sexta-feira, 31 de março de 2023

PERANTE JESUS


“E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o
coração, como ao Senhor, e não aos homens.”
Paulo (Colossenses, 3:23)
  

A compreensão do serviço do Cristo, entre as criaturas humanas, alcançará mais tarde a precisa amplitude, para a glorificação d’Aquele que nos segue de perto, desde o primeiro dia, esclarecendo-nos o caminho com a divina luz.

Se cada homem culto indagasse de si mesmo, quanto ao fundamento essencial de suas atividades na Terra, encontraria sempre, no santuário interior, vastos horizontes para ilações de valor infinito.

Para quem trabalhou no século?

A quem ofereceu o fruto dos labores de cada dia? Não desejamos menoscabar a posição respeitável das pátrias, das organizações, da família e da personalidade; todavia, não podemos desconhecer-lhes a expressão de relatividade no tempo. No transcurso dos anos, as fronteiras se modificam, as leis evolucionam, o grupo doméstico se renova e o homem se eleva para destinos sempre mais altos.

Tudo o que representa esforço da criatura foi realização de si mesma, no quadro de trabalhos permanentes do Cristo. O que temos efetuado nos séculos constitui benefício ou ofensa a nós mesmos, na obra que pertence ao Senhor e não a nós outros.

Legisladores e governados passam no tempo, com a bagagem que lhes é própria, e Jesus permanece a fim de ajuizar da vantagem ou desvantagem da colaboração de cada um no serviço divino da evolução e do aprimoramento.

Administração e obediência, responsabilidades de traçar e seguir são apenas subdivisões da mordomia conferida pelo Senhor aos tutelados.
O trabalho digno é a oportunidade santa. Dentro dos círculos do
 
serviço, a atitude assumida pelo homem honrar-lhe-á ou desonrar-
 
lhe-á a personalidade eterna, perante Jesus Cristo.
 



Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

quinta-feira, 30 de março de 2023

A CELA OCULTA


Cada criatura, na Terra, traz consigo uma cela oculta em que trabalha com os instrumentos da provação em que se burila.

        Pensa nisso e auxilia aos que te rodeiam.

        Esse companheiro alcançou a fortuna, mas sofre a falta de alguém; outro dispõe de autoridade, no entanto, suporta espinhosos conflitos nos sentimentos; essa irmã construiu o lar sobre preciosas vantagens materiais, contudo, tem um filho que lhe destrói a felicidade; e aquele outro atingiu o favor público, entretanto, é portador de moléstia indefinível a corroer-lhe todas as forças.

        Quando encontres alguém que te pareça em crises de inquietação e desarmonia, isso não é sinal de que a tua presença se lhe fez indesejável.

        Esse alguém estará em momentos de enormes dificuldades no reduto invisível do coração em que se aperfeiçoa. E os resíduos da luta íntima se lhe transbordam do ser pelas janelas do trato.

        Observa o ponto nevrálgico da própria vida em que o sentimento te procura para efeito de prova e compadece-te dos outros para que os outros se compadeçam de ti.

 

            Do livro: Somente Amor, Médium: Francisco Cândido Xavier

quarta-feira, 29 de março de 2023

O HOMEM COM JESUS


“Regozijai-vos sempre no Senhor; outra
vez digo, regozijai-vos.” Paulo (Filipenses, 4:4)
  

Com Jesus, ergue-se o Homem

Da treva à luz...

Da inércia ao serviço...

Da ignorância à sabedoria...

Do instinto à razão...

Da força ao direito...

Do egoísmo à fraternidade...

Da tirania à compaixão...

Da violência ao entendimento...

Do ódio ao amor...

Da posse mentirosa à procura dos bens imperecíveis...

Da conquista sanguinolenta à renúncia edificante...

Da extorsão à justiça...

Da dureza à piedade...

Da palavra vazia ao verbo criador...

Da monstruosidade à beleza...

Do vício à virtude...

Do desequilíbrio à harmonia...

Da aflição ao contentamento...

Do pântano ao monte...

Do lodo à glória...

Homem, meu irmão, regozije-mo-nos em plena luta redentora!

Que píncaros de angelitude poderemos alcançar se nos consagrarmos realmente ao Divino Amigo que desceu e se humilhou por nós?

  

Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

terça-feira, 28 de março de 2023

A PONTE DE LUZ


Terminara Jesus a prédica no monte.

Nisso, o apóstolo Pedro aproxima-se

E diz-lhe: "Senhor, existe alguma ponte

Que nos conduza ao Alto, ao Céu que brilha muito acima?

Conforme ouvi de tua própria voz,

Sei que o Reino do Amor está dentro de nós...

Mas deve haver, no Além, o País da Beleza,

Mais sublime que o Sol, em fulgor e grandeza...

Onde essa ligação, Senhor, esse divino acesso?

 

Jesus silenciou, como entrando em recesso

Da palavra de luz que lhe fluía a jorro...

Circunvagou o olhar pelas pedras do morro

E, depois de comprida reflexão,

Falou ao companheiro: - "Ouve, Simão,

Em verdade, essa ponte que imaginas

Existe para a Vida Soberana,

Mas temos de atingi-la por estrada

Que não é bem a antiga estrada humana."

 

- "Como será, Senhor, esse caminho?"

Tornou Simão a perguntar.

E Jesus respondeu sem hesitar:

- "Coração que a escolha, às vezes, vai sozinho,

E quase que não tem

Senão renúncia e dor, solidão e amargura...

E conquanto pratique e viva a lei do bem,

Sofre o assédio do mal que o vergasta e procura

Reduzi-lo à penúria e ao desfalecimento.

Quem busca nesta vida transitória,

Essa ponte de luz para a eterna vitória

Conhecerá, de perto, o sofrimento

E há de saber amar aos próprios inimigos,

Não contará percalços nem perigos

Para servir aos semelhantes,

Viverá para o bem a todos os instantes

E mesmo quando o mal pareça o vencedor,

Confiando-se a Deus, doará mais amor...

E ainda que a morte, Pedro, se lhe imponha,

Na injustiça ferindo-lhe a vergonha,

Aceitará pedradas sem ferir,

Desculpará injúria e humilhação

Se deseja elevar o coração

À ponte para o Reino do Porvir..."

 

Alguns dias depois, o Cristo flagelado,

Entregue à própria sorte

Encontrava na cruz o impacto da morte,

Silencioso, sozinho, desprezado...

 

Terminada que foi a gritaria

Da multidão feroz naquele dia,

Ante o Céu anunciando aguaceiro violento,

Pedro foi ao Calvário, aflito e atento,

Envergando disfarce...

Queria ver o Mestre, aproximou-se

Para sentir-lhe o extremo desconforto...

 

Simão chorou ao ver o Amigo morto.

 

E ao fitá-lo, magoado, longamente

Ele ouviu, de repente,

Uma voz a falar-lhe das Alturas:

- "Pedro, segue, não temas, crê somente!...

Recorda os pensamentos teus e meus...

Esta cruz que me arrasa e me flagela

É a ponte que sonhavas, alta e bela,

Para o Reino de Deus."

 

Maria Dolores livro: A Vida Conta,

Médium: Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 24 de março de 2023

SACUDIR O PÓ


“E se ninguém vos receber, nem escutar

as vossas palavras, saindo daquela

casa ou cidade, sacudi o pó de

vossos pés.” – Jesus. (Mateus, 10:14)

  

Os próprios discípulos materializaram o ensinamento de Jesus, sacudindo a poeira das sandálias, em se retirando desse ou daquele lugar de rebeldia ou impenitência. Todavia, se o símbolo que transparece da lição do Mestre estivesse destinado apenas a gesto mecânico, não teríamos nele senão um conjunto de palavras vazias.

O ensinamento, porém, é mais profundo. Recomenda a extinção do fermento doentio.

Sacudir o pó dos pés é não conservar qualquer mágoa ou qualquer detrito nas bases da vida, em face da ignorância e da perversidade que se manifestam no caminho de nossas experiências comuns.

Natural é o desejo de confiar a outrem as sementes da verdade e do bem; entretanto, se somos recebidos pela hostilidade do meio a que nos dirigimos, não é razoável nos mantenhamos em longas observações e apontamentos, que, ao invés de conduzir-nos a tarefa a êxito oportuno, estabelecem sombras e dificuldades em torno de nós.

Se alguém te não recebeu a boa-vontade, nem te percebeu a boa intenção, por que a perda de tempo em sentenças acusatórias? Tal atitude não soluciona os problemas espirituais. Ignoras, acaso, que o negador e o indiferente serão igualmente chamados pela morte do corpo à nossa pátria de origem? Encomenda-os a Jesus com amor e prossegue, em linha reta, buscando os teus sagrados objetivos. Há muito por fazer na edificação espiritual do mundo e de ti mesmo. Sacode, pois, as más impressões e marcha alegremente.

 

 

Livro: Pão Nosso. Francisco C. Xavier por Emmanuel

quinta-feira, 23 de março de 2023

TEUS ENCARGOS


“... Sede vos perfeito como perfeito é vosso
Pai Celestial”. — Jesus (Mateus, 5:48)

       Cada qual de nós, conforme as leis que nos regem, se encontra hoje no lugar certo, com as criaturas adequadas e nas circunstâncias justas, necessárias ao trabalho que nos compete efetuar, na pauta de nosso próprio merecimento.

       Observa os encargos que te honorificam a existência como sendo, desse modo, atividades de alta significação em teu benefício, porquanto se erigem todos eles em tope de realização a que, por enquanto, te podes consagrar.
       Seja em casa ou na oficina, no grupo de serviço ou na tela social, és uma peça consciente na estrutura da vida, desfrutando a possibilidade de criar, agir, colaborar e fazer, na elevação da própria vida.
       “Sede perfeitos como é perfeito nosso Pai Celestial” — exortou-nos Jesus.
       Pensemos nisso, melhorando-nos sempre.
       Sem dúvida que outros conseguem substituir-te no trabalho a que entrosas; no entanto, em se tratando de ti, é justo recordes que Deus nos fez, a todos, espíritos imortais com o dever de aprimorar-nos até que venhamos a identificar-nos inteiramente com o seu Infinito Amor, conservando embora, em todo tempo e em qualquer parte, a prerrogativa de seres inconfundíveis da Criação.
       Teus encargos — tuas possibilidades de acesso a planos superiores.
       Realmente nós — os espíritos em evolução nas vias terrestres — estamos ainda muito distantes da angelitude; entretanto cada um de nós, onde estiver, poderá, desde agora, começar a ser bom.


(De “SEGUE-ME!...”. Francisco Cândido Xavier por Emmanuel)

quarta-feira, 22 de março de 2023

QUEM LÊ, ATENDA


Quem lê, atenda.” - Jesus. (Mateus, 24:15)

Assim como as criaturas, em geral, converteram as produções sagradas da Terra em objeto de perversão dos sentidos, movimento análogo se verifica no mundo, com referência aos frutos do pensamento.

Frequentemente as mais santas leituras são tomadas à conta de tempero emotivo, destinado às sensações renovadas que condigam com o recreio pernicioso ou com a indiferença pelas obrigações mais justas.

Raríssimos são os leitores que buscam a realidade da vida.

O próprio Evangelho tem sido para os imprevidentes e levianos vasto campo de observações pouco dignas.

Quantos olhos passam por ele, apressados e inquietos, anotando deficiências da letra ou catalogando possíveis equívocos, a fim de espalharem sensacionalismo e perturbação? Alinham, com avidez, as contradições aparentes e tocam a malbaratar, com enorme desprezo pelo trabalho alheio, as plantas tenras e dadivosas da fé renovadora.

A recomendação de Jesus, no entanto, é infinitamente expressiva.

É razoável que a leitura do homem ignorante e animalizado represente conjunto de ignominiosas brincadeiras, mas o espírito de religiosidade precisa penetrar a leitura séria, com real atitude de elevação.

O problema do discípulo do Evangelho não é o de ler para alcançar novidades emotivas ou conhecer a Escritura para transformá-la em arena de esgrima intelectual, mas, o de ler para atender a Deus, cumprindo-lhe a Divina Vontade.

  

Livro: Vinha de Luz
Francisco Cândido Xavier por Emmanuel

terça-feira, 21 de março de 2023

ALFAIAS


“Naquele dia, quem estiver no telhado,
tendo as suas alfaias em casa, não desça
a tomá-las.” - Jesus. (Lucas, 17:31)

A palavra do Mestre não deixa margem a hesitações.

Naturalmente, todo aprendiz vive na organização que lhe é própria. Cada qual permanece em casa, isto é, na criação individual ou no campo de testemunho a que o Senhor o conduziu.

Geralmente, porém, jamais está sozinho.

Reduzido ou extenso, há sempre um séquito de afeições a acompanhá-lo. Muita vez, contudo, a companheira, o pai e o filho não conseguem mover-se além das zonas inferiores de compreensão, quando o discípulo, pelos nobres esforços despendidos, se equilibra, vitorioso, na parte mais alta do entendimento. Chegados a semelhante situação, muitos trabalhadores aplicados experimentam dificuldades de vulto.

Não sabem separar as alfaias de adorno dos vasos essenciais, as frivolidades dos deveres justos e sofrem dolorosos abalos no coração.

Indispensável se precatem contra esse perigo comum.

Cumpra-se a obrigação sagrada, atenda-se, antes de tudo, ao programa da Vontade Divina, exemplifique-se a fraternidade e a tolerância, acendendo-se a lâmpada do esforço próprio, mas que se não prejudique o serviço divino da ascensão, por receio aos melindres pessoais e às convenções puramente exteriores.

Um lar não vive simplesmente em razão das alfaias que o povoam, transitoriamente, e sim pelos fundamentos espirituais que lhe construíram as bases. Um homem não será superior porque satisfaça a opiniões passageiras, mas sim porque sabe cumprir, em tudo, os desígnios de Deus.

 

Vinha de Luz. Francisco C. Xavier por Emmanuel

segunda-feira, 20 de março de 2023

PROSSEGUINDO


“Prossigo para o alvo...” – Paulo.
(FILIPENSES, 3:14)

 

Encontras o semblante amargo da solidão no momento em que as circunstâncias te compelem a deixar o conhecido.

Supõe que a construção de toda a existência desaba sobre ti mesmo, como se a ausência da moldura familiar te rasgasse o quadro da própria alma.

Corações amigos, atraídos por outras sendas, abandonaram-te os ideais; pessoas queridas deixaram-te a sós; aposentaram-te a distância do trabalho de muitos anos, ou a morte, de passagem, ceifou o sorriso dos companheiros que te eram mais caros...

Sentes, por vezes, que estás deixando para trás tudo o que te parece mais valioso, entretanto, não mais é verdade.

Basta jornadeies corajosamente adiante e, buscando expressar-te em novas formas, reconhecerás que o amor e o trabalho são mais belos em teu caminho:

Compreenderás, então, que podes adicionar novas parcelas de alegria à felicidade dos que mais amas e que podes servir com mais entendimento às aspirações que te inspiram a marcha.

Se a vida te apresenta a fisionomia triste da solidão, recorda a própria imortalidade e não te detenhas.

O menino deixa a infância para entrar na mocidade, o jovem deixa a mocidade para entrar na madureza, o adulto deixa a madureza para entrar na senectude e o ancião deixa a extrema velhice para entrar no mundo espiritual, não como quem perde os valores adquiridos, mas sim prosseguindo para o alvo que as Leis de Deus nos assinalam a cada um...

 
 
(Francisco Cândido Xavier por Emmanuel.
In: Palavras de Vida Eterna)

domingo, 19 de março de 2023

CONTENTAR-SE

 
“Não digo isto como por necessidade,
porque já aprendi a contentar-me com o
que tenho.” Paulo (FILIPENSES, 4, 11)
 

A vertigem da posse avassala a maioria das criaturas na Terra.

A vida simples, condição da felicidade relativa que o planeta pode oferecer, foi esquecida pela generalidade dos homens. Esmagadora percentagem das súplicas terrestres não consegue avançar além do seu acanhado âmbito de origem.

Pedem-se a Deus absurdos estranhos. Raras pessoas se contentam com o material recebido para a solução de suas necessidades, raríssimas pedem apenas o “pão de cada dia”, como símbolo das aquisições indispensáveis.

O homem incoerente não procura saber se possui o menos para a vida eterna, porque está sempre ansioso pelo mais nas possibilidades transitórias.

Geralmente, permanece absorvido pelos interesses perecíveis, insaciado, inquieto, sob o tormento angustioso da desmedida ambição. Na corrida louca para o imediatismo, esquece a oportunidade que lhe pertence, abandona o material que lhe foi concedido para a evolução própria e atira-se a aventuras de consequências imprevisíveis, em face do seu futuro infinito.

Se já compreendes tuas responsabilidades com o Cristo, examina a essência de teus desejos mais íntimos. Lembra-te de que Paulo de Tarso, o apóstolo chamado por Jesus para a disseminação da verdade divina, entre os homens, foi obrigado a aprender a contentar-se com o que possuía, penetrando o caminho de disciplinas acerbas.

Estarás, acaso, esperando que alguém realize semelhante aprendizado por ti?


 

Emmanuel/Chico Xavier

Livro: Caminho, Verdade e Vida

AMOR SEMPRE

       Que faremos da caridade, quando todas as questões econômicas forem resolvidas?        Esta é a indagação que assinalamos, todos n...