“Para que a prova da
vossa fé, mais preciosa que
o ouro que perece, mesmo
quando provado
pelo fogo, seja achada
para louvor, glória e
honra na revelação de
Jesus Cristo.”
(1ª Epístola à Pedro:
capítulo 1º, versículo 7.)
Confundem-no com arrojo de improviso,
arrebatamento, e muitos asseveram que a intrepidez é sua mais valiosa
expressão.
Arrivistas, anarquistas,
irresponsáveis que se fazem vítimas de desmandos mentais são
identificados por valiosos quando não passam, quase sempre, de insensatos ou
temerários.
O valor não se revela apenas no
momento do gesto audaz, na situação opcional, no instante crítico. Muitos
fatores decorrentes da emotividade estimulada podem conduzir o homem a uma
atuação arrojada ou de fuga, de que não se pode liberar, sem que isso lhe
traduza a força moral de que é dotado.
Homens que se notabilizaram em
façanhas guerreiras, fizeram-nas impulsionados pelas alucinações da ira ou da
ferocidade interior, incapazes de uma vida pacífica, longe das refregas em que
se alçaram às culminâncias da glória.
Pessoas que salvaram vidas em
circunstâncias especiais, talvez não hajam refletido antes da decisão que as
celebrizaram.
Sem qualquer demérito para esses
lídimos construtores do progresso e do bem, o valor é um estado de ânimo
alentado, a prolongar-se paulatinamente cada dia e a toda hora, com firmeza no
ideal do bem, embora as dificuldades a vencer e os óbices a transpor.
O cristão decidido talvez se
oferecesse ainda hoje ao martirológio pela Causa da Fé...
Todavia, permanecer fiel no mundo de
turbações, enfrentando acrimônias e torpezas com elevação de espírito, somente
será possível se dotado do valor da fé para não desanimar nem se corromper.
O valor é disposição conscientemente
adotada para o sacrifício.
Revela-se na intimidade do lar, onde
se caldeiam necessidades espirituais, no ajustamento familial, entre espíritos
díspares; no labor da oficina onde se adquire o pão, mediante a firmeza nos
atos de austeridade moral, em cujo convívio se arregimentam ou exteriorizam
paixões; nas relações sociais, em cuja esfera se cruzam interesses nem sempre
elevados, mantendo continência e fraternidade; nas atividades religiosas e
comunitárias sob a égide da caridade, sem descer aos melindres, nem tricas mui
comuns, que engendram infelizes processos de desgastes de forças e desagregação
do trabalho...
A coragem de vencer-se antes que
pretender vencer o próximo, de desculpar antes que esperar desculpado e de amar
não obstante desaires e desencantos, revela o cristão, o legítimo homem de
valor.
Narram as tradições apostólicas que
na arena romana, após repudiado pelas feras, Inácio de Antióquia, depois de
haver orado, confabulou com um Emissário Divino. Lamentando não ser aceito em
holocausto pelo Senhor, do Mensageiro escutou, comovido:
— “Jesus espera de ti muito mais.
Morrer, agora, é fácil e rápido. Ele deseja, porém, que morras — vivendo a cada
instante, sob as injunções da impiedade, da ingratidão e de outras lutas em que
a tua fé e o teu valor darão testemunho demorado da tua fidelidade, por longo e
tormentoso tempo”...
Convites da Vida
Divaldo P. Franco por
Joanna de Ângelis
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