segunda-feira, 14 de julho de 2014

SOFRIMENTO E AFLIÇÃO




Ei-los misturados em todo lugar. Sofrimento causado pela evocação de um amor  violento que passou célere; e aflição de quem, não tendo amado, deseja  escravizar-se desnecessariamente.
Sofrimento decorrente do desejo de perseguir quanto gostaria de fazê-lo; e  aflição porque, perseguido, não tem oportunidade de também perseguir.
Sofrimento pela dor que anseia agasalho no coração; e aflição em face da dor que vergasta, por não poder fazer quanto gostaria, comprometendo-se muito mais. Sofrimento nascido no desequilíbrio da ambição que deslocou a  linha básica do carácter; e aflição porque, desejando e tendo tanto, não  pode fruir quanto pensava gozar.
Sofrimento derivado da revolta de não possuir felicidade nos moldes que  planejou; e aflição por ter a felicidade ao alcance das mãos, constatando,  porém, quanta treva e pranto se agasalham no manto brilhante desse  felicidade ilusória.
Sofrimento por muito ter e constatar nada ter; e aflição por nada ter e  descobrir quanto poderia ter.
Sofrimento na cruz do desequilíbrio; a e aflição do desequilíbrio na cruz do  dever reparador. Sofrimento em quem luta pela reabilitação; e aflição em  quem, errando, não tem força para reabilitar-se.
Sofrimento que vergasta, e aflição buscada para vergastar. No entanto, é o  sofrimento uma via de purificação, e a aflição um veículo de sofrimento para  quem, mantendo o encontro com a verdade libertadora, elege, na recuperação  dos valores morais, a abençoada rota através da qual o espírito se encontra  consigo mesmo, depois das lutas fúteis do caminho por onde jornadeiam os  desatentos e infelizes.
Com Jesus tens aprendido que sofrer, recuperando-se interiormente, é  libertar-se, e afligir-se, buscando renovação, é ascender.
Empenha-te no valoroso esforço de eliminação do mal que reside em ti, pagando o tributo do sofrimento e da aflição à consciência, certo de que,  antes da manhã clara e luminífera da ressurreição gloriosa do Mestre, houve  a sombra da traição e a infâmia da crueldade, como valioso ensinamento de  que, precedendo a madrugada fulgurante da imortalidade triunfal, defrontarás  a noite de silêncio e testemunho, que te conduzirá, porém, à radiosa festa  de luz e liberdade definitiva.



(Divaldo Franco por Joanna de Ângelis. In: Messe de Amor)

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