Ei-los
misturados em todo lugar. Sofrimento causado pela evocação de um amor
violento que passou célere; e aflição de quem, não tendo amado, deseja
escravizar-se desnecessariamente.
Sofrimento
decorrente do desejo de perseguir quanto gostaria de fazê-lo; e aflição
porque, perseguido, não tem oportunidade de também perseguir.
Sofrimento
pela dor que anseia agasalho no coração; e aflição em face da dor que vergasta,
por não poder fazer quanto gostaria, comprometendo-se muito mais. Sofrimento
nascido no desequilíbrio da ambição que deslocou a linha básica do
carácter; e aflição porque, desejando e tendo tanto, não pode fruir
quanto pensava gozar.
Sofrimento
derivado da revolta de não possuir felicidade nos moldes que planejou; e
aflição por ter a felicidade ao alcance das mãos, constatando, porém,
quanta treva e pranto se agasalham no manto brilhante desse felicidade
ilusória.
Sofrimento
por muito ter e constatar nada ter; e aflição por nada ter e descobrir
quanto poderia ter.
Sofrimento
na cruz do desequilíbrio; a e aflição do desequilíbrio na cruz do dever
reparador. Sofrimento em quem luta pela reabilitação; e aflição em quem,
errando, não tem força para reabilitar-se.
Sofrimento
que vergasta, e aflição buscada para vergastar. No entanto, é o
sofrimento uma via de purificação, e a aflição um veículo de sofrimento
para quem, mantendo o encontro com a verdade libertadora, elege, na
recuperação dos valores morais, a abençoada rota através da qual o
espírito se encontra consigo mesmo, depois das lutas fúteis do caminho
por onde jornadeiam os desatentos e infelizes.
Com Jesus
tens aprendido que sofrer, recuperando-se interiormente, é libertar-se, e
afligir-se, buscando renovação, é ascender.
Empenha-te
no valoroso esforço de eliminação do mal que reside em ti, pagando o tributo do
sofrimento e da aflição à consciência, certo de que, antes da manhã clara
e luminífera da ressurreição gloriosa do Mestre, houve a sombra da
traição e a infâmia da crueldade, como valioso ensinamento de que,
precedendo a madrugada fulgurante da imortalidade triunfal, defrontarás a
noite de silêncio e testemunho, que te conduzirá, porém, à radiosa festa
de luz e liberdade definitiva.
(Divaldo
Franco por Joanna de Ângelis. In: Messe de Amor)
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