A coragem da fé!
Ante o estrugir das lutas ásperas que
espocam em toda parte, a coragem desempenha papel preponderante, sem a qual
falecem os ideais e se enfraquecem as forças com que se deve pelejar.
Muitos fogem atemorizados e perdem as batalhas
antes de enfrentá-las.
Outros se entregam ao desânimo
injustificável e se recusam as oportunidades de vitória.
Diversos meditam, receosos, e refugiam-se
na insensatez, aguardando triunfos a que não fazem jus, desarticulando as
expressivas construções da Lei, fracassando, por isso mesmo, lamentavelmente.
Constituem a caravana dos frustrados,
assoberbados pela revolta que os sevicia árdua e penosamente.
Passam em legiões, desarmados de coragem,
porque se negam à bênção do esforço em prol da renovação íntima e do entusiasmo
sadio.
Essa energia que sustenta, essa força
moral que induz ao êxito - a coragem!
A coragem é consequência natural e legítima
da fé. Abastecida pela resistência do amor, consubstancia os valores do ideal e
eleva o homem às culminâncias do
triunfo.
Coragem, porém, não significa irreflexão,
desatino, temeridade, mas, denodo, intrepidez. . .
A coragem é calma, segura, fonte geratriz
de equilíbrio que fomenta a vida e eleva o labor às cumeadas da glória.
Não infiras, como resultado dos desaires
em que sucumbes, que tais são desavisos ou desarticulações da Providência.
Nada de fora pode impedir a eclosão da
coragem, e principalmente, da coragem da fé, a mais relevante.
Dizem que há conjunturas impeditivas, que
a obstaculizam. Todavia, irmã da liberdade inerente à consciência de que todos
somos dotados, é mister eleger a fé e esposá-la. Para tanto, fundamental
alicerçá-la na razão que é vital para a coragem desdobrar-se em dádivas
santificantes.
No turbilhão que te envolve, não descoroçoes
as concessões da coragem, malbaratando-as na inutilidade.
Não fosse a coragem, os pioneiros, os
heróis, os sacerdotes, os santos, os sábios e os mártires da Humanidade não
haveriam logrado a grandeza a que se propuseram, alçando o homem aos zênites
das conquistas de vária ordem.
Experimentaram o ácido da impiedade
generalizada, provaram os acicates da zombaria, sofreram a crueza das
perseguições sob as quais elevaram os padrões humanos a excelência da
solidariedade, do amor, do conforto, da felicidade.
Ei-la anônima, valorosa em muitas
expressões:
· * a
coragem da paternidade responsável;
· * a
coragem de perseverar na verdade;
· * a
coragem de amar desinteressadamente;
· * a
coragem de ceder, quando poderia deter;
· * a
coragem de dar a vida para que outros a ganhem;
· * a
coragem de cultivar a humildade;
· * a
coragem de sofrer a injustiça, em silêncio, perseverando enobrecido;
· * a
coragem de vencer-se primeiro. . .
Diz-se que há guerras e hediondez;
apontam masmorras superlotadas de inocentes; referem-se a populações dizimadas
pela fome e vencidas pelas enfermidades. . . Sim, há tudo isso e muito mais. .
. Todavia, existem os ideais de redenção, os esforços da abnegação, as obras de
engrandecimento moral e social, os gestos de heroísmo e sacrifício e, estoico,
o bem em todo lugar cantando poemas de beleza, em nome da coragem da fé, na
certeza do amor inefável de Nosso Pai, doando-nos a vida, na direção da Vida
Perfeita.
Divaldo P. Franco por Joanna de Ângelis.
In: Celeiro de Bênçãos