Aquilo que
sai da boca — diz-nos o Evangelho — precisa merecer-nos tratamento especial.
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As viandas
com que o homem, muitas vezes, ameaça a própria saúde, prejudicam apenas a ele
mesmo, quando a frase contundente ou o grito de cólera podem alcançar toda uma
assembleia de corações, determinando enfermidade e desequilíbrio.
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É pela
boca que vazamos da alma desprevenida os tóxicos da maledicência e é ainda por
ela que arrojamos de nosso desespero os espinhos da discórdia que levantam
trincheiras sombrias, entre irmãos chamados por Jesus à sementeira do amor.
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É da boca
que saltam de nosso sentimento mal conduzido as serpentes invisíveis da
calúnia, envenenando a vida por onde passam e é ainda por intermédio dela que
operamos o exame insensato das consciências alheias, apressando julgamentos da
esfera exclusiva d’Aquele Justo Juiz que prendeu a morte na cruz para não
condenar-nos em toda a extensão de nossas fraquezas.
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Mas também
é pela boca que exteriorizamos a ternura e a compreensão que restauram e
fortalecem e é ainda por ela que externamos a fraternidade que nos imanta uns
aos outros, à frente da Lei.
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É pela
boca que aprendemos a auxiliar aos nossos semelhantes e é ainda por ela que
clamamos para o Céu, suplicando socorro e misericórdia.
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Vejamos,
assim, o que fazemos da palavra para que a palavra não nos destrua.
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Mobilizemos
nossos valores verbalísticos na exaltação do bem, com esquecimento de todo o
mal.
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A língua
revela o conteúdo do coração.
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Saibamos,
então, modular nossa voz na bênção da serenidade e elevar nossa frase sobre o
pedestal do amor que nos cabe estender ao próximo.
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Caridade
que não sabe começar pela boca dificilmente se expressará com segurança,
através das mãos.
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Entronizemos
o verbo respeitoso e digno em nosso campo íntimo e estruturemos nossa frase no
santo estímulo ao melhor que possuímos, para que possamos receber dos outros o
melhor que possuem e estaremos com Jesus, construindo pela nossa conversação os
sólidos alicerces de nossa alegria e de nossa paz.
(De ”Indulgência”, de Francisco Cândido Xavier,
pelo Espírito Emmanuel)