quinta-feira, 31 de março de 2022

COMPANHEIROS DE JORNADA

Talvez que um dos mais belos espetáculos ante a Espiritualidade  Superior, seja o de anotar a persistência dos companheiros enfaixados na  Vida Física, sempre que se mostrem decididamente empenhados a lutar pela  vitória do bem.
    Companheiros que, em muitas ocasiões comparecem nas tarefas do bem,  vergados ao peso do sofrimento; que se reconhecem constantemente visitados  por forças contrárias aos compromissos que abraçam a lhes testarem a  resistência; que, não raro, suportam tempestades ocultas na própria alma:  que, às vezes, se sentem espancados por injúrias nascidas de muitos  daqueles aos quais se afeiçoaram com os mais altos valores da própria vida  e, que, no entanto, renovam as próprias forças na oração, através da qual  confiam em Deus e em si mesmos, prosseguindo adiante nos encargos  construtivos que lhes dizem respeito.
    Em outras circunstâncias, eles próprios caem no erro, sempre natural  naqueles que ainda caminham sob os véus da existência física, mas sabem  reerguer-se, de imediato, com suficiente humildade para o recomeço da  marcha.
    E trabalham. E se esfalfam na própria melhoria, respeitando a estrada  dos outros, da qual recolhem exemplos edificantes, sem procurarem qualquer  motivação à censura, evitando congelar a seara alheia.
*
    Se te propões a colaborar no levantamento do bem de todos, não desistas  de agir e servir.
    Momentos sobrevirão em que o teu campo de atividades parecerá coberto  de sombras e sentirás talvez o coração trânsido de lágrimas.
    Ainda assim, não te marginalizes.
    Chora, mas prossegue lutando e trabalhando pelo bem comum.
    Se tropeças, reajusta-te.
    Se cais, levanta-te e continua em serviço.
    Se desenganos te requisitam, torna ao replantio de esperanças maiores e  segue adiante, amando e auxiliando no melhor a fazer.
    Relacionando as dificuldades que todos trazemos, por enquanto, nos  recessos do ser, é justo considerar que a vitória em nós e sobre nós ainda  nos custará muito esforço de construção e reajuste, entretanto, para  altear-nos ao ideal do bem, fixando energias para sustentá-lo, recordemos o  Cristo de Deus; regressando, depois da morte, à convivência dos discípulos,  Jesus nem de longe lhes assinala as deficiências e as fraquezas e sim lhes  reafirma em plenitude de confiança: - "Estarei convosco até o fim dos  séculos."

 

(Francisco Candido Xavier. por  Emmanuel. In: Amigo)

quarta-feira, 30 de março de 2022

EM TORNO DA LIBERDADE


“Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade.

Mas não useis da liberdade para dar ocasião

à carne; antes, pelo amor, servi-vos uns aos outros”.

– PAULO. (Gálatas, 5:13)

 

Quanto mais se agiganta a evolução intelectual da Terra, mais se propalam reclamos em torno da Liberdade.

Há povos que se batem por Liberdade mais ampla.

Aparecem os chamados campeões da liberdade, levantando quartéis de opressão e esfogueadas legendas de rebeldia.

Fala-se em mais Liberdade para a juventude.

No entanto, basta uma vista de olhos, nas máquinas aperfeiçoadas do mundo moderno, para que se reconheça o impositivo inevitável da disciplina.

O automóvel chispa, vencendo barreiras, mas, se o motorista foge do equilíbrio ao volante ou se desobedece aos sinais do trânsito, o acidente sobrevém.

O avião devora distâncias, transportando o homem, através de todos os continentes, no espaço de poucas horas; todavia, se o piloto não atende aos planos traçados na direção, o desastre não se faz retardio.

Louvemos a liberdade, sim, mas a liberdade de construir, melhorar, auxiliar, elevar...

Ninguém, na Terra, foi mais livre que o Divino Mestre. Livre até mesmo da posse, da tradição, da parentela, da autoridade. Entretanto, ninguém mais do que ele se fez escravo dos Desígnios Superiores, para beneficiar e iluminar a comunidade.

Eis porque nos adverte o apóstolo Paulo, sensatamente: “fostes chamados à liberdade, mas não useis a liberdade, favorecendo a devassidão; ao invés disso, santifiquemos a liberdade, através do amor, procurando servir.”

 

Francisco Cândido Xavier por Emmanuel.

In: Palavras de Vida Eterna

terça-feira, 29 de março de 2022

CONVITE À CORAGEM


“... O Senhor pondo-se ao lado dele (Paulo),

disse: Tem bom ânimo. (Atos: capítulo 23º, versículo 11)

 

“Sorte madrasta!” — Desabafaste, após a dificuldade que te chegou de surpresa.

“Tudo de ruim me acontece!” — Proferiste, em desalinho mental, após o problema intrincado que tomou corpo sem que o esperasses.

“Não poderia ser pior!” — Reclamaste em pleno clima do desespero que te absorveu.

Todavia, relegas a plano de olvido todas as coisas boas que vens fruindo, que possuis.

Faze um giro pelos hospitais onde estão os rebotalhos do sofrimento. Além daqueles ali albergados, há outros sofredores que experimentam maior soma de inquietações...

Multidões de mutilados estão lutando para se readaptarem à vida; cegos exercitam a memória e surdos-mudos aprendem leitura labial para saírem do isolamento em que se demoram; crianças retardadas se submetem a tratamentos técnicos, penosos; gagos corrigem a fala a duros penates; operados de intrincados problemas orgânicos deixam-se conduzir sob limitações coercitivas em difíceis processos para a sobrevivência física..

E as mães desassossegadas ante filhos inditosos, esposos traidos, irmãos malsinados, cujas dores passam ignoradas?

Sai da noite a que te recolhes em pessimismo, e tem coragem.

Insucesso é ocorrência perfeitamente natural, que acontece a toda e qualquer criatura.

Problemas são desafios à luta e dificuldades são testes de promoção espiritual.

Indispensável manter o bom ânimo em qualquer lugar e posição, recordando a necessidade de nobre aplicação dos valores de que dispões:

visão, palavra, audição, movimento, lucidez e tantos outros, distribuindo bênçãos entre os que conduzem mais pesado fardo.

... E seja qual for a provação que te surpreenda, tem coragem!

O pior que pode acontecer a alguém é entregar-se à descrença, apagando a chama íntima da fé e caminhar em plena escuridão da estrada, sem arrimo.

Assim, confia em Deus, e, corajoso, prossegue de espírito tranquilo.


 

Convites da Vida

Divaldo P. Franco

Joana de Ângelis

domingo, 27 de março de 2022

MARCADOS

         
 Acerca-te dos vencidos para auxiliar.
 Não creias, porém, que eles sejam apenas os companheiros que tombaram na luta e se encontram caídos na estrada, tomados pelo desalento e o pessimismo. Concentra tua atenção e com os olhos do espírito surpreenderás muitos deles ao teu lado, guardando aparência robusta e provocando ruído para esconderem as marcas da infelicidade.
          Todavia, é imprescindível amar para ajudar com eficiência.
          Alguns são amigos assinalados por desastres e acidentes morais, que o ferrete da Lei Divina atingiu expungindo, recalcados, os pesados débitos...
          Outros são irmãos marcados por enfermidades cruéis, que lhes desorganizaram o aparelho digestivo, desviando-lhes o tubo excretor...
          Vários são companheiros vitimados por heranças físicas, que os olhos do mundo não alcançam, guardadas em tecidos caros, recuperando o pretérito...
          Diversos são os corações solitários, que se reajustam aos impositivos de afeições angustiosas, renovando o panorama da mente enferma...
          Outros tantos são espíritos de procedências várias, perturbados por sinais vigorosos que os prostram, no silêncio, aniquilando-lhes a esperança...
          Todos eles necessitam de unguento para as marcas dolorosas, que funcionam como corretivos santificantes.
          Quando os encontres, não os atormentes mais com indagações desnecessárias, ferindo-lhes as úlceras com estiletes de curiosidade negativa.
          Viajores do tempo, nas estações da Terra, possuímos nossos sinais e marcas que nos dilaceram as fibras íntimas.
          Antes que desfaleçam esses marcados, podes fazer algo em benefício deles. Mais tarde surgirá um novo dia, oportunidade nova de caminhar  e, embora sejas convidado a ajudar, orando, não poderás prever se, de um para outro momento, serás convidado pela Lei a carregar mais vigorosa marca...



(Livro: Messe de Amor. Divaldo Franco por Joanna de Ângelis)

sexta-feira, 25 de março de 2022

DIFERENÇA

 


“Crês que há um só Deus: fazes bem.

Também os demônios o creem,

e estremecem.” – (Tiago, 2:19)

 

A advertência do apóstolo é de essencial importância no aviso espiritual.

Esperar benefícios do Céu é atitude comum a todos.

Adorar o Senhor pode ser trabalho de justos e injustos.

Admitir a existência do Governo Divino é traço dominante de todas as criaturas.

Aceitar o Supremo Poder é próprio de bons e maus.

Tiago foi divinamente inspirado neste versículo, porque suas palavras definem a diferença entre crer em Deus e fazer-Lhe a Sublime Vontade.

A inteligência é atributo de todos.

A cognição procede da experiência.

O ser vivo evolve sempre e quem evolve aprende e conhece.

A diferenciação entre o gênio do mal e o gênio do bem permanece na direção do conhecimento.

O demônio, como símbolo de maldade, executa os próprios desejos, muita vez desvairados e escuros.

O anjo identifica-se com os desígnios do Eterno e cumpre-os onde se encontra.

Recorda, pois, que não basta a escola religiosa a que te filias para que o problema da felicidade pessoal alcance a solução desejada.

Adorar o Senhor, esperar e crer nEle são atitudes características de toda a gente.

O único sinal que te revelará a condição mais nobre estará impresso na ação que desenvolveres na vida, a fim de executar-lhe os desígnios, porque, em verdade, não adianta muito ao aperfeiçoamento o ato de acreditar no bem que virá do Senhor e sim a diligência em praticar o bem, hoje, aqui e agora, em seu nome.

  

Fonte Viva. XAVIER, Francisco Cândido, pelo Espírito Emmanuel.

quinta-feira, 24 de março de 2022

TUA FÉ


“E ele lhe disse: Tem bom ânimo, filha,

a tua fé te salvou; vai em paz.” (Lucas, 8:48)


É importante observar que o Divino Mestre, após o benefício dispensado, sempre se reporta ao prodígio da fé, patrimônio sublime daqueles que O procuram.

Diversas vezes, ouvi-mo-lo na expressiva afirmação: – “A tua fé te salvou.”

Doentes do corpo e da alma, depois do alívio ou da cura, escutam a frase generosa.

É que a vontade e a confiança do homem são poderosos fatores no desenvolvimento e iluminação da vida.

O navegante sem rumo e que em nada confia, somente poderá atingir algum porto em virtude do jogo das forças sobre as quais se equilibra, desconhecendo, porém, de maneira absoluta, o que lhe possa ocorrer.

O enfermo, descrente da ação de todos os remédios, é o primeiro a trabalhar contra a própria segurança. O homem que se mostra desalentado em todas as coisas, não deverá aguardar a cooperação útil de coisa alguma.

As almas vazias embalde reclamam o quinhão de felicidade que o mundo lhes deve. As negações em que perambulam transformam-nas, perante a vida, em zonas de amortecimento, quais isoladores em eletricidade. Passa corrente vitalizante, mas permanecem insensíveis.

Nos empreendimentos e necessidades de teu caminho, não te isoles nas posições negativas.

Jesus pode tudo, teus amigos verdadeiros farão o possível por ti; contudo, nem o Mestre e nem os companheiros realizarão em sentido integral a felicidade que ambicionas, sem o concurso de tua fé, porque também tu és filho do mesmo Deus, com as mesmas possibilidades de elevação.



Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

 

 


quarta-feira, 23 de março de 2022

O HOMEM FLEXÍVEL


    Nada na Terra pode vencer o homem flexível, pois tudo pode conseguir aquele que não oferece resistência. A propósito, a maioria das coisas muito duras tem grande propensão para quebrar. 


    Dizem as tradições orientais que a água é o mais poderoso dos elemen­tos, porque é a excelência no mais alto grau da "não-resistência”.     Ela pode desgastar uma rocha e arrasar tudo à sua frente. Ao mesmo tempo, quando encontra uma pedra pelo caminho, não fica irritadiça, contorna os obstácu­los; e, se pressionada por algum motivo, comprime-se o quanto quer. 
    Não fica lá, parada, censurando, pois não vê nenhuma vantagem em perder tempo e energia por causa de um incidente natural. A água se desvia da pedra e segue normalmente seu curso. Por que se estressaria com a ordem regular das coisas? 
    As águas de um rio vão para o oceano, para o grandioso. É para isso que ela está em andamento. Isso é que importa. Os detritos são entraves característicos do caminho. Se a água combatesse os pedregulhos, as grandes pedras, árvores submersas, terrenos em declive, ela se consumiria desneces­sariamente e, por consequência, retardaria sua chegada ao mar. 
    Assim como o curso natural do rio tem como desígnio levar suas águas para a imensidade do oceano, nós igualmente temos um ministério a cumprir. Se ficarmos inflexíveis, resistindo e nos envolvendo com cada um dos pequenos contratempos do cotidiano, isso só vai redundar em impedi­mento para cumprimos a tarefa evolutiva de nossa existência. 
    Os antigos sábios perceberam que, no fato do bem viver,  o que impera é a flexibilidade, tal como faz a água, o melhor modelo de fluxo da Natureza. 
    Durante as estações do ano, o que percebemos é seu movimento contínuo em todas as suas manifestações: rios, lençóis freáticos, lagos, mares, neve, degelo, nuvens e evaporação. 

    Se a vida é transformação, variação, ciclo e impermanência, o que rege a existência humana também são as oscilações sucessivas e flexíveis que obedecem a uma Ordem Providencial. É bom lembrarmos que as almas mais fortes são as mais maleáveis, abertas a mudanças e a novas informações. 
    Somos membros do Universo em contínua evolução e precisamos aprender a nos adaptar e a nos ajustar a uma visão de mundo passível de transformação, reciclando pensamentos, crenças e ideias, fazendo novas interpretações das circunstâncias e das ocorrências do cotidiano. Não deve­mos ser homens automatizados. Onde não há liberdade para se questionar, não há ética. 
    Nossa alma terá firmeza e vigor diante das intempéries se conseguir­mos manter a mesma flexibilidade do "caniço", prontos a ceder diante das renovações, reformulando planos, admitindo novas opiniões, aderindo a convicções baseadas em provas incontestáveis, fazendo associações prazerosas e estimulantes; angariando, assim, energias que fortalecem e alimentam o próprio espírito. 
    "Fluir" não quer dizer somente "passar por", "deixar-se conduzir", "percorrer distância”, "circular com rapidez". O fluxo ao qual nos referimos é muito mais do que isso. Na verdade, falamos da ritmicidade cósmica que comanda o Universo e que mantém tudo em perfeita ordem. 
    Não existe o caos. Em todas as coisas reina um ciclo, um propósito ou trajetória em completa harmonia. Às vezes, temos a impressão de que a desordem e a confusão mental invadem nosso reino interior, mas, se olharmos num nível mais profundo, perceberemos que tudo está em plena concordância. A dureza, a agitação e o tumulto provêm da postura ególatra da visão humana. 
    De modo geral, as pessoas resistentes, podem estar sendo assaltadas por fortes imagens mentais de situações de inflexibilidade vividas no lar. Quando uma criatura associa um fato recente a uma situação registrada anteriormente (ainda que não se dê conta disso), seus sentimentos agem imediatamente como se ela estivesse vivenciando o próprio fato precedente. 
    Existe uma ponte entre hábitos e generalização. A existência humana nada mais é do que uma textura de hábitos. Hábitos do pretérito somados aos do presente. Evidentemente, nossa forma costumeira de ser, fazer, sen­tir, individual ou coletivamente, é produto de nossas vivências associadas às mais diversas motivações. Elas determinam ao comportamento uma intensidade, uma direção determinada e uma forma de desenvolvimento individual da criatura. 

MORAL DA HISTÓRIA:
                     
    Novas ocorrências requerem novas conclusões. Quando verificamos nossos equívocos ou mesmo mudamos de ideia sobre algo ou alguém e, ainda assim, permanecemos inflexíveis e arrogantes diante de uma tomada de decisão, isso pode ser o caminho certo para atingirmos a infelicidade e as desditas existenciais. 
 
    Não devemos subestimar a voz do coração ou nos julgar frágeis e fracos por mudarmos nossa maneira de sentir, pensar e agir diante das coisas. Sem erro não há conhecimento; sem conhecimento não há evolução: e sem evolução o homem não teria chegado ao estágio em que se encontra. 
 
    Cabe a nós, então, encarar os desacertos como parte integrante do processo evolutivo, como algo a ser repensado. Libertemo-nos das culpas, das eternas queixas, das comoções de irritação, da agressividade e da frustração. 
 
    Tentar parecer forte, enérgico e decidido perante as situações que requerem mudança pode nos levar ao que sucedeu com o carvalho.
    Quebra "a árvore que enfrenta o vento forte e tenta a todo custo manter-se em pé; a cana dobra, inclina a fronte" e permanece ilesa.



(Livro: LA FONTAINE E O COMPORTAMENTO HUMANO. Francisco do Espírito Santo Neto ditado pelo Espírito Hammed)

segunda-feira, 21 de março de 2022

INTERROGAÇÃO DO MESTRE


“Que aproveita ao homem granjear o mundo
todo, perdendo-se ou prejudicando a si mesmo?”
– Jesus (Lucas, 9:25)

        Em verdade, com a força associada à inteligência, pode o homem terrestre:
        revolver o solo planetário;
        sugar os benefícios da Terra;
        incentivar interesses personalistas;
        erguer arranha-céus nas cidades maravilhosas;
        construir palácios para o ninho doméstico;
        elevar-se ao firmamento em máquinas possantes;
        consultar os abismos do mar;
        atravessar oceanos em navios velozes;
        estender utilidades no plano da civilização;
        criar paraísos de fantasia para os sentidos corporais;
        monopolizar os negócios do mundo;
        abrir estradas ligando continentes e povos;
        conversar à distância de milhares de quilômetros;
        dominar o dia que passa em carros de triunfo;
        substituir os ídolos de barro no altar da ilusão;
        formar exércitos poderosos, consagrados à morte;
        forjar espadas e canhões;
        ditar duras leis aos mais fracos;
        gritar a palavra de ódio em tribunais de ouro;
        exercer a vingança, oprimir, gozar, amaldiçoar...
        Em verdade, o homem, usufrutuário da Terra e depositário de confiança de Deus, pode fazer tudo isso; contudo, que lhe aproveitará tamanha exaltação se, distraído de si mesmo, se vale das glórias da inteligência para precipitar-se nos despenhadeiros da treva e da morte?


 (Livro: “Segue-me!...”,  Francisco Cândido Xavier por Emmanuel)

domingo, 20 de março de 2022

A CÓLERA


 (O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. IX

– Bem-aventurados os que são brandos e pacíficos
– Instruções dos Espíritos, itens 9 e 10)

            9. O orgulho vos induz a julgar-vos mais do que sois; a não suportardes uma comparação que vos possa rebaixar; a vos considerardes, ao contrário, tão acima dos vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece. Que sucede então? Entregai-vos à cólera.
            Pesquisai a origem desses acessos de demência passageira que vos assemelham ao bruto, fazendo-vos perder o sangue-frio e a razão; pesquisai e, quase sempre, deparareis com o orgulho ferido. Que é o que vos faz repelir, coléricos, os mais ponderados conselhos, senão o orgulho ferido por uma contradição? Até mesmo as impaciências, que se originam de contrariedades muitas vezes pueris, decorrem da importância que cada um liga à sua personalidade, diante da qual entende que todos se devem dobrar.
            Em seu frenesi, o homem colérico a tudo se atira: à natureza bruta, aos objetos inanimados, quebrando-os porque lhe não obedecem. Ah! se nesses momentos pudesse ele observar-se a sangue-frio, ou teria medo de si próprio, ou bem ridículo se acharia! Imagine ele por aí que impressão produzirá nos outros. Quando não fosse pelo respeito que deve a si mesmo, cumpria-lhe esforçar-se por vencer um pendor que o torna objeto de compaixão.
            Se ponderasse que a cólera a nada remedeia, que lhe altera a saúde e compromete até a vida, reconheceria ser ele próprio a sua primeira vítima. Mas, outra consideração, sobretudo, deveria contê-lo, a de que torna infelizes todos os que o cercam. Se tem coração, não lhe será motivo de remorso fazer que sofram os entes a quem mais ama? E que pesar mortal se, num acesso de fúria, praticasse um ato que houvesse de deplorar toda a sua vida!
            Em suma, a cólera não exclui certas qualidades do coração, mas impede se faça muito bem e pode levar à prática de muito mal. Isto deve bastar para induzir o homem a esforçar-se para a dominar. O espírita, ao demais, é concitado a isso por outro motivo: o de que a cólera é contrária à caridade e à humildade cristãs.
Um Espírito protetor. (Bordeaux, 1863.)

            10. Segundo a ideia falsíssima de que lhe não é possível reformar a sua própria natureza, o homem se julga dispensado de empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que de boa vontade se compraz, ou que exigiriam muita perseverança para serem extirpados. É assim, por exemplo, que o indivíduo, propenso a encolerizar-se, quase sempre se desculpa com o seu temperamento. Em vez de se confessar culpado, lança a culpa ao seu organismo, acusando a Deus, dessa forma, de suas próprias faltas. É ainda uma consequência do orgulho que se encontra de permeio a todas as suas imperfeições.
            Indubitavelmente, temperamentos há que se prestam mais que outros a atos violentos, como há músculos mais flexíveis que se prestam melhor aos atos de força. Não acrediteis, porém, que aí resida a causa primeira da cólera e persuadi-vos de que um Espírito pacífico, ainda que num corpo bilioso, será sempre pacífico, e que um Espírito violento, mesmo num corpo linfático, não será brando; a violência apenas tomará outro caráter. Não dispondo de um organismo próprio a lhe secundar a violência, a cólera se tornará concentrada, enquanto no outro caso será expansiva.
            O corpo não dá cólera àquele que não na tem, do mesmo modo que não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao Espírito. A não ser assim, onde estariam o mérito e a responsabilidade? O homem deformado não pode tornar-se direito, porque o Espírito nisso não pode atuar; mas, pode modificar o que é do Espírito, quando o quer com vontade firme. Não vos mostra a experiência, a vós espíritas, até onde é capaz de ir o poder da vontade, pelas transformações verdadeiramente miraculosas que se operam sob as vossas vistas? Compenetrai-vos, pois, de que o homem não se conserva vicioso, senão porque quer permanecer vicioso; de que aquele que queira corrigir-se sempre o pode. De outro modo, não existiria para o homem a lei do progresso.

Hahnemann. (Paris, 1863.)

sexta-feira, 18 de março de 2022

SOBRE A MORTE DOS ESPÍRITAS

 


(Revista Espírita, julho de 1865 - Questões e problemas - Sobre a morte dos espíritas)


Desde algum tempo a morte tem levado bem grande número de espíritas fervorosos e devotados, cujo concurso teria podido ser útil à causa. Qual a consequência a tirar deste fato?
Esta pergunta foi motivada pela morte recente do Sr. Geoffroy, de Saint-Jean-d’Angely, membro honorário da Sociedade Espírita de Paris.

(Sociedade de Paris, 26 de maio de 1865 - Médium: Sra. B***)

Como acaba de dizer o vosso presidente, um grande número de adeptos de nossa bela doutrina, de pouco tempo para cá, deixam o vosso mundo. Não os lamenteis. Depois de haverem dado as primeiras picaretadas nesse campo que ides preparar, eles foram repousar algumas horas, a fim de se prepararem para um novo trabalho; foram retemperar sua alma viril nessa fonte de vida e de progresso que, cada vez mais, deve derramar sobre vossa Terra suas ondas benfazejas. Em breve, novos atletas, eles reaparecerão na estacada, com novas forças e uma caridade mais perfeita, porque a alma que entreviu os esplendores da eterna verdade não pode recuar; mas, fiel à atração divina que quer aproximá-la do foco da Justiça, da Ciência e do Amor, segue seu caminho sem mais se desviar.
Ó, meus amigos, como é bela esta morada que vos está preparada! Tornai-vos dignos dela o quanto antes. Libertai-vos, pois, dessas suscetibilidades indignas que muitas vezes ainda se encontram entre vós. São os restos dessas raízes do orgulho, tão difícil de extirpar do vosso mundo. Entretanto, foi para destruí-lo que o Cristo se encarnou entre vós, porque enquanto ele subsistir entre os humanos, eles não chegarão à felicidade.
Meus amigos, há dezoito séculos vos pregam a admirável doutrina do Cristo, e ela ainda não foi compreendida, mas o Espiritismo, vindo ensinar-vos a desenvolver vossas faculdades intelectuais e a lhes dar uma boa direção, abre uma era nova em que se preencherá a lacuna que existia no ensino primitivo.
Estudai, pois, de maneira séria e digna de tão grave assunto, mas, sobretudo, modificai o que em vós há de imperfeito, porque o  mestre diz a todos: “Tornai-vos perfeitos, porque vosso pai celeste é perfeito.” Então vossa alma depurada elevar-se-á gloriosa para as esplêndidas regiões onde o mal não tem mais acesso e onde tudo é harmonia.



SÃO LUÍS

quinta-feira, 17 de março de 2022

EDUCAÇÃO NO LAR


“Vós fazeis o que também vistes junto

de vosso pai.” Jesus (JOÃO, 8: 38)

 

Preconiza-se na atualidade do mundo uma educação pela liberdade plena dos instintos do homem, olvidando-se, pouco a pouco, os antigos ensinamentos quanto à formação do caráter no lar; a coletividade, porém, cedo ou tarde, será compelida a reajustar seus propósitos.

Os pais humanos têm de ser os primeiros mentores da criatura. De sua missão amorosa, decorre a organização do ambiente justo. Meios corrompidos significam maus pais entre os que, a peso de longos sacrifícios, conseguem manter, na invigilância coletiva, a segurança possível contra a desordem ameaçadora.

A tarefa doméstica nunca será uma válvula para gozos improdutivos, porque constitui trabalho e cooperação com Deus. O homem ou a mulher que desejam ao mesmo tempo ser pais e gozadores da vida terrestre, estão cegos e terminarão seus loucos esforços, espiritualmente falando, na vala comum da inutilidade.

Debalde se improvisarão sociólogos para substituir a educação no lar por sucedâneos abstrusos que envenenam a alma. Só um espírito que haja compreendido a paternidade de Deus, acima de tudo, consegue escapar à lei pela qual os filhos sempre imitarão os pais, ainda quando estes sejam perversos.

Ouçamos a palavra do Cristo e, se tendes filhos na Terra, guardai a declaração do Mestre, como advertência.

 

 

Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Caminho, Verdade e Vida

AMOR SEMPRE

       Que faremos da caridade, quando todas as questões econômicas forem resolvidas?        Esta é a indagação que assinalamos, todos nós...