavia, a tua mente, nem se perturbem os teus sentimentos, ante
as agressões dos frívolos, dos perversos e dos desalmados.
Não sabem o que fazem. São doentes em estágio de avançada enfermidade, estertorando
lamentavelmente.
Não te contagies com eles.
Mantém-te em paz contigo mesmo e não te detenhas.
*
Guardando as mágoas — e na Terra são muitas as dificuldades que surgem
produzindo mal-estares — padecerás sob imundícies e conduzirás fluídos
deletérios.
Se perdoares, porém, prosseguirás em clima de renovação superior e em labor
otimista.
O perdão é sempre mais útil a quem o concede.
Se perdoares o vizinho invigilante, ele se sentirá estimulado a não repetir a experiência
perniciosa: poderá ajudar alguém; concederá ensejo de desculpa a outrem que o
haja ofendido; sentir-se-á confiante para recomeçar tudo e volver atrás,
anulando o erro cometido...
Se perdoares, auxiliarás a comunidade, medicando com amor o indivíduo que está
enfermo a pesar na economia social.
Se
perdoares, olvidando a ofensa e ajudado o malfeitor, terás logrado a comunhão
com o Mestre Inexcedível que, embora incompreendido, traído, abandonado,
martirizado e pregado a duas traves, que eram símbolos de infâmia justiçada,
perdoou os que O esqueceram e prossegue até hoje amando-os, qual faz conosco
próprios, que a cada instante estamos de mil formas, vigorosas ou sutis,
traindo, deturpando, menosprezando, usando indevidamente as sublimes concessões
que fruímos para a redenção espiritual, ainda sem o sucesso que já deveríamos
ter alcançado.
Perdoa, portanto, a fim de seres perdoado.
De
“Celeiro de Bênçãos”, de Divaldo P. Franco,
pelo
Espírito Joanna de Ângelis
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