Enquanto o Tempo segue renovando
Os quadros da existência a que se
atrela,
Indagas, muita vez, alma querida e
bela,
Como vencer na prova a te agredir...
De tudo quanto aprendo, entre as
lições do mundo,
Dá-me a estrada, na luta a que me vejo
exposta,
Quatro verbos distintos por resposta:
– Amar e compreender, trabalhar e
servir.
A própria Natureza é um livro
aberto...
Se inquirisses do Sol no firmamento
Como brilhar sem pausa, firme e
atento,
Nutrindo mundos sem se consumir...
Ele, decerto, te responderia
Que o Senhor lhe traçou por alta
obrigação
Cumprir as leis da vida, tais quais
são:
– Amar e compreender, trabalhar e
servir.
Interroguei, um dia, à roseira
podada,
Já que se lhe furtava o véu de rosas,
A pancadas e injúrias espantosas,
Como devia a pobre reflorir;
Ela, porém, me disse, humilde e
crente:
– “Enriquecer a Terra é o meu dever
E, se quero evoluir, necessito
aprender
Amar e compreender, trabalhar e
servir.”
Vejo tratores retalhando o solo,
Dinamites na serra, a parti-la, de
todo,
Fontes varando tremedais de lodo,
Árvores venerandas a cair...
E se busco entender a dor do campo,
Nesses despojamentos que pesquiso,
Cada elemento fala que é preciso
Amar e compreender, trabalhar e
servir.
Assim também, alma fraterna e boa,
Se trazes sob o Tempo, aflições e
problemas,
Constrói, age, confia, crê, não temas
E resguarda no peito o anseio do
porvir;
Por mais sofras, não pares, segue à
frente,
Enquanto cada dia surge e avança,
Eis que o Céu nos repete, através da
esperança:
– Amar e compreender, trabalhar e
servir.
Francisco Cândido Xavier por Maria
Dolores.
In: A Vida Conta