Quantas pessoas te cruzam o caminho, em plenitude de sanidade
física, suportando enfermidades espirituais que desconheces? Se conduzidas a
exame num laboratório, mostrarão índices perfeitos de equilíbrio orgânico,
entretanto, nos recesso do próprio ser, são doentes da alma, em estado grave,
reclamando assistência.
Daí nasce o impositivo da serenidade e da tolerância, em
observando o comportamento estranho ou registrando determinados conceitos que
não esperávamos da atitude ou dos lábios daqueles que convivem conosco.
Esse amigo que se revelava, até ontem, inteiramente ao nosso
lado, caminha hoje em direção oposta, ferindo-nos a sensibilidade; a esposa,
dantes compreensiva e leal, distanciou-se psicologicamente de nós, ao toque de
afinidades outras que haverá descoberto; o esposo devotado e fiel terá cedido a
convites outros, abandonando-nos a companhia e desamparando os próprios filhos
na idade tenra; esse ou aquele filho ou essa ou aquela filha, depois de
crescidos, desprezaram os princípios que nos serviram de alicerces à vida,
afastando-se-nos do caminho, conquanto o amor, que nos dediquem, lhes fique
inalterável no coração.
Em semelhantes conflitos da alma, é indispensável saber ouvir e
suportar, sem reclamações que lhes suscitariam perturbações de resultados
imprevisíveis.
Ignoras quais as moléstias da alma de que estarão sendo
portadores e, enquanto no corpo físico, não consegues avaliar as forças
obsessivas que estarão agindo, por trás de alguém que a suposta normalidade parece
favorecer.
Se encontras algum ente amado, em erro manifesto, suporta com
paciência o desequilíbrio em andamento e se ouves opiniões contraditórias ou
insensatas, não discutas, acirrando animosidade ou separação.
Acalma-te e fala, asserenando o ambiente em que te vês, porque
uma só frase de incompreensão ou de azedume, pode ser o fator desencadeante de
terrível brecha para a selvageria da delinquência ou para as calamidades da
obsessão.
Emmanuel – psicografia de
Chico Xavier. Da obra “Inspiração”
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