"Vivei
em Paz uns com os outros"
– Paulo
(I Tessalonicenses, 5:13.)
Costumamos referir-nos à
guerra, qual se ela fosse um fenômeno de teratologia política, exclusivamente
atribuível aos desmandos de ditadores cruéis, quando todos somos intimados pela
vida ao sustento da Paz.
Todos agimos uns sobre
os outros e, ainda que a nossa influência pessoal se nos figure insignificante,
ela não é menos viva na preservação da harmonia geral.
A floresta é um
espetáculo imponente da natureza, mas não se agigantou sem o concurso de
sementes pequeninas.
Nossa deficiência de
análise, quanto à contribuição individual no equilíbrio comum, nasce, via de
regra, da aflição doentia com que aguardamos ansiosamente os resultados de
nossas ações, sequiosos de destaque pessoal no imediatismo da Terra; isso faz
com que procedamos, à maneira de alguém que se decidisse a levantar uma casa
com total menosprezo pelas pedras, tijolos, parafusos e vigas, aparentemente
sem importância, quando isoladamente considerados, mas indispensáveis à
construção.
Habituamo-nos,
frequentemente, a maldizer o irmão que se fez delinquente, com absoluta
descaridade para com a debilitação de caráter a que chegou, depois de longo
processo obsessivo que lhe corroeu a resistência moral, quase sempre após
fugirmos da providência fraterna ou da simples conversação esclarecedora,
capazes de induzi-lo à vitória sobre as tentações que o levaram à falta
consumada.
Lideramos reclamações
contra o estridor de buzinas na via pública e não nos pejamos das maneiras
violentas com que abalamos os nervos de quem nos ouve.
Todos somos chamados à
edificação da Paz que, aliás, prescinde de qualquer impulso vinculado às
atividades de guerra e que, paradoxalmente, depende de nossa luta por
melhorar-nos e educar-nos, de vez que Paz não é inércia e sim esforço,
devotamento, trabalho e vigilância incessantes a serviço do bem. Nenhum de nós
está dispensado de auxiliar-lhe a defesa e a sustentação, porquanto, muitas
vezes, a tranquilidade coletiva jaz suspensa de um minuto de tolerância, de um
gesto, de uma frase, de um olhar...
Não te digas, pois,
inabilitado a contribuir na Paz do mundo.
Se não admites o poder e
o valor dos recursos chamados menores no engrandecimento da vida, faze um
palácio diante de vigorosa central elétrica e procura dotá-lo de luz e força sem
a tomada.
(Francisco Cândido
Xavier por Emmanuel.
In: Palavras de Vida
Eterna)
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