sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

PECADO E PECADOR



“Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem
faz o bem, é  de Deus; mas quem faz o mal, não
tem visto a Deus.” (III João, 1:11)

A sociedade humana não deveria operar a divisão de si própria, como sendo um campo em que se separam bons e maus, mas sim viver qual grande família em que se integram os espíritos que começam a compreender o Pai e os que ainda não conseguiram pressenti-Lo.
Claro que as palavras “maldade” e “perversidade” ainda comparecerão, por vastíssimos anos, no dicionário terrestre, definindo certas atitudes mentais inferiores; todavia, é forçoso convir que a questão do mal vai obtendo novas interpretações na inteligência humana.
O evangelista apresenta conceito justo. João não nos diz que o perverso está exilado de nosso Pai, nem que se conserva ausente da Criação. Apenas afirma que “não tem visto a Deus”.
Isto não significa que devamos cruzar os braços, ante as ervas venenosas e zonas pestilenciais do caminho; todavia, obriga-nos a recordar que um lavrador não retira espinheiros e detritos do solo, a fim de convertê-lo em precipícios.
Muita gente acredita que o “homem caído” é alguém que deve ser aniquilado. Jesus, no entanto, não adotou essa diretriz.
Dirigindo-se, amorosamente, ao pecador, sabia-se, antes de tudo, defrontado por enfermo infeliz, a quem não se poderia subtrair as características de eternidade.
Lute-se contra o crime, mas ampare-se a criatura que se lhe enredou nas malhas tenebrosas.
O Mestre indicou o combate constante contra o mal, contudo, aguarda a fraternidade legítima entre os homens por marco sublime do Reino Celeste.



Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

MONTURO





“Nem presta para a terra, nem para o monturo;
lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir,
ouça.” Jesus (Lucas, 14:35)

Segundo deduzimos, Jesus emprestou significação ao monturo.
Terra e lixo, nesta passagem, revestem-se de valor essencial.
Com a primeira, realizaremos a semeadura, com o segundo é possível fazer a adubação, onde se faça necessária.
Grande porção de aprendizes, imitando a atitude dos fariseus antigos, foge ao primeiro encontro com as “zonas estercorárias” do próximo; entretanto, tal se verifica porque lhes desconhecem as expressões proveitosas.
O Evangelho está cheio de lições, nesse setor do conhecimento iluminativo.
Se José da Galiléia ou Maria de Nazaré simbolizam terras de virtudes fartas, o mesmo não sucede aos apóstolos que, a cada passo, necessitam recorrer à fonte das lágrimas que escorrem do monturo de remorsos e fraquezas, propriamente humanos, a fim de fertilizarem o terreno empobrecido de seus corações. De quanto adubo dessa natureza precisaram Madalena e Paulo, por exemplo, até alcançarem a
gloriosa posição em que se destacaram?
Transformemos nossas misérias em lições.
Identifiquemos o monturo que a própria ignorância amontoou em torno de nós mesmos, convertamo-lo em adubo de nossa “terra íntima” e teremos dado razoável solução ao problema de nossos grandes males.



Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

CONCILIAÇÃO




“Concilia-te depressa com o teu adversário,
enquanto estás no caminho com ele, para
que não aconteça que o adversário te entregue
ao juiz e o juiz te entregue ao oficial de justiça, e
te encerrem na prisão.” Jesus (Mateus, 5:25)


Muitas almas enobrecidas, após receberem a exortação desta passagem, sofrem intimamente por esbarrarem com a dureza do adversário de ontem, inacessível a qualquer conciliação.
A advertência do Mestre, no entanto, é fundamentalmente consoladora para a consciência individual.
Assevera a palavra do Senhor – “concilia-te”, o que equivale a dizer “faze de tua parte”.
Corrige quanto for possível, relativamente aos erros do passado, movimenta-te no sentido de revelar a boa vontade perseverante.
Insiste na bondade e na compreensão.
Se o adversário é ignorante, medita na época em que também desconhecias as obrigações primordiais e observa se não agiste com piores características; se é perverso, categoriza-o à conta de doente e dementado em vias de cura.
Faze o bem que puderes, enquanto palmilhas os mesmos caminhos, porque se for o inimigo tão implacável que te busque entregar ao juiz, de qualquer modo, terás então igualmente provas e testemunhos a apresentar. Um julgamento legítimo inclui todas as peças e somente os espíritos francamente impenetráveis ao bem sofrerão o rigor da extrema justiça.
Trabalha, pois, quanto seja possível no capítulo da harmonização, mas se o adversário te desdenha os bons desejos, concilia-te com a própria consciência e espera confiante.



Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

AJUDA SEMPRE




“Mas Paulo respondeu: Que fazeis vós,
chorando e magoando-me o coração?”
(Atos, 21:13)


Constitui passagem das mais dramáticas nos Atos dos Apóstolos aquela em que Paulo de Tarso se prepara, à frente dos testemunhos que o aguardavam em Jerusalém.
Na alma heróica do lutador não paira qualquer sombra de hesitação.
Seu espírito, como sempre, está pronto. Mas, os companheiros choram e se lastimam; e, do coração sensível e valoroso do batalhador do Evangelho, fluí a indagação dolorosa.
Não obstante a energia serena que lhe domina a organização vigorosa, Paulo sentia falta de amigos tão corajosos quanto ele mesmo.
Os companheiros que o seguiam estavam sinceramente dispostos ao sacrifício, entretanto, não sabiam manifestar os sentimentos da alma fiel. É que o pranto ou a lamentação jamais ajudam, nos instantes de testemunho difícil. Quem chora, ao lado de um amigo em posição perigosa, desorganiza-lhe a resistência.
Jesus chorou no Horto, quando sozinho, mas, em Jerusalém, sob o peso da cruz, roga às mulheres generosas que O amparavam a cessação das lágrimas angustiosas. Na alvorada da Ressurreição, pede a Madalena esclareça o motivo de seu pranto, junto ao sepulcro.
A lição é significativa para todo aprendiz.
Se um ente amado permanece mais tempo sob a tempestade necessária, não te entregues a desesperos inúteis. A queixa não soluciona problemas. Ao invés de magoá-lo com soluços, aproxima-te dele e estende-lhe as mãos.


Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

A PORTA




“Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade
vos digo que eu sou a porta das ovelhas.” (João, 10:7)


Não basta alcançar as qualidades da ovelha, quanto à mansidão e ternura, para atingir o Reino Divino.
É necessário que a ovelha reconheça a porta da redenção, com o discernimento imprescindível, e lhe guarde o rumo, despreocupando-se dos apelos de ordem inferior, a eclodirem das margens do caminho.
Daí concluirmos que a cordura, para ser vitoriosa, não dispensa a cautela na orientação a seguir.
Nem sempre a perda do rebanho decorre do ataque de feras, mas sim porque as ovelhas imprevidentes transpõem barreiras naturais, surdas à voz do pastor, ou cegas quanto às saídas justas, em demanda das pastagens que lhes competem. Quantas são acometidas, de inesperado, pelo lobo terrível, porque, fascinadas pela verdura de pastos vizinhos, se desviam da estrada que lhes é própria, quebrando obstáculos para atender a destrutivos impulsos?
Assim acontece com os homens no curso da experiência.
Quantos espíritos nobres hão perdido oportunidades preciosas pela própria imprudência?
Senhores de admiráveis patrimônios, revelam-se, por vezes, arbitrários e caprichosos. Na maioria das situações, copiam a ovelha virtuosa e útil que, após a conquista de vários títulos enobrecedores, esquece a porta a ser atingida e quebra as disciplinas benéficas e necessárias, para entregar-se ao lobo devorador.


Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

domingo, 26 de janeiro de 2020

É PARA ISTO




Não retribuindo mal por mal, nem injúria
por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo;
sabendo que para isto fostes chamados.”
(I Pedro, 3:9)

A fileira dos que reclamam foi sempre numerosa em todas as tarefas do bem.
No apostolado evangélico, reparamos, igualmente, essa regra geral.
Muitos aprendizes, em obediência ao pernicioso hábito, preferem o caminho dos atritos ou das dissidências escandalosas. No entanto, mais algum raciocínio despertaria a comunidade dos discípulos para a maior compreensão.
Convidar-nos-ia Jesus a conflitos estéreis, tão só para repetir os quadros do capricho individual ou da força tiranizante? Se assim fora, o ministério do Reino estaria confiado aos teimosos, aos discutidores, aos gigantes da energia física.
É contrasenso desfazer-se o servidor da Boa Nova em lamentações que não encontram razão de ser.
Amarguras, perseguições, calúnias, brutalidade, desentendimento?
São velhas figurações que atormentam as almas na Terra.
A fim de contribuir na extinção delas é que o Senhor nos chamou às suas fileiras. Não as alimentes, emprestando-lhes excessivo apreço.
O cristão é um ponto vivo de resistência ao mal, onde se encontre. Pensa nisto e busca entender a significação do verbo suportar.
Não olvides a obrigação de servir com Jesus. É para isto que fomos chamados.



Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

EM FAMÍLIA




“Aprendam primeiro a exercer piedade para
com a sua própria família e a recompensar seus
pais, porque isto é bom e agradável diante
de Deus.” Paulo (I Timóteo, 5:4)


A luta em família é problema fundamental da redenção do homem na Terra.
Como seremos benfeitores de cem ou mil pessoas, se ainda não aprendemos a servir cinco ou dez criaturas? Esta é indagação lógica que se estende a todos os discípulos sinceros do Cristianismo.
Bom pregador e mau servidor são dois títulos que se não coadunam.
O apóstolo aconselha o exercício da piedade no centro das atividades domésticas, entretanto, não alude à piedade que chora sem coragem ante os enigmas aflitivos, mas àquela que conhece as zonas nevrálgicas da casa e se esforça por eliminá-las, aguardando a decisão divina a seu tempo.
Conhecemos numerosos irmãos que se sentem sozinhos, espiritualmente, entre os que se lhes agregaram ao círculo pessoal, através dos laços consangüíneos, entregando-se, por isso, a lamentável desânimo.
É imprescindível, contudo, examinar a transitoriedade das ligações corpóreas, ponderando que não existem uniões casuais no lar terreno. Preponderam aí, por enquanto, as provas salvadoras ou regenerativas. Ninguém despreze, portanto, esse campo sagrado de serviço por mais se sinta acabrunhado na incompreensão.
Constituiria falta grave esquecer-lhe as infinitas possibilidades de trabalho iluminativo.
É impossível auxiliar o mundo, quando ainda não conseguimos ser úteis nem mesmo a uma casa pequena – aquela em que a Vontade do Pai nos situou, a título precário.
Antes da grande projeção pessoal na obra coletiva, aprenda o discípulo a cooperar, em favor dos familiares, no dia de hoje, convicto de que semelhante esforço representa realização essencial.



Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

OUÇAM-NOS




“Disse-lhe Abraão: Eles têm Moisés e
os profetas; ouçam-nos”. (Lucas, 16:29)


A resposta de Abraão ao rico da parábola ainda é ensinamento de todos os dias, no caminho comum.
Inúmeras pessoas se aproximam das fontes de revelação espiritual, entretanto, não conseguem a libertação dos laços egoísticos de modo que vejam e ouçam, qual lhes convém aos interesses essenciais.
Há precisamente um século, estabeleceu-se intercâmbio mais intenso entre os dois planos, na grande movimentação do Cristianismo redivivo; contudo, há aprendizes que contemplam o céu, angustiados tão só
porque nunca receberam a mensagem direta de um pai ou de um filho na experiência humana. Alguns chegam ao disparate de se desviarem da senda alegando tais motivos.
Para esses, o fenômeno e a revelação no Espiritismo evangélico são simples conjunto de inverdades, porque nada obtiveram de parentes mortos, em consecutivos anos de observação.
Isso, porém, não passa de contrasenso.
Quem poderá garantir a perpetuidade dos elos frágeis das ligações terrestres?
O impulso animal tem limites.
Ninguém justifique a própria cegueira com a insatisfação do capricho pessoal.
O mundo está repleto de mensagens e emissários, há milênios.
O grande problema, no entanto, não está em requisitar-se a verdade para atender ao círculo exclusivista de cada criatura, mas na deliberação de cada homem, quanto a caminhar com o próprio valor, na direção das realidades eternas.


Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

NOVOS ATENIENSES




“Mas quando ouviram falar da ressurreição
dos mortos, uns escarneciam e outros
diziam: acerca disso te ouviremos outra
vez.” (Atos, 17:32)


O contato de Paulo com os atenienses, no Areópago, apresenta lição interessante aos discípulos novos.
Enquanto o apóstolo comentava as suas impressões da cidade célebre, aguçando talvez a vaidade dos circunstantes, pelas referências aos santuários e pelo jogo sutil dos raciocínios, foi atentamente ouvido. É possível que a assembléia o aclamasse com fervor, se sua palavra se detivesse no quadro filosófico das primeiras exposições. Atenas reverenciá-lo-ia, então, por sábio, apresentando-o ao mundo na moldura especial de seus nomes inesquecíveis.
Paulo, todavia, refere-se à ressurreição dos mortos, deixando entrever a gloriosa continuação da vida, além das ninharias terrestres.
Desde esse instante, os ouvintes sentiram-se menos bem e chegaram a escarnecer-lhe a palavra amorosa e sincera, deixando-o quase só.
O ensinamento enquadra-se perfeitamente nos dias que correm.
Numerosos trabalhadores do Cristo, nos diversos setores da cultura moderna, são atenciosamente ouvidos e respeitados por autoridades nos assuntos em que se especializaram; contudo, ao declararem sua crença na vida além do corpo, em afirmando a lei de responsabilidade, para lá do sepulcro, recebem, de imediato, o riso escarninho dos admiradores de minutos antes, que os deixam sozinhos, proporcionando-lhes a impressão de verdadeiro deserto.



Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

domingo, 19 de janeiro de 2020

TABERNÁCULOS ETERNOS




“Também vos digo: Granjeai amigos com
as riquezas da injustiça, para que, quando
estas vos faltarem, vos recebam eles nos
tabernáculos eternos.” Jesus (Lucas, 16:9)


Um homem despercebido das obrigações espirituais julgará encontrar nesta passagem um ladrão inteligente comprando o favor de advogados venais, de modo a reintegrar-se nos títulos honrosos da convenção humana. Todavia,  quando Jesus fala em amigos, refere-se a irmãos sinceros e devotados, e, quando menciona as riquezas da injustiça, inclui o passado total da criatura, com todas as lições dolorosas que o caracterizam. Assim também, quando se reporta aos tabernáculos eternos, não os localiza em paços celestiais.
O Mestre situou o tabernáculo sagrado no coração do homem.
Mais que ninguém, o Salvador identificava-nos as imperfeições e, evidenciando imensa piedade ante as deficiências que nos assinalam o espírito, proferiu as divinas palavras que nos servem ao estudo.
Conhecendo-nos os desvios, asseverou, em síntese, que devemos aproveitar os bens transitórios, ao alcance de nossas mãos, mobilizando-os na fraternidade legítima para que, esquecendo os crimes e ódios de outro tempo, nos façamos irmãos abnegados uns dos outros.
Valorizemos, desse modo, a nossa permanência nos serviços da Terra, na condição de encarnados ou desencarnados, favorecendo, por todos os recursos ao nosso dispor, a própria melhoria e a elevação dos nossos semelhantes,  agindo na direção da luz e amando sempre, porquanto, dentro dessas normas de solidariedade sublime, poderemos contar com a dedicação de amigos fiéis que, na qualidade de discípulos mais dedicados e enobrecidos que nós, nos auxiliarão efetivamente, acolhendo-nos em seus corações, convertidos em tabernáculos do Senhor, ajudando-nos não só a obter novas oportunidades de reajustamento e santificação, mas também endossando perante Jesus as nossas promessas e aspirações, diante da vida superior.


Emmanuel/Chico Xavier
Livro: Pão Nosso

NAS PALAVRAS

“Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados...” (TIAGO, 5:9)   Mergulhar o divino dom da palavra no v...