quarta-feira, 31 de outubro de 2018

LÓGICA DA PROVIDÊNCIA




“Depois que fostes iluminados,
suportastes grande combate de
aflições.” Paulo (Hebreus, 10:32)


Os cultivadores da fé sincera costumam ser indicados, no mundo, à conta de grandes sofredores.
Há mesmo quem afirme afastar-se deliberadamente dos círculos religiosos, temendo o contágio de padecimentos espirituais.
Os ímpios, os ignorantes e os fúteis exibem-se, espetacularmente, na vida comum, através de traços bizarros da fantasia exterior; todavia, quando se abeiram das verdades celestes, antes de adquirirem acesso às alegrias permanentes da espiritualidade superior, atravessam grandes túneis de tristeza, abatimento e taciturnidade. O fenômeno, entretanto, é natural, porquanto haverá sempre ponderação após a loucura  e remorso depois do desregramento.
O problema, contudo, abrange mais vasto círculo de esclarecimentos.
A misericórdia que se manifesta na Justiça de Deus transcende à  compreensão humana.
O Pai confere aos filhos ignorantes e transviados o direito às experiências mais fortes somente depois de serem iluminados. Só após aprenderem a ver com o espírito eterno é que a vida lhes oferece valores diferentes. Nascer-lhes-á nos corações, daí em diante, a força indispensável ao triunfo no grande combate das aflições.
Os frívolos e oportunistas, não obstante as aparências, são habitualmente almas frágeis, quais galhos secos que se quebram ao primeiro golpe da ventania. Os espíritos nobres, que suportam as tormentas do caminho terrestre, sabem disto.
Só a luz espiritual garante o êxito nas provações.
Ninguém concede a responsabilidade de um barco, cheio de preocupações e perigos, a simples crianças.



Livro: Pão Nosso. Francisco C. Xavier por Emmanuel


segunda-feira, 29 de outubro de 2018

SIGAMOS ATÉ LÁ




“Se vós estiverdes em mim, e as minhas
palavras estiverem em vós, pedireis
tudo o que quiserdes, e vos será feito.”
Jesus (João, 15:7)


Na oração dominical, Jesus ensina aos cooperadores a necessidade de observância plena dos desígnios do Pai.
Sabia o Mestre que a vontade humana é ainda muito frágil e que inúmeras lutas rodeiam a criatura até que aprenda a estabelecer a união com o Divino.
Apesar disso, a lição da prece foi sempre interpretada pela maioria dos crentes como recurso de fácil obtenção do amparo celestial.
Muitos pedem determinados favores e recitam maquinalmente as fórmulas verbais.
Certamente, não podem receber imediata satisfação aos caprichos próprios, porque, no estado de queda ou de ignorância, o espírito necessita, antes de tudo, aprender a submeter-se aos desígnios divinos, a seu respeito.
Alcançaremos, porém, a época das orações integralmente atendidas.
Atingiremos semelhante realização quando estivermos espiritualmente em Cristo. Então, quanto quisermos, ser-nos-á feito, porquanto teremos penetrado o justo sentido de cada coisa e a finalidade de cada circunstância.
Estaremos habilitados a querer e a pedir, em Jesus, e a vida se nos apresentará em suas verdadeiras características de infinito, eternidade, renovação e beleza.
Na condição de encarnados ou desencarnados, ainda estamos caminhando para o Mestre, a fim de que possamos experimentar a união gloriosa com o seu amor. Até lá, trabalhemos e vigiemos para compreender a vontade divina.



Livro: Pão Nosso. Francisco C. Xavier por Emmanuel

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

PERANTE JESUS




“E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o
coração, como ao Senhor, e não aos
homens.” Paulo (Colossenses, 3:23)


A compreensão do serviço do Cristo, entre as criaturas humanas, alcançará mais tarde a precisa amplitude, para a glorificação d’Aquele que nos segue de perto, desde o primeiro dia, esclarecendo-nos o caminho com a divina luz.
Se cada homem culto indagasse de si mesmo, quanto ao fundamento essencial de suas atividades na Terra, encontraria sempre, no santuário interior, vastos horizontes para ilações de valor infinito.
Para quem trabalhou no século? A quem ofereceu o fruto dos labores de cada dia? Não desejamos menoscabar a posição respeitável das pátrias, das organizações, da família e da personalidade; todavia, não podemos desconhecer-lhes a expressão de relatividade no tempo. No transcurso dos anos, as fronteiras se modificam, as leis evolucionam, o grupo doméstico se renova e o homem se eleva para destinos sempre mais altos.
Tudo o que representa esforço da criatura foi realização de si mesma, no quadro de trabalhos permanentes do Cristo. O que temos efetuado nos séculos constitui benefício ou ofensa a nós mesmos, na obra que pertence ao Senhor e não a nós outros.
Legisladores e governados passam no tempo, com a bagagem que lhes é própria, e Jesus permanece a fim de ajuizar da vantagem ou desvantagem da colaboração de cada um no serviço divino da evolução e do aprimoramento.
Administração e obediência, responsabilidades de traçar e seguir são apenas subdivisões da mordomia conferida pelo Senhor aos tutelados.
O trabalho digno é a oportunidade santa. Dentro dos círculos do serviço, a atitude assumida pelo homem honrar-lhe-á ou desonrar-lhe-á a personalidade eterna, perante Jesus Cristo.





Livro: Pão Nosso.
Francisco C. Xavier por Emmanuel

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

EM PEREGRINAÇÃO




"Porque não temos aqui cidade permanente,
mas buscamos a futura." - Paulo. (HEBREUS, 13:14)


    Risível é o instinto de apropriação indébita que assinala a maioria dos homens.
    Não será a Terra comparável a grande carro cósmico, onde se encontra o espírito em viagem educativa?
    Se a criatura permanece na abastança material, apenas excursiona em aposentos mais confortáveis.
    Se respira na pobreza, viaja igualmente com vistas ao mesmo destino, apesar da condição de segunda classe transitória.
    Se apresenta notável figuração física, somente enverga efêmera vestidura de aspecto mais agradável, através de curto tempo, na jornada empreendida.
    Se exibe traços menos belos ou caracterizados de evidentes imperfeições, vale-se de indumentária tão passageira quanto a mais linda roupagem do próximo, na peregrinação em curso.
    Por mais que o impulso de propriedade ateie fogueiras de perturbações e discórdias, na maquinaria do mundo, a realidade é que homem algum possui no chão do Planeta domicílio permanente. Todos os patrimônios materiais a que se atira, ávido de possuir, se desgastam e transformam. Nos bens que incorpora ao seu nome, até o corpo que julga exclusivamente seu, ocorrem modificações cada dia, impelindo-o a renovar-se e melhorar-se para a eternidade.
    Se não estás cego, pois, para as leis da vida, se já despertaste para o entendimento superior, examina, a tempo, onde te deixará, provisoriamente, o comboio da experiência humana, nas súbitas paradas da morte.




Francisco Candido Xavier por Emmanuel. In: Vinha de Luz

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

ÊXITOS E INSUCESSOS




“Sei viver em penúria e sei também viver
em abundância.” Paulo (Filipenses, 4:12)


Em cada comunidade social, existem pessoas numerosas, demasiadamente preocupadas quanto aos sucessos particularistas, afirmando-se ansiosas pelo ensejo de evidência. São justamente as que menos se fixam nas posições de destaque, quando convidadas aos postos mais altos do mundo, estragando, desastradamente, as oportunidades de elevação que a vida lhes confere.
Quase sempre, os que aprenderam a suportar a pobreza é que sabem administrar, com mais propriedade, os recursos materiais.
Por esta razão, um tesouro amontoado para quem não trabalhou em sua posse é, muitas vezes, causa de crime, separatividade e perturbação.
Pais trabalhadores e honestos formarão nos filhos a mentalidade do esforço próprio e da cooperação afetiva, ao passo que os progenitores egoístas e descuidados favorecerão nos descendentes a inutilidade e a preguiça.
Paulo de Tarso, na lição à igreja de Filipos, refere-se ao precioso imperativo do caminho no que se reporta ao equilíbrio, demonstrando a necessidade do discípulo, quanto à valorização da pobreza e da fortuna,  da escassez e da abundância.
O êxito e o insucesso são duas taças guardando elementos diversos que, contudo, se adaptam às mesmas finalidades sublimes.
A ignorância humana, entretanto, encontra no primeiro o licor da embriaguez e no segundo identifica o fel para a desesperação.
Nisto reside o erro profundo, porque o sábio extrairá da alegria e da dor, da fartura ou da escassez, o conteúdo divino.



Livro: Pão Nosso. Francisco C. Xavier por Emmanuel


terça-feira, 23 de outubro de 2018

COISAS INVISÍVEIS




“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação
do mundo, tanto o seu eterno poder como a
sua divindade se estendem e claramente se
vêem pelas coisas que estão criadas.”
Paulo (Romanos, 1:20)



O espetáculo da Criação Universal é a mais forte de todas as manifestações contra o materialismo negativista, filho da ignorância ou da insensatez.
São as coisas criadas que falam mais justamente da natureza invisível.
Onde a atividade que se desdobre sem base?
Toda forma inteligente nasceu de uma disposição inteligente.
O homem conhece apenas as causas de suas realizações transitórias, ignorando, contudo, os motivos complexos de cada ângulo do caminho. A paisagem exterior que lhe afeta o sensório é uma parte minúscula do acervo de criações divinas, que lhe sustentam o habitat, condicionado às suas possibilidades de aproveitamento.
O olho humano não verá além do limite da sua capacidade de suportação. A criatura conviverá com os seres de que necessita no trabalho de elevação e receberá ambiente adequado aos seus imperativos de aperfeiçoamento e progresso, mas que ninguém resuma a expressão vital da esfera em que respira no que os dedos mortais são suscetíveis de apalpar.
Os objetos visíveis no campo de formas efêmeras constituem breve e transitória resultante das forças invisíveis no plano eterno.
Cumpre os deveres que te cabem e receberás os direitos que te esperam.
Faze corretamente o que te pede o dia de hoje e não precisarás repetir a experiência amanhã.




Livro: Pão Nosso. Francisco C. Xavier por Emmanuel


segunda-feira, 22 de outubro de 2018

AJUDA!





       Atende ao convite de Cristo e segue adiante.
       Ele te leva às almas sofredoras, a fim de que faças o possível para aliviar-lhes as dores.
       Aos que têm fome de amor e sede de paz.
       Aos que precisam de luz e necessitam orientação.
       Aos que, embora trazendo brilho e cores por fora, carregam chagas e sombras por dentro.
       Aos antros de pobreza material e aos palacetes que, apesar da beleza exterior, abrigam conflitos e dramas que a sociedade desconhece.
       Diante deles, não critiques nem acuses. Ajuda!
       Uma palavra de esclarecimento;
       Um gesto de consolo;
       Um pedaço de pão ou um simples copo d’água, oferecidos com amor, representarão alívio e esperança no caminho de quem segue sobrecarregado de dores.
       Deixa que o Cristo que há em ti fale pelos teus lábios e socorra pelas tuas mãos.
       Mesmo que os espinhos da incompreensão te firam os pés e as mãos, não desistas de ajudar com Jesus.
       Ele também não experimentou comodidades no mundo, mas soube, colocar amor ao próximo acima de todas as conquistas transitórias.
       Fazendo assim, estarás inscrevendo na alma, com os próprios atos, as marcas que te assinalarão para sempre como verdadeiro cristão e fiel seguidor do Evangelho.





De “Novas Mensagens de Scheilla para Você”,
de Clayton B. Ley



domingo, 21 de outubro de 2018

RAZÃO DOS APELOS




“Pelo que, sendo chamado, vim sem
contradizer. Pergunto pois: por que
razão mandastes chamar-me?”
Pedro (Atos, 10:29)


A pergunta de Pedro ao centurião Cornélio é traço de grande significação nos atos apostólicos.
O funcionário romano era conhecido por suas tradições de homem caridoso e reto, invocava a presença do discípulo de Jesus atendendo a elevadas razões de ordem moral, após generoso alvitre de um emissário do Céu e, contudo, atingindo-lhe o círculo doméstico, o ex-pescador de Cafarnaum interroga, sensato:
– “Por que razão mandastes chamar-me?”
Simão precisava conhecer as finalidades de semelhante exigência, tanto quanto o servidor vigilante necessita saber onde pisa e com que fim é convocado aos campos alheios.
Esse quadro expressivo sugere muitas considerações aos novos aprendizes do Evangelho.
Muita gente, por ouvir referências a esse ou àquele Espírito elevado costuma invocar-lhe a presença nas reuniões doutrinárias.
A resolução, porém, é intempestiva e desarrazoada.
Por que reclamar a companhia que não merecemos?
Não se pode afirmar que o impulso se filie à leviandade, entretanto, precisamos encarecer a importância das finalidades em jogo.
Imaginai-vos chamando Simão Pedro a determinado círculo de oração e figuremos a aquiescência do venerável apóstolo ao apelo. Naturalmente, sereis obrigados a expor ao grande emissário celestial os motivos da requisição. E, pautando no bom senso as nossas atitudes mentais, indaguemos de nós mesmos se possuímos bastante elevação para ver, ouvir e compreender-lhe o espírito glorioso.
Quem de nós responderá afirmativamente? Teremos, assim, suficiente audácia de invocar o sublime Cefas, tão-somente para ouvi-lo falar?




Livro: Pão Nosso. Francisco C. Xavier por Emmanuel


sábado, 20 de outubro de 2018

VIDA




“A vida é uma dádiva a ser vivida, e não um desafio a ser vencido.”


       Dádiva é algo que nos foi dado. A vida é a dádiva que nos foi dado pelo Criador, para que nela possamos usufruir.
       Jesus nos disse que veio para que tenhamos vida, e que a tenhamos em abundância.
       Como seres imperfeitos, ainda recém saídos da faixa da animalidade, não aprendemos a compreendê-la enquanto dádiva, e menos ainda a tê-la em abundância, na forma como nos ensinou o Cristo.
       Diante das inúmeras dificuldades que enfrentamos para sobreviver materialmente, é compreensível que a vida se nos apresente como um desafio a ser vencido.
       Mal temos tempo para pensar em seus aspectos sublimes, como dádiva divina. Entretanto, não nos custa construir um recanto dentro de nós mesmos. Um lugar onde possamos criar o necessário silêncio interior, para ouvir a nós mesmos e a Deus, através da voz de nossa própria consciência.
       É certo que nem sempre poderemos efetivamente sentir a vida como uma dádiva, em função do mundo e do modelo de vida ao qual estamos submetidos. Porém, nada nos impede de, intimamente, tê-la como um ideal a ser atingido, e cada vez menos a encararmos como um desafio, uma luta contínua, para alimentar, vestir e tratar o corpo, sem maiores cuidados com nossos aspectos espirituais.
       Somos ­— sempre e acima de tudo — entes imortais, em busca de uma paz e felicidade só possíveis quando mais próximos estivermos de Deus.



De “Dia a Dia — Conceitos para viver melhor — “, de Paulo R. Santos

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

AGRADEÇO, SENHOR!



Agradeço, Senhor,
Quando me dizes “não”
Às súplicas indébitas que faço,
Através da oração.

Muitas daquelas dádivas que peço,
Estima, concessão, posse, prazer,
Em meu caso talvez fossem espinhos,
Na senda que me deste a percorrer.

De outras vezes, imploro-te favores,
Entre lamentação, choro, barulho,
Mero capricho, simples algazarra,
Que me escapam do orgulho...
Existem privilégios que desejo,

Reclamando-te o “sim”,
Que, se me florescessem na existência,
Seriam desvantagens contra mim.
Em muitas circunstâncias, rogo afeto,
Sem achar companhia em qualquer parte,
Quando me dás a solidão por guia
Que me inspire a buscar-te.

Ensina-me que estou no lugar certo,
Que a ninguém me ligaste de improviso,
E que desfruto agora o melhor tempo
De melhorar-me em tudo o que preciso.
Não me escutes as exigências loucas,
Faze-me perceber
Que alcançarei além do necessário,
Se cumprir meu dever.

Agradeço, meu Deus,
Quando me dizes “não” com teu amor,
E sempre que te rogue o que não deva,
Não me atendas, Senhor!...




             Maria Dolores
De “Poetas redivivos”, de Francisco Cândido Xavier
– Diversos Espíritos

ORAÇÃO

“Perseverai em oração, velando nela com ação de graças.” Paulo (Colossenses, 4:2) Muitos crentes estimariam movimentar a prece, qu...