quinta-feira, 31 de outubro de 2024

A GRANDE TRIBULAÇÃO


        “E Jesus, vendo a multidão ...” informa o evangelista Mateus, no capítulo cinco das suas narrativas.
        Em cada acontecimento da Boa Nova encontramos a figura do Senhor cercada pela multidão:
        — Médico Divino, atendia aos magotes de enfermos de todo matiz, ansiosos das bênção da saúde...
        — Justo Juiz, inspirava a confiança nos corações perturbados pela disputa nos jogos imediatos dos valores perecíveis, de que se faziam mordomos infiéis...
        — Sábio Instrutor, inundava os espíritos sedentos da luz do saber com o verbo eloquente da bondade e do discernimento...
        — Augusto Amigo, socorria as massas desvairadas rumando sem norte...
        — Enviado Celeste, distendia as compassivas mãos em auxílio dos homens, perdidos nas malhas escravizantes da matéria...
        — Sublime Pastor, fez-se o refúgio dos rebanhos humanos sitiados pelos lobos rapazes, em marcha para os abismos da morte.
        Nos lares onde pousava, após as fadigas do dever, demorava-se solicitado pela ansiedade familiar, atendendo aos problemas domésticos.
        No harmonioso cenário da Natureza, acolhia as almas humildes dos discípulos simples, comprometidos com os problemas da carne, entre os desejos do Céu e as necessidades da Terra.
        Nas jornadas pelos longos caminhos, fazia-se alvo das mulheres humildes que Lhe rogavam bênçãos e atenções.
        Somente quando, ocultando-se por entre os ciprestes verdes, desaparecia para mergulhar no oceano da soledade, é que encontrava ensejo para comungar com o Amorável Pai, a fim de logo após descer à multidão desarvorada, aflita e necessitada.
        Materialização do Bem, privou o Excelso Mestre com a decomposição moral da Humanidade.
        Sol esplendente de misericórdia, desceu às furnas do espírito humano comprometido com as sombras.
        Hálito divino nas baixadas terrenas, respirou no clima miasmático das iniquidades daqueles a quem veio servir.
        Jesus é o símbolo e a realidade da vida triunfante.
        Na grande noite que envolve o mundo entre ameaças e conflitos de toda ordem, Sua promessa de ficar conosco até o fim dos tempos é a única esperança que equilibra e conduz as almas ardentes e confiantes.
        “E Jesus, vendo a multidão...” ansiosa, consoante as sábias anotações, abriu sua boca e lhes ensinou, dizendo:
        — “Bem-aventurados...”
        A multidão de hoje, enredada nas mesmas aflições da sociedade de ontem, recebe, no Espiritismo, o Mestre Redivivo, abrindo a boca e ensinando novamente, como outrora:
        — “Toma sobre ti o meu jugo e aprende comigo que sou manso e humilde de coração...”
        Renúncias e sacrifícios são os campos onde se travam as batalhas da redenção.
        Dores e agonias são os tributos exigidos nas guerras continuadas de extermínio ao mal.
        Liberdade e paz serão os lauréis e os espólios a fulgurarem atraentes além das fronteiras bélicas, em que o amor se faz general intimorato, espargindo luz sob o comando do Incansável Lutador, alçando o homem, em triunfo, aos páramos da luz, após a grande tribulação.
        No seio da multidão está a oportunidade de serviço, em nome Daquele que, vendo a multidão, se pôs a ensinar.

 


(Divaldo Pereira Franco por Amélia Rodrigues.

In:  Sementeira da Fraternidade)

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

ERGAMO-NOS


“Levantar-me-ei e irei ter com meu pai...”

– (Lucas, 15:18)

Quando o filho pródigo deliberou tornar aos braços paternos, resolveu intimamente levantar-se.

Sair da cova escura da ociosidade para o campo da ação regeneradora.

Erguer-se do chão frio da inércia para o calor do movimento reconstrutivo.

Elevar-se do vale da indecisão para a montanha do serviço edificante.

Fugir à treva e penetrar a luz.

Ausentar-se da posição negativa e absorver-se na reestruturação dos próprios ideais.

Levantou-se e partiu no rumo do Lar Paterno.

Quantos de nós, porém, filhos pródigos da Vida, depois de estragarmos as mais valiosas oportunidades, clamamos pela assistência do Senhor, de acordo com os nossos desejos menos dignos, para que sejamos satisfeitos? quantos de nós descemos, voluntariamente, ao abismo e, lá dentro, atolados na sombria corrente de nossas paixões, exigimos que o Todo-Misericordioso se faça presente, ao nosso lado, através de seus divinos mensageiros, a fim de que os nossos caprichos sejam atendidos?

Se é verdade, no entanto, que nos achamos empenhados em nosso soerguimento, coloquemo-nos de pé e retiremo-nos da retaguarda que desejamos abandonar.

Aperfeiçoamento pede esforço.

Panorama dos cimos pede ascensão.

Se aspiramos ao clima da Vida Superior, adiantemo-nos para a frente, caminhando com os padrões de Jesus.

– Levantar-me-ei, disse o moço da parábola.

– Levantemo-nos, repitamos nós.

 

  

XAVIER, Francisco Cândido pelo Espírito Emmanuel. Fonte Viva

terça-feira, 29 de outubro de 2024

NA HORA DE COMPETIR


“Nada faças por partidarismo ou vã

glória, mas por humildade.”

(Paulo, Filipenses 2:3)

       É claro que quem entra numa competição, seja esportiva, seja mesmo uma prova, está disposto a vencer e ser recompensado, honrado com o título ou prêmio que lhe compete, por merecimento.

       Porém, nas competições da vida, nem sempre é sensato querer ser o vencedor.

       Às vezes é mais vantajoso perder, ou não competir.

       Vencer a competição por um cargo ou posição em qualquer setor é o mesmo que assumir os compromissos de atender aos encargos que eles exigem.

       Portanto, acumula responsabilidades.

       Por isso, antes de entrarmos numa competição, é bom analisar se estamos ou não em condições de arcar com as responsabilidades.

       É necessário estarmos bem conscientes das atribuições.

       Analise, detalhe por detalhe.

       Qual a finalidade do cargo? É útil?

       Que benefícios traz aos que dele dependem?

       De alguma forma, leva a algum progresso material ou espiritual?

       Para cumprir com êxito essa finalidade, o que exige do seu responsável?

       Faça agora a autoanálise:

       Você, particularmente, está convicto de que a finalidade é útil?

       Você tem os requisitos necessários para cumpri-lo?

       Você está disposto a realizar ou continuar o trabalho e melhorá-lo?

       Você acha que é capaz de cumprir com êxito?

       Observe se não está competindo com alguém mais capaz do que você.

       Esse alguém pode ser mais útil, levar maior progresso, mais benefícios que você.

       Lembre-se de que se você conscientemente tirar a oportunidade de alguém que faria mais do que você pode fazer, a diferença vai pesar sobre sua responsabilidade. Você responderá pela deficiência no desempenho.

       Não é o cargo que irá lhe dar mérito, mas sim o trabalho eficiente e sincero que você realizar.

       Mesmo assim, você acha que compensa competir?

       Passe então a olhar os seus adversários com fraternidade.

       Não esqueça que sem a proteção de Deu não fazemos nada, mesmo sendo competentes.

       Assuma então a disputa, consciente de que, para vencer, não se valerá de nenhum recurso menos digno. Esteja certo de que vai contar com seu próprio esforço e capacidade.

       Se vencer, não esqueça de agradecer a Deus e proponha a cumprir seus encargos com humildade e honestidade.

       Lembre-se de que o cargo não pode ser motivo de vaidade ou de orgulho, mas sim de responsabilidades.

       Una-se a Deus e aos que querem colaborar e não menospreze os perdedores.

       Pense que você poderia estar no lugar deles.

       Como vencedor, procure realizar o melhor trabalho possível.

 


(De “Na hora exata – uma lição para cada situação”,

de Maria Cotroni Valenti, inspirado pelo Espírito O Amigo)

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

CARTÃO DE NATAL

 Por Meimei e Chico Xavier


Ao clarão do Natal, que em ti acorda a música da esperança, escuta a voz de alguém que te busca o ninho da própria alma!... Alguém que te acende a estrela da generosidade nos olhos e te adoça o sentimento, quais se trouxessem uma harpa de ternura esconda no peito.

Sim, é Jesus, o amigo fiel, que volta.

Ainda que não quisesses, lembrar-lhe-ias hoje os dons inefáveis, ao recordares as canções maternas que te embalaram o berço, o carinho de teu pai, ao recolher-te nos braços enternecidos, a paciência dos mestres que te guiaram na escola e o amor puro de velhas afeições que te parecem distantes.

Contemplas a rua, onde luminárias e cânticos lhe reverenciam a glória; entretanto, vergas-te ao peso das lágrimas que te desafogam o coração... É que ele te fala no íntimo, rogando perdão para os que erram, socorro aos que sofrem, agasalho aos que tremem na vastidão da noite, consolação aos que gemem desanimados e luz para os que jazem nas trevas.

Não hesites! Ouve-lhe a petição e faze algo!... Sorri de novo para os que te ofenderam; abençoa os que feriram; divide o farnel com os irmãos em necessidade; entrega um minuto de reconforto ao doente; oferece numa fatia de bolo aos que moram, sozinhos, sob ruínas e pontes abandonadas; estende um lençol macio aos que esperam a morte, sem aconchego do lar; cede pequenina parte de tua bolsa no auxílio às mães fatigadas, que se afligem ao pé dos filhinhos que enlanguescem de fome, ou improvisa a felicidade de uma criança esquecida.

Não importa se diga que cultivas a bondade somente hoje quando o Natal te deslumbra!... Comecemos a viver com Jesus, ainda que seja por algumas horas, de quando em quando, e aprenderemos, pouco a pouco, a estar com ele, com todos os instantes, tanto quanto ele permanece conosco, tornando diariamente ao nosso convívio e sustentando-nos para sempre.



(Mensagem de Meimei, extraída do livro “Antologia Mediúnica do Natal”,
psicografado por Chico Xavier,

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

A DOR

 

“Irmãos e amigos meus! Se o sofrimento
Transpuser os umbrais do vosso lar,
Não levanteis aos céus vosso lamento,
Nem ouseis contra a sorte blasfemar:
São erros de um passado turbulento,
Que ele quer reparar.
 
Nessa noite trevosa do passado,
Quantos erros deixamos de remir!
E quantos cometemos no agitado
Correr de anos que vimos submergir,
Fantasmas que nos seguem lado a lado,
Na senda do porvir!”
 


Abel Gomes
 (De “Parnaso do Além-túmulo”, de Francisco Cândido Xavier – Autores espirituais diversos)

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

DÍVIDA


O credor segura-se no caráter,
para satisfazer sua violência.
(Miramez)

        O credor, quando ganancioso, busca o devedor onde ele estiver, dá escândalo e,  quando não é atendido, fala de moral sem contudo se lembrar que deve ser o primeiro a viver a moral que prega.
        Todos temos dívidas com a economia divina; o suprimento maior nos fornece com abundância e sempre nos esquecemos de receber com parcimônia, sem esperdiçar os bens de Deus, a nós entregues por misericórdia.
        Todos temos talentos, uns acordados, outros em processo de despertamento e outros em estado de sono, por despertar. Compete a nós outros saber usar nossos valores; esse é o recurso divino que cabe a todos nós doar e não emprestar nem vender, por não serem vendáveis, já que não somos donos deles; tudo pertence a Deus.
        A violência, o orgulho e o egoísmo nascem da ignorância. Somente o amor é fruto da vida imortal,  porque quanto mais damos, mais recebemos da própria vida. Se passarmos a compreender a vida de Jesus, a observação nos falará do Seu desprendimento, sendo que Ele tinha tudo o que quisesse ao Seu dispor, por ser consciente de que somente Deus é dono de todas as coisas, Mas, Deus nunca deixa Seus filhos sem o necessário para viver, nos dois planos de vida.
        Se alguém lhe deve, meu irmão, ore por ele; não use de subterfúgios, querendo mostrar vida impoluta, para receber de quem lhe deve. Dê o que puder distribuir a quem precisa, sem participar da usura, cambiando juros para a sua bolsa.
        O egoísmo nos inspira para não ensinarmos aos nossos companheiros, para que eles fiquem ignorantes e não tenham igualdade no saber conosco. Devemos ser instrumentos com Jesus, deixando fluir pelos nossos canais mediúnicos o saber que aprendemos com outros. Se alguém nos ensinou sem exigir tanto de nós,  por que não fazer o mesmo?
        O desprendimento divino, que deve ser assegurado na nossa vida; contudo devemos compreender que desprendimento não é desperdício; é equilíbrio em tudo, por assim dizer, é o amor comandando o coração.
        Quem ainda manifesta nos seus passos a violência, está sendo dominado pelo orgulho, que petrifica a própria consciência. Esqueça, se alguém lhe deve; procure pagar aos que você deve, sem angústia, com agradecimento a quem lhe socorreu nos momentos difíceis.
        Somente limpamos a consciência e o coração da revolta e da tristeza quando aceitamos a vida como Deus nos deu, obedecendo às leis naturais, na naturalidade da criação.



(De “SABEDORIA — A lei de Deus no pensamento dos homens —", de João Nunes Maia, pelo espírito Maria Nunes)

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

PENSAMENTOS


“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo
o que é justo, tudo o que é puro, tudo o
que é amável, tudo o que é de boa fama, se
há alguma virtude e se há algum louvor,
nisso pensai.” Paulo (Filipenses, 4:8)

Todas as obras humanas constituem a resultante do pensamento das criaturas. O mal e o bem, o feio e o belo viveram, antes de tudo, na fonte mental quê os produziu,  nos movimentos incessantes da vida.

O Evangelho consubstancia o roteiro generoso para que a mente do homem se renove nos caminhos da espiritualidade superior, proclamando a necessidade de semelhante transformação, rumo aos planos mais altos. Não será tão somente com os primores intelectuais da Filosofia que o discípulo iniciará seus esforços em realização desse teor. Renovar pensamentos não é tão fácil como parece à primeira vista. Demanda muita capacidade de renúncia e profunda dominação de si mesmo, qualidades que o homem não consegue alcançar sem trabalho e sacrifício do coração.

É por isso que muitos servidores modificam expressões verbais, julgando que refundiram pensamentos. Todavia, no instante de recapitular, pela repetição das circunstâncias, as experiências redentoras, encontram, de novo, análogas perturbações, porque os obstáculos e as sombras permanecem na mente, quais fantasmas ocultos.

Pensar é criar. A realidade dessa criação pode não exteriorizar-se, de súbito, no campo dos efeitos transitórios, mas o objeto formado pelo poder mental vive no mundo íntimo, exigindo cuidados especiais para o esforço de continuidade ou extinção.

O conselho de Paulo aos filipenses apresenta sublime conteúdo.

Os discípulos que puderem compreender-lhe a essência profunda, buscando ver o lado verdadeiro, honesto, justo, puro e amável de todas as coisas, cultivando-o, em cada dia, terão encontrado a divina equação.

  

Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

terça-feira, 22 de outubro de 2024

A GRANDE LUTA

 
“Porque não temos que lutar contra a carne
e o sangue, mas sim contra os principados,
contra as potestades, contra os príncipes das
trevas deste século, contra as hostes espirituais
da maldade, nos lugares celestiais.”
Paulo (Efésios, 6:12)

Segundo nossas afirmativas reiteradas, a grande luta não reside no combate com o sangue e a carne, propriamente, mas sim com as nossas disposições espirituais inferiores.

Paulo de Tarso agiu divinamente inspirado, quando escreveu sua recomendação aos companheiros de Éfeso.

O silencioso e incessante conflito entre os discípulos sinceros e as forças da sombra está vinculado em nossa própria natureza, porquanto nos acumpliciávamos abertamente com o mal, em passado não remoto.

Temos sido declarados participantes das ações delituosas nos lugares celestiais.

E, ainda hoje, entre os fluidos condensados da carne ou nas esferas que lhes são próximas, agimos no serviço de autorestauração em pleno paraíso.

A Terra é, igualmente, sublime degrau do Céu.

Quando alguém se reporta aos anjos caídos, os ouvintes humanos guardam logo a impressão de um palácio soberbo e misterioso, de onde se expulsam criaturas sábias e luminosas.

Não se verifica o mesmo, quando um homem culto se entrega ao assassínio, à frente de uma universidade ou de um templo?

Geralmente o observador terrestre relaciona o crime, não se detendo, porém, no exame do lugar sagrado e venerável em que se consumou.

A grande luta, a que o Apóstolo se refere, prossegue sem descanso.

As cidades e as edificações humanas são zonas celestiais.

Nem elas e nem as células orgânicas que nos servem, constituem os poderosos inimigos, e, sim, as “hastes espirituais da maldade”, com as quais nos sintonizamos através dos pontos inferiores que conservamos desesperadamente conosco, vastas arregimentações de seres e pensamentos sombrios que obscurecem a visão humana, e que operam com sutileza, de modo a não perderem os ativos companheiros de ontem.

  

 

Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

NÃO DUVIDES

 

“... O que duvida é semelhante à onda do

mar, que é levada pelo vento e lançada

de uma para outra parte.” – Tiago. (Tiago, 1:6)

 

Em teus atos de fé e esperança, não permitas que a dúvida se interponha, como sombra, entre a tua necessidade e o poder do Senhor.

A força coagulante de teus pensamentos, nas realizações que empreendes, procede de ti mesmo, das entranhas de tua alma, porque somente aquele que confia consegue perseverar no levantamento dos degraus que o conduzirão à altura que deseja atingir.

A dúvida, no plano externo, pode auxiliar a experimentação, nesse ou naquele setor do progresso material, mas a hesitação no mundo íntimo é o dissolvente de nossas melhores energias.

Quem duvida de si próprio, perturba o auxílio divino em si mesmo.

Ninguém pode ajudar àquele que se desajuda.

Compreendendo o impositivo de confiança que deve nortear-nos para a frente, insistamos no bem, procurando-o com todas as possibilidades ao nosso alcance.

Abandonemos a pressa e olvidemos o desânimo.

Não importa que a nossa conquista surja triunfante hoje ou amanhã. Vale trabalhar e fazer o melhor que pudermos, aqui e agora, porque a vida se incumbe de trazer-nos aquilo que buscamos.

Avançar sem vacilações, amando, aprendendo e servindo infatigavelmente – eis a fórmula de caminhar com êxito, ao encontro de nossa vitória. E, nessa peregrinação incansável, não nos esqueçamos de que a dúvida será sempre o frio do derrotismo a inclinar-nos para a negação e para a morte.

 

 

Fonte Viva. Francisco C. Xavier por Emmanuel

domingo, 20 de outubro de 2024

VINCULAÇÕES


Emmanuel

 Os que encarnam numa família, sobretudo como parentes próximos, são, as mais das vezes, Espíritos simpáticos, ligados por anteriores relações, que se expressam por uma afeição recíproca na vida terrena. ("O Evangelho Segundo o Espiritismo", XIV, item 8.)

 

Estudos e pesquisas se multiplicam, nos domínios da psicologia, quanto às complexidades do mundo infantil, e o exame das vinculações se destaca à vista.

Cada pequenino é um campo de tendências inatas, com tamanha riqueza de material para a observação do analista, que, debalde, se lhe penetrará os meandros da individualidade, Baseando-nos no trabalho biológico de construção do ser, assente em milênios numerosos, é indubitável que surpreenderemos na criança todo o equipamento dos impulsos sexuais prontos à manifestação, quando a puberdade lhe assegure mais amplo controle do carro físico.

E, com esses impulsos, eis que lhe despontam do espírito as inclinações para maior ou menor ligação com esse ou aquele companheiro do núcleo familiar.

O jogo afetivo, porém, via de regra se desenrola mais intensivamente entre ela e os pais, reconhecendo-se para logo se os laços das existências passadas estão mais fortemente entretecidos com o genitor ou a genitora.

Debitando-se ao impulso sexual quase todos os alicerces da evolução sobre os quais se nos levanta a formação de espírito, é compreensível que o sexo apareça nas cogitações dos pequeninos em seu desenvolvimento natural, e, nesse território de criações da mente infantil, ser-nos-á fácil definir a direção dos arrastamentos da criança, se para os ascendentes paternos ou maternos, porquanto aí revelará precisamente as tendências trazidas de estâncias outras que o passado arquivou.

Com frequência, mas não sempre, as filhas propendem mais acentuadamente para a ligação com os pais, enquanto que os filhos se pronunciam por mais entranhado afeto para com as mães.

Subsistirá, no entanto, qualquer estranheza nisso, quando não ignoramos que toda a estrutura psicológica, em que se nos erguem os destinos, foi manipulada com os ingredientes do sexo, através de milhares de reencarnações e, aceitando os princípios de causa e efeito que nos lastreiam a experiência, desconheceremos, acaso, que os instintos sexuais nos orientaram a romagem, por milênios e milênios, no reino animal, edificando a razão que hoje nos coroa a inteligência? Apreciando isso, recordemos o cipoal das relações poligâmicas de que somos egressos, quanto aos evos transcorridos, e entenderemos, com absoluta naturalidade, os complexos da personalidade infantil.

Assim sucede, porque herdamos espiritualmente de nós mesmos, pelas raízes do renascimento físico, reencontrando, matematicamente, na posição de filhos e filhas, aqueles mesmos companheiros de experiência sentimental, com os quais tenhamos contas por acertar.

Atentos a semelhante realidade, somos logicamente impulsionados a concluir que os vínculos da criança, de uma forma ou de outra, em qualquer distrito de progresso e em qualquer clima afetivo, solicitam providências e previdências, que sintetizaremos tão somente numa palavra única: educação.


 

Do livro "Vida e Sexo", Emmanuel e Francisco C. Xavier

sexta-feira, 18 de outubro de 2024

OÁSIS DE LUZ

 

 

Suave, suavemente, belo jorro de luz desceu da Amplidão, coroando, de todo, a casa singela.

Dir-se-ia que a construção fora atingida em segundo por fúlgura cascata de raios luminescentes

Inflamara-se o teto de láurea rutilante.

As paredes coloridas por luminárias ocultas faziam-se transparentes, despedindo bonançosas centelhas.

De janelas e portas,  fluíram de inesperado, caudais de bênçãos, qual se o ambiente interior estivesse inundado de nutriente energia.

Chamas blandiciosas dissolviam as sombras, desabotoando prematura alvorada em meio às trevas noturnas e o firmamento, nos cimos, parecia cálida umbela deitando flores argenteadas sobre o anônimo ninho humano, que passara da condição de apagado recinto à ilha refulgente no mar escuro de alvenaria.

Os insetos da noite ciciaram com mais brandura, cães das proximidades aplacaram ladridos e os habitantes de residências vizinhas experimentaram sem perceber a intangível presença de paz profunda.

Contudo, na intimidade doméstica, acentuava-se, deslumbrante, o painel festivo,  qual se varinha mágica fizesse nascer de pessoas e cousas, balsâmicas radiações de entendimento e simpatia.

Trajara-se a sala modesta de surpreendente grandeza, convertida em deleitoso remanso por banho lustral de amor puro que fixava sorrisos musicais de bondade em cada fisionomia.

Halos fulgurantes revestiram todas as formas alindando-lhes os traços e as cores sob o poder de ignoto cinzel.

Auréolas de esplendor tocaram os moradores, lágrimas de jubilosa esperança tremularam, furtivas, em olhos alumiados de reconforto, rostos brilharam confiantes, impregnaram-se as frontes de lume tênue, palavras ressoaram mais ternas, tonificaram-se corações em novos haustos de força e alcandorou-se a emoção a eminências desconhecidas, em transportes de irresistível candura.

Na esteira de luz em torno, transeuntes do Espaço respiraram felizes, enquanto, não longe, menestréis da Vida Maior, vocalizaram canções de bom ânimo para todo o grupo tocado de intenso brilho.

A transfiguração arrebatadora e imprevista era Jesus, o conviva celeste em visita à casa humilde: instalara-se ali, o culto santificante do Evangelho no lar.

Meimei

 

De “Ideal Espírita”, de Francisco Cândido Xavier – Autores diversos

AJUDA!

       Atende ao convite de Cristo e segue adiante.        Ele te leva às almas sofredoras, a fim de que faças o possível para aliviar-l...