segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

O MUNDO E O MAL


“Não peço que os tires do mundo, mas que

os livres do mal.” Jesus (JOÃO, 17: 15)

 

Nos centros religiosos, há sempre grande número de pessoas preocupadas com a ideia da morte. Muitos companheiros não crêem na paz, nem no amor, senão em planos diferentes da Terra. A maioria aguarda situações imaginárias e injustificáveis para quem nunca levou em linha de conta o esforço próprio.

O anseio de morrer para ser feliz é enfermidade do espírito.

Orando ao Pai pelos discípulos, Jesus rogou para que não fossem retirados do mundo, e, sim, libertos do mal.

O mal, portanto, não é essencialmente do mundo, mas das criaturas que o habitam.

A Terra, em si, sempre foi boa. De sua lama brotam lírios de delicado aroma, sua natureza maternal é repositório de maravilhosos milagres que se repetem todos os dias.

De nada vale partirmos do planeta, quando nossos males não foram exterminados convenientemente.

Em tais circunstâncias, assemelhamo-nos aos portadores humanos das chamadas moléstias incuráveis.

Podemos trocar de residência; todavia, a mudança é quase nada se as feridas nos acompanham. Faz-se preciso, pois, embelezar o mundo e aprimorá-lo, combatendo o mal que está em nós.

  

 

Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Caminho, Verdade e Vida

sábado, 26 de fevereiro de 2022

NOSSOS IRMÃOS

 


Um pensamento de simpatia e de amor para os nossos irmãos que se recuperam!... Muitos são chamados criminosos, mas, em verdade, foram doentes. Sofriam desequilíbrios da alma, que se lhes encravavam no ser, quais moléstias ocultas.

        Praticaram delitos, sim... Hoje, entretanto, procuram-te a companhia, sonhando renovação.
        Amaram, ignorando que o afeto deve estar vinculado à harmonia da consciência, e amargaram terrível secura, em labirintos de sombra, a suspirarem agora pelo orvalho da luz.
        Eram sovinas e sonegavam o pão à boca faminta dos semelhantes; contudo, pretendem contigo o reingresso na escola da caridade.
        Acreditavam-se em regime de exceção, quando o orgulho lhes assoprava a mentira; no entanto, após resvalarem no erro, refugiam-se em tua fé, anelando refazimento.
        Renderam-se às tentações e foram pilhados na armadilha do mal; todavia, presentemente, buscam-te os olhos e apertam-te as mãos, ansiando esquecer e recomeçar.
        Não lhes fites o desacerto.
        Alimenta-lhes a esperança.
        Não te animarias a espancar a cabeça de quem estivesse a convalescer, depois da loucura, nem cortarias a pele em cicatrizes recentes.
        Enfermos graves da alma, todos nós fomos ontem!...
        Rende, pois, graças a Deus, se já podes prestar auxílio, porque, se chegaste ao grau de restauração em que te encontras, é que, decerto, alguém caminhou pacientemente contigo, com bastante amor de servir e bastante coragem de suportar.


(Livro: O Espírito da Verdade. Francisco Cândido Xavier por Albino Teixeira)

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

HISTÓRICO DO ESPIRITISMO


   (O Espiritismo em sua mais simples expressão)


Por volta de 1848, chamou-se a atenção, nos Estados Unidos da América, para diversos fenômenos estranhos que consistiam em ruídos, batidas e movimento de objetos sem causa conhecida. Esses fenômenos aconteciam com frequência, espontaneamente, com uma intensidade e persistência singulares; mas notou-se também que ocorriam particularmente sob a influência de certas pessoas, às quais se deu o nome de médiuns, que podiam de certa forma provocá-los à vontade, o que permitiu repetir as experiências. Para isso, usaram-se sobretudo mesas; não que este objeto seja mais favorável que um outro, mas somente porque ele é móvel é mais cômodo, e porque é mais fácil e natural sentar-se em volta de uma mesa que de qualquer outro móvel. Obteve-se dessa forma a rotação da mesa, depois movimentos em todos os sentidos, saltos, reversões, flutuações, golpes dados com violência, etc. O fenômeno foi designado, a princípio, com o nome de mesas girantes ou dança das mesas.
Até então, o fenômeno podia explicar-se perfeitamente por uma corrente elétrica ou magnética, ou pela ação de um fluído desconhecido, e esta foi aliás a primeira opinião formada. Mas não se demorou a reconhecer, nesses fenômenos, efeitos inteligentes; assim, o movimento obedecia à vontade; a mesa ia para a direita ou para a esquerda, em direção a uma pessoa designada, ficava sobre um ou dois pés sob comando, batia no chão o número de vezes pedido, batia regularmente, etc. Ficou então evidente que a causa não era puramente física e, a partir do axioma: Se todo efeito tem uma causa, todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente, concluiu-se que a causa desse fenômeno devia ser uma inteligência.
Qual era a natureza dessa inteligência? Essa era a questão. A primeira idéia foi que podia ser um reflexo da inteligência do médium ou dos assistentes, mas a experiência demonstrou logo a impossibilidade disso, porque se obtiveram coisas completamente fora do pensamento e dos conhecimentos das pessoas presentes, e até em contradição com suas ideias, vontade e desejo; ela só podia, então, pertencer a um ser invisível. O meio de certificar-se era bem simples: bastava iniciar uma conversa com essa entidade, o que foi feito por meio de um número convencional de batidas significando sim ou não, ou designando as letras do alfabeto; obtiveram-se, dessa forma, respostas para as diversas questões que se lhe dirigiam. O fenômeno foi designado pelo nome de mesas falantes. Todos os seres que se comunicaram dessa forma, interrogados sobre sua natureza, declararam ser Espíritos e pertencer ao mundo invisível. Como se tratava de efeitos produzidos em um grande número de localidades, pela intervenção de pessoas diferentes, e observados por homens muito sérios e esclarecidos, não era possível que fossem joguete de uma ilusão.
Da América, esse fenômeno passou para a França e o resto da Europa onde, durante alguns anos, as mesas girantes e falantes foram a moda e se tornaram o divertimento dos salões; depois, quando as pessoas se cansaram, deixaram-nas de lado para passar a outra distração.
O fenômeno não tardou a se apresentar sob um novo aspecto, que o fez sair do domínio da simples curiosidade. Os limites deste resumo, não nos permitem segui-lo em todas as suas fases; nós passamos, sem transição, ao que ele oferece de mais característico, ao que fixa sobretudo a atenção das pessoas sérias.
Dizemos, inicialmente, que a realidade do fenômeno encontrou numerosos contraditores; uns, sem levar em conta o desinteresse e a honradez dos experimentadores, não viram mais que hábil jogo de escamoteação. Os que não admitem nada fora da matéria, que só acreditam no mundo visível, que acham que tudo morre com o corpo, os materialistas, em uma palavra; os que se qualificam de espíritos fortes, rejeitaram a existência dos Espíritos invisíveis para o campo das fábulas absurdas; tacharam de loucos os que levavam a coisa a sério, e os cumularam de sarcasmos e zombarias. Outros, não podendo negar os fatos, e sob o império de certas ideias, atribuíram esses fenômenos à influência exclusiva do diabo e procuraram, por esse meio, assustar os tímidos. Mas hoje o medo do diabo perdeu singularmente seu prestígio; falaram tanto dele, pintaram-no de tantos modos, que as pessoas se familiarizaram com essa ideia e muitos acharam que era preciso aproveitar a ocasião para ver o que ele é realmente. Resultou que, à parte um pequeno número de mulheres timoratas, o anúncio da chegada do verdadeiro diabo tinha algo de picante para aqueles que só o tinham visto em quadros ou no teatro; ele foi para muita gente um poderoso estimulante, de modo que os que quiseram levantar, por esse meio, uma barreira às novas ideias, agiram contra seu próprio objetivo e tornaram-se, sem o querer, agentes propagadores tanto mais eficazes quanto mais forte gritavam. Os outros críticos não tiveram sucesso maior porque, aos fatos constatados, com raciocínios categóricos, só puderam opor denegações. Lede o que eles publicaram e em toda parte encontrareis prova de ignorância e de falta de observação séria dos fatos, e em nenhuma parte uma demonstração peremptória de sua impossibilidade. Toda a sua argumentação resume-se assim: "Eu não acredito, então não existe; todos os que acreditam são loucos e somente nós temos o privilégio da razão e do bom senso." O número dos adeptos feitos pela crítica séria ou burlesca é incalculável, porque em todas elas apenas se encontram opiniões pessoais, vazias de provas contrárias. Continuemos nossa exposição.
As comunicações por batidas eram lentas e incompletas; reconheceu-se que adaptando um lápis a um objeto móvel: cesta, prancheta ou um outro, sobre os quais se colocavam os dedos, esse objeto se colocava em movimento e traçava caracteres. Mais tarde reconheceu-se que esses objetos eram tão-somente acessórios que podiam ser dispensados; a experiência demonstrou que o Espírito, que agia sobre um corpo inerte dirigindo-o à vontade, podia agir da mesma forma sobre o braço ou a mão, para conduzir o lápis. Tivemos então médiuns escritores, ou seja, pessoas que escreviam de modo involuntário, sob a impulsão dos Espíritos, dos quais poderiam ser instrumentos e intérpretes. A partir daí, as comunicações não tiveram mais limites, e a troca de pensamentos pode-se fazer com tanta rapidez e desenvolvimento quanto entre os vivos. Era um vasto campo aberto à exploração, a descoberta de um mundo novo: o mundo dos invisíveis, como o microscópio havia feito descobrir o mundo dos infinitamente pequenos.
Que são esses Espíritos? Que papel desempenham no universo? Com que objetivo se comunicam com os mortais? Tais as primeiras questões que se teria a resolver. Soube-se logo, por eles mesmos, que não são seres à parte na criação, mas as próprias almas daqueles que viveram na terra ou em outros mundos; que essas almas, depois de terem despojado de seu envoltório corporal, povoam e percorrem o espaço. Não houve mais possibilidade de dúvidas quando se reconheceram, entre eles, parentes e amigos, com os quais se pôde conversar; quando estes vieram dar prova de sua existência, demonstrar que a morte para eles foi somente a do corpo, que sua alma ou Espírito continua a viver, que estão ali junto de nós, vendo-nos e observando-nos como quando eram vivos, cercando de solicitude aqueles que amaram, e cuja lembrança é para eles uma doce satisfação. 

Allan Kardec

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

ARTIGO - Revista Espírita

 

AS TRÊS CAUSAS PRINCIPAIS DAS DOENÇAS


(Revista Espírita, fevereiro de 1867 - Dissertações espíritas)

(Paris, 25 de outubro de 1866 - Médium, Sr. Desliens)

O que é o homem?... Um composto de três princípios essenciais: o espírito, o perispírito e o corpo. A ausência de qualquer um destes três princípios acarretaria necessariamente o aniquilamento do ser no estado humano. Se o corpo não mais existir, haverá o Espírito e não mais o homem; se o perispírito falta ou não pode funcionar, não podendo o imaterial agir diretamente sobre a matéria, encontrando-se assim impossibilitado de manifestar-se, poderá haver alguma coisa do gênero do cretino ou do idiota, mas não haverá jamais um ser inteligente. Enfim, se o espírito faltar, ter-se-á um feto vivendo vida animal e não um Espírito encarnado. Se, pois, temos a presença de três princípios, esses três princípios devem reagir um sobre o outro, e seguir-se-á a saúde ou a doença, conforme haja entre eles harmonia perfeita ou desarmonia parcial.
Se a doença ou desordem orgânica, como queiram chamar, procede do corpo, os medicamentos materiais sabiamente empregados bastarão para restabelecer a harmonia geral.
Se a perturbação vem do perispírito, se é uma modificação do princípio fluídico que o compõe, que se acha alterado, será necessária uma medicação adequada à natureza do órgão perturbado, para que as funções possam retomar seu estado normal. Se a doença procede do Espírito não poderíamos empregar, para combatê-la, outra coisa senão uma medicação espiritual. Se, enfim, - como é o caso mais geral, e, podemos mesmo dizer, o caso que se apresenta exclusivamente, - se a doença procede do corpo, do perispírito e do espírito, será preciso que a medicação combata simultaneamente todas as causas da desordem por meios diversos, para obtermos a cura.
Ora, o que fazem geralmente os médicos? Eles cuidam do corpo e o curam; mas curam a doença? Não. Por quê? Porque sendo o perispírito um princípio superior à matéria propriamente dita, poderá tornar-se a causa em relação a esta, e se for entravado, os órgãos materiais que se acham em relação com ele serão igualmente atingidos na sua vitalidade. Cuidando do corpo, destruís o efeito; mas, residindo a causa no perispírito, a doença voltará novamente, quando cessarem os cuidados, até que se perceba que é preciso levar alhures a atenção, cuidando fluidicamente o princípio fluídico mórbido. Se, enfim, a doença proceder da mente, do espírito, o perispírito e o corpo, postos sob sua dependência, serão entravados em suas funções, e não é cuidando de um nem do outro que se fará desaparecer a causa.
Não é, pois, vestindo a camisa de força num louco ou lhe dando pílulas ou duchas que conseguirão restituir-lhe o estado normal. Apenas acalmarão seus sentidos revoltados; acalmarão os seus acessos, mas não destruirão o germe senão o combatendo por seus semelhantes, fazendo homeopatia, espiritual e fluidicamente, como fazem materialmente, dando ao doente, pela prece, uma dose infinitesimal de paciência, de calma, de resignação, conforme o caso, como se lhe dá uma dose infinitesimal de brucina, de digitális ou de acônito.
Para destruir uma causa mórbida, há que combatê-la em seu terreno.


DR. MOREL LAVALLÉE

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

CONVITE À RENÚNCIA


“Assim, pois, todo aquele que dentre vós

não renuncia a tudo o que

possui, não pode ser meu discípulo.”

(Lucas: capítulo 14º, versículo 33)

 

Enquanto a disputa pela conquista dos valores sem-valor comanda o desequilíbrio que se generaliza entre os homens; ao tempo em que a criatura se arremessa, desvairada, na corrida do prazer a fim de se não sentir marginalizada; não obstante a sofreguidão com que os indivíduos se veem a  braços de modo a lograrem posição e relevo no cenário social; embora a fascinação pelo brilho dos primeiros lugares na ribalta das atividades com que se desajustam muitos seres, convém recordarmos a excelência da renúncia como terapêutica de alta urgência para a saúde física e mental dos que aspiram à paz e ambicionam a perene alegria...

Renúncia num exame apressado pode parecer cobardia ou significar amolentamento de caráter.

Considerando-se que é muito mais fácil a derrocada na competição das paixões animalizantes em que apenas predominam as potencialidades do instinto, a renúncia, que significa requisito moral, dificilmente logra entendimento ou aceitação.

Todavia, possuidor é aquele que cede.

Mordomos transitórios do que nos passam pelo caminho: corpo, bens, objetos, valores, somente permanecem imanentes os tesouros inapreciáveis que dimanam das fontes geratrizes do espírito: amizade, amor, perdão como títulos de caracterização legítima de cada ser e de todas criaturas.

Renunciar, todavia, não é abandonar a causa ou ideal, antes contribuir de modo eficiente para o bem geral, sem a ênfase da egolatria.

Renunciando, Jesus conseguiu modificar o estado social da Humanidade, desde a sua hora e o seu dia, facultando ao homem a perfeita identificação entre os valores reais e os transitórios bens a que se dão valor e logo se consomem.

Face a qualquer situação ou em qualquer circunstância litigiosa em que as ambições se empenhem, danosas, reflete e renúncia, liberando-te da canga constringente da ambição desvairada, porquanto as conquistas que facultam a paz, como enuncia o Evangelho, em relação ao Reino de Deus, não vêm com aparência externa.

 


Convites da Vida

Divaldo P Franco

Joanna de Ângelis

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

LUZ EM NOSSAS MÃOS!


 "Interrogado pelos fariseus sobre quando viria

o reino de Deus, Jesus lhes respondeu:

Não vem o reino de Deus com aparências

exteriores". (Lucas, 17:20)


    A Terra de hoje reúne povos de vanguarda na esfera da inteligência.
    Cidades enormes são usadas, a feição de ninhos gigantescos de cimento e aço, por agrupamentos de milhões de pessoas.
    A energia elétrica assegura a circulação da força necessária à manutenção do trabalho e do conforto doméstico.
    A Ciência garante a higiene.
    O automóvel ganha tempo e encurta distâncias.
    A imprensa e a radiotelevisão interligam milhares de criaturas, num só instante, na mesma faixa de pensamento.
    A escola abrilhanta o cérebro.
    A técnica orienta a indústria.
    Os institutos sociais patrocinam os assuntos de previdência e segurança.
    O comércio, sabiamente dirigido, atende ao consumo com precisão.
    Entretanto, estaremos diante de civilização impecável?
    À frente desses empórios resplendentes de cultura e progresso material, recordemos a palavra dos instrutores de Allan Kardec, 
nas bases da Codificação do Espiritismo.
    Perguntando a eles "por que indícios se pode reconhecer uma civilização completa", através da Questão número 793, constante 
de "O Livro dos Espíritos", deles recolheu a seguinte resposta:
    "Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados porque tendes feito grandes descobertas e 
obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor do que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o 
direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes, 
como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização".
    Espíritas, irmãos! Rememoremos a advertência do Cristo quando nos afirma que o reino de Deus não vem até nós com aparências 
exteriores; para edificá-lo não nos esqueçamos de que a Doutrina Espírita é luz em nossas mãos. Reflitamos nisso.


(De “Segue-me!...”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

E OLHAI POR VÓS

 

“E olhai por vós, não aconteça que os

vossos corações se carreguem de glutonaria,

de embriaguez e dos cuidados desta

vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia.” –

Jesus. (Lucas, 21:34)

 

Em geral, o homem se interessa por tudo quanto diga respeito ao bem-estar imediato da existência física, descuidando-se da vida espiritual, a sobrecarregar sentimentos de vícios e inquietações de toda sorte. Enquanto lhe sobra tempo para comprar aflições no vasto noticiário dos planos inferiores da atividade terrena, nunca encontra oportunidade para escassos momentos de meditação elevada. Fixa com interesse as ondas destruidoras de ódio e treva que assolam nações, mas não vê, comumente, as sombras que o invadem. Vasculha os males do vizinho e distrai-se dos que lhe são próprios.

Não cuida senão de alimentar convenientemente o veículo físico, mergulhando-se no mar de fantasias ou encarcerando-se em laços terríveis de dor, que ele próprio cria, ao longo do caminho.

Depois de plasmar escuros fantasmas e de nutrir os próprios verdugos, clama, desesperado, por Jesus e seus mensageiros.

O Mestre, porém, não se descuida em tempo algum e, desde muito, recomendou vele cada um por si, na direção da espiritualidade superior.

Sabia o Senhor quanto é amargo o sofrimento de improviso e não nos faltou com o roteiro, antecedendo-nos a solicitação, há muitos séculos.

Retire-se cada um dos excessos na satisfação egoística, fuja ao relaxamento do dever, alije as inquietações mesquinhas - e estará preparado à sublime transformação.

Em verdade, a Terra não viverá indefinidamente, sem contas; contudo, cada aprendiz do Evangelho deve compreender que o instante da morte do corpo físico é dia de juízo no mundo de cada homem.


Vinha de Luz. Francisco C. Xavier por Emmanuel.


domingo, 20 de fevereiro de 2022

O CORVO E A RAPOSA


 O CORVO E A RAPOSA
(Revista Espírita, outubro de 1862)

(SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS, 8 DE AGOSTO DE 1862)
(MÉDIUM: SR. LEYMARIE)

Desconfiai dos aduladores. É a raça mentirosa. São encarnações de duas caras, que riem para enganar. Infeliz de quem os escuta e neles acredita, pois as noções do verdadeiro nele logo se pervertem. Entretanto, quanta gente se deixa levar por esse engodo mentiroso da adulação! Escutam com satisfação o velhaco que elogia as suas fraquezas, enquanto repelem o amigo sincero que lhes diz a verdade e lhes dá bons conselhos; atraem o falso amigo e afastam o verdadeiro e desinteressado. Para agradá-los é preciso adular, aprovar tudo, tudo aplaudir e achar tudo bom, mesmo o absurdo. E - coisa estranha! - repelem conselhos sensatos e acreditam na mentira do primeiro que vier, desde que essa mentira lisonjeie as suas ideias. Que quereis? Eles querem ser enganados e o são. Muitas vezes tardiamente percebem as consequências, mas então já está feito o mal, e às vezes ele não tem remédio.
De onde vem isso? A causa desse problema é quase sempre múltipla. A primeira, sem contestação, é o orgulho que os cega quanto à infalibilidade de seu próprio mérito, que julgam superior ao dos demais. Assim, sem dificuldade o tomam como modelo do senso comum. A segunda é devida a uma falta de senso, que lhes não permite vejam o lado certo e o errado das coisas, mas nisto ainda está o orgulho, que oblitera o julgamento, porque, sem orgulho, desconfiariam de si mesmos e se aconselhariam com os que têm mais experiência.
Acreditai, ainda, que os maus Espíritos não estão alheios ao caso. Eles gostam de mistificar e de fazer armadilhas. Quem nelas cairá mais facilmente do que os orgulhosos que são adulados? O orgulho é para eles a falta de couraça de uns, assim como a cupidez é de outros. Eles sabem habilmente disso tirar partido, mas não deixam de dirigir-se aos que, do ponto de vista moral, são mais fortes.
Quereis subtrair-vos à influência dos maus Espíritos? Subi, subi tão alto em virtude que eles não vos possam atingir, e então, vós é que sereis temidos por eles. Mas, se vos deixardes arrastar pela ponta da corda, eles subirão nela para vos forçar a descida; chamar-vos-ão com voz melosa, elogiarão vossa plumagem, e, a exemplo do corvo, deixareis cair o queijo.



SONNET

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

DIFICULDADES


  É possível hajas despertado para a nova fé, sob enormes dificuldades.

        Guardas, talvez, a impressão de quem se vê defrontado por asfixia num cipoal...
        A primeira atitude, em favor da própria libertação — não te fixares nas crises e nos entraves e sim sair deles honrosamente pela aplicação ao trabalho nobilitante.
        A Divina Sabedoria nos confere o benefício da prova, para que venhamos a superá-la e assimilá-la, em forma de experiência, nunca no objetivo de confundir-nos ou arrojar-nos ao desalento.
        Se te encontras doente, reflete na lição que te é concedida, valendo-te dela para edificar espiritualmente nos irmãos que te assistem e, sob a desculpa de que sofres mais que os outros ou de que tens pouco tempo de vida, não te demandes em excessos ou irritações.
        Se te observas em pauperismo, não incrimines a ninguém pela estado de carência que atravessas, nem te revoltes contra as vantagens que favorecem os outros, mas sim, ergue-te, em espírito, e, quanto possível, esforça-te para que a diligência no desempenho das próprias obrigações te faculte novas perspectivas de reabilitação e progresso.
        Aceita o concurso alheio, que todos nós precisamos do entendimento e do amparo uns dos outros, no entanto, desenvolve os teus próprios recursos.
        Não creia que possas desfrutar, em caráter permanente, de benefícios que não plantaste.
        A luz de um amigo clarear-te-á o caminho, por algum tempo, entretanto, se queres sobrepor-te definitivamente ao domínio da sombra, é forçoso possuas a tua própria lâmpada.
        Obstáculos são desafios renovadores.
        Ouvi-los e aproveitá-los é obrigação que a vida nos atribui.


(Livro: No Portal da Luz;  Francisco Cândido Xavier por  Emmanuel) 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

MAIORIDADE


“O menor é abençoado pelo maior.”

– Paulo. (Hebreus, 7:7)

 

Em todas as atividades da vida, há quem alcance a maioridade natural entre os seus parentes, companheiros ou contemporâneos.

Há quem se faz maior na experiência física, no conhecimento, na virtude ou na competência.

De modo geral, contudo, aquele que se vê guindado a qualquer nível de superioridade costuma valer-se da situação para esquecer seu débito para com o espírito comum.

Muitas vezes quem atinge a maioridade financeira torna-se avarento, quem encontra o destaque científico faz-se vaidoso e quem se vê na galeria do poder abraça o orgulho vão.

A Lei da Vida, porém, não recomenda o exclusivismo e a separatividade.

Segundo os princípios divinos, todo progresso legítimo se converte em bênçãos para a coletividade inteira.

A própria Natureza oferece lições sublimes nesse sentido.

Cresce a árvore para a frutificação.

Cresce a fonte para benefício do solo.

Se cresceste em experiência ou em elevação de qualquer espécie, lembra-te da comunhão fraternal com todos.

O Sol, com seus raios de luz, não desampara a furna barrenta e não desdenha o verme.

Desenvolvimento é poder.

Repara como empregas as vantagens de que a tua existência foi acrescentada. O Espírito elevado de quantos já se manifestaram na Terra aceitou o sacrifício supremo, a fim de auxiliar a todos, sem condições.

Não te esqueças de que, segundo o Estatuto Divino, o “menor é abençoado pelo maior”.


 


Francisco Cândido Xavier por Emmanuel. In: Fonte Viva

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

EM PRECE


Senhor, Jesus.

 

Com a nossa jubilosa gratidão pela assistência de todos os minutos - humildes servos daqueles servidores que te sabem realmente servir -, aqui te ofertamos o nosso louvor singelo, a que se aliam as nossas súplicas incessantes.

 

No campo de atividade em que nos situas, por acréscimo de confiança e misericórdia, faze-nos sentir que todos os patrimônios da vida te pertencem, a fim de que a ilusão não nos ensombre o roteiro.

 

Mostra-nos, senhor, que nada possuímos além das nossas necessidades de regeneração, para que aprendamos a cooperar contigo, em nosso próprio favor.

 

E, na ação a que nos convocas, ilumina-nos o passo para que não estejamos distraídos.

 

Que a nossa humildade não seja orgulho.

 

Que o nosso amor não seja egoísmo.

 

Que a nossa fé não seja discórdia.

 

Que a nossa justiça não seja violência.

 

Que a nossa coragem não seja temeridade.

 

Que a nossa segurança não seja preguiça.

 

Que a nossa simplicidade não seja aparência.

 

Que a nossa caridade não seja interesse.

 

Que a nossa paz não seja frio enregelante.

 

Que a nossa verdade não seja fogo destruidor.

 

Em torno de nós, Mestre, alonga-se, infinito, o campo do bem, a tua gloriosa vinha de luz, em que te consagras com os homens, pelos homens e para os homens à construção do reino de Deus.

 

Dá-nos o privilégio de lutar e sofrer em tua causa e ensina-nos a conquistar, pelo suor da cada dia, o dom da fidelidade, com o qual estejamos em comunhão contigo em todos os momentos de nossa vida.

 

Assim seja.

 

 

Francisco Cândido Xavier por Emmanuel. In: Vozes do grande Além

BUSCANDO A FELICIDADE

A felicidade que pode realmente não existir na Terra, enquanto a Terra padecer a dolorosa influenciação de um só gemido de sofrimento, pod...