“Porque,
se viverdes segundo a carne,
morrereis.”
Paulo (Romanos, 8:13)
Para quem vive segundo a carne, isto é, de conformidade com os impulsos
inferiores, a estação de luta terrestre não é mais que uma série de
acontecimentos vazios.
Em todos os momentos, a limitação ser-lhe-á fantasma incessante. Cérebro
esmagado pelas noções negativas, encontrar-se-á com a morte, a cada passo.
Para a consciência que teve a infelicidade de esposar concepções tão
escuras, não passará a existência humana de comédia infeliz.
No sofrimento, identifica uma casa adequada ao desespero.
No trabalho destinado à purificação espiritual, sente o clima da
revolta.
Não pode contar com a bênção do amor, porquanto, em face da apreciação
que lhe é própria, os laços afetivos são meros acidentes no mecanismo dos
desejos eventuais.
A dor, benfeitora e conservadora do mundo, é-lhe intolerável, a
disciplina constituí-lhe angustioso cárcere e o serviço aos semelhantes
representa pesada humilhação.
Nunca perdoa, não sabe renunciar, dói-lhe ceder em favor de alguém e,
quando ajuda, exige do beneficiado a subserviência do escravo.
Desditoso o homem que vive, respira e age, segundo a carne!
Os conflitos da posse atormentam-lhe o coração, por tempo indeterminado,
com o mesmo calor da vida selvagem.
Ai dele, todavia, porque a hora renovadora soará sempre! E, se fugiu à
atmosfera da imortalidade, se asfixiou as melhores aspirações da própria alma,
se escapou ao exercício salutar do sofrimento, se fez questão de aumentar
apetites e prazeres pela absoluta integração com o “lado inferior da vida”, que
poderá esperar do fim do corpo, senão sepulcro, sombra e impossibilidade,
dentro da noite cruel?
Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso
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