sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O PEQUENO ABORRECIMENTO



Um moço de boas maneiras, incapaz de ofender os que lhe buscavam o concurso amigo, sempre meditava na Vontade de Deus, disposto a cumpri-la.

Certa vez, muito preocupado com o horário, aproximou-se de um pequeno ônibus, com a intenção de aproveitá-lo para a travessia de extenso trecho da cidade em que morava, mas, no momento exato em que o ia fazer, surgiu-lhe à frente um vizinho, que lhe prendeu a atenção para longa conversa.

O rapaz consultava o relógio, de segundo a segundo, deixando perceber a pressa que o levava a movimentar-se rápido, mas o amigo, segurando-lhe o braço, parecia desvelar-se em transmitir-lhe todas as minudências de um casoabsolutamente sem importância.

Contrafeito com a insistência da conversação aborrecida e inútil, o jovem ouvia o companheiro, por espírito de gentileza, quando o veículo largou sem ele.

Daí a alguns minutos, porém, correu inquietante a notícia.
 A máquina estava sendo guiada por um condutor embriagado e precipitara-se num despenhadeiro, espatifando-se.

Ouvindo com paciência uma palestra incômoda, o moço fora salvo de triste desastre.

O jovem refletiu sobre a ocorrência e chegou à conclusão de que, muitas vezes, a Vontade Divina se manifesta, em nosso favor, nas pequenas contrariedades do caminho, ajudando-nos a cumprir nossos mais simples deveres, e passou a considerar, com mais respeito e atenção, as circunstâncias inesperadas que nos surgem à frente, na esfera dos nossos deveres de cada dia.

(Francisco Cândido Xavier

por Meimei. In: Pai Nosso)

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

LEMA DE AMOR



Se anseias atingir os domínios da paz,
Não tentes posses vãs nem guardes sombra alguma:
Tristezas e aflições, de vez, uma por uma,
Remove do caminho e deixa para trás!

Ante golpes e ardis da estrada, mostra, em suma,
Toda a força do bem de que sejas capaz.
Em quando o mal te envolva ou fira vencê-lo-ás
Como o sol em silêncio extingue o frio e a bruma.

Desculpa a incompreensão e abençoa na vida
A boca que te beija e escarnece em seguida.
Aprimora por meta e ajuda por prazer...

Do apanágio da estrela à modéstia da escória,
Eis o lema de amor para a eterna vitória:
— Dar, servir, recompor, trabalhar e esquecer...

(De “Sonetos de vida e luz”,

de Waldo Vieira – Adolfo Figueiredo)

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

DESFAVORAVELMENTE




"Não imiteis o homem que se apresenta como
modelo e trombeteia ele próprio suas
qualidades a todos os ouvidos complacentes."
(Alan Kardec - E.S.E. Cap. XVII -ltem 8)


Não julgue desfavoravelmente, mesmo que sua observação o ajude na conclusão precipitada. 

Você não pode pretender ter examinado o assunto sob todos os ângulos. Muita coisa, que você vê, não é exatamente como você vê...
 * 
Não comente desfavoravelmente, mesmo que tenha sobejas razões para fazê-lo.

Você não sabe como se portaria, se estivesse na posição do antagonista. O que você sabe não se deu realmente como você sabe...
 * 
Não pense desfavoravelmente, mesmo que encontre apoio na atitude de todos.

Você não conhece o assunto com a consideração devida. O que você conhece não expressa a realidade como você pensa...

Não informe desfavoravelmente, mesmo que você esteja senhor do assunto.

Você não dispõe de possibilidades para prever as mudanças que se operam num minuto. O de que você está informado não é conhecimento bastante para que você informe como foi informado...
 *
 Não opine desfavoravelmente, quando você puder ajudar, só porque muitos são contra.

Você não pode discordar, somente para agradar a maioria. O de que você tem notícia não se passou como lhe disseram...
 *
Ouça a opinião de duas pessoas de gostos musicais diferentes, saindo de um concerto de música clássica...

No dia do julgamento de Jesus-Cristo, a multidão julgava, comentava, pensava, informava e opinava desfavoravelmente a Ele...

Crucificado, deu ganho de causa aos assassinos e perseguidores.

No entanto, o material com que O julgaram e as testemunhas que O acusaram não representavam a verdade, porque, enquanto todos estavam ligados aos interesses inconfessáveis do mundo, desejavam alijá-lo da Terra.

Ele, que era o Senhor do mundo, ficou, porém, em silêncio, fiel ao Supremo Pai, porfiando até o fim.


(Divaldo Pereira Franco
por Marco Prisco.
In: Glossário Espírita-Cristão)


terça-feira, 17 de setembro de 2013

AJUDE SEMPRE



Diante da noite, não acuse as trevas. Aprenda a fazer lume. 
*
Em vão condenará você o pântano. Ajude-o a purificar-se.
*
No caminho pedregoso, não atire calhaus nos outros. Transforme os calhaus em obras úteis.
*
Não amaldiçoe o vozerio alheio. Ensine alguma lição proveitosa, com o silêncio.
*
Não adote a incerteza, perante as situações difíceis. Enfrente-as com a consciência limpa.
*
Debalde censurará você o espinheiro. Remova-o com bondade.
*
Não critique o terreno sáfaro. Ao invés disso, dê-lhe adubo.
*
Não pronuncie más palavras contra o deserto. Auxilie a cavar um poço sob a areia escaldante.
*
Não é vantagem desaprovar onde todos desaprovaram. Ampare o seu irmão com a boa palavra.
*
É sempre fácil observar o mal e identificá-lo. Entretanto, o que o Cristo espera de nós outros é a descoberta e o cultivo do bem para que o Divino Amor seja glorificado.

(Francisco Cândido Xavier

por André Luiz. in: Agenda Cristã)

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A LOUCURA DA VIOLÊNCIA




Entre as expressões do primarismo, no mercado das paixões humanas, destaca-se com realce a violência, espalhando angústia e dor.

Remanescente dos instintos agressivos, ela estiola as mais formosas florações da vida, estabelecendo o caos.

Em onda volumosa arrasa, deixando destroços por onde passa, alucinada.

*

Na raiz da violência encontra-se a falta de desenvolvimento do senso moral, que o espírito aprimora através da educação, do exercício dos valores éticos, da amplitude de consciência.

Atavismo cruel, demora de ser transformada em ação edificante, face às suas vinculações com os reflexos instintivos do período animal, que se prolongam, perturbadores.

Não apenas gera aflição, quando desencadeada, como também provoca reações equivalentes em sucessão quase incontrolável, arrebentando tudo quanto se lhe opõe no percurso destrutivo.

Todo o empenho em favor da preservação dos valores morais deve ser colocado a serviço da paz, como antídoto à força devastadora da violência.

*

Pequenos exercícios de autocontrole terminam por criar hábitos de não-violência.

Disciplinas mentais e silêncios fortalecidos pela confiança em Deus geram a harmonia que impede a instalação desse desequilíbrio.

Atividades de amor, visando o bem e o progresso da criatura humana e da sociedade, constituem patamar de resistência às investidas dessa agressividade.

Reflexões em torno dos deveres morais produzem a conscientização do bem, gerando o clima que preserva os sentimentos da fraternidade.

A violência é adversária do processo de evolução, fomentadora da loucura. Quem lhe tomba nas garras exaure-se, e, sem forças, termina no abismo do auto-aniquilamento ou do assassínio...

*

A violência disfarça-se no lar, quando os cônjuges não respeitam os espaços, os direitos que lhes cabem reciprocamente;

quando os filhos se sentem preteridos por falsos valores do trabalho, do dinheiro, do poder...

Na sociedade, quando os preços escorcham os necessitados;

quando os interesses pessoais extrapolam os seus limites e perturbam os outros;

quando a comodidade e os prazeres de alguns agridem os compromissos e os comportamentos alheios;

quando as injustiças sociais estiolam os fracos a benefício dos fortes aparentes;

quando os sentimentos inferiores da maledicência, da calúnia, da inveja, da traição, do suborno de qualquer tipo, da hipocrisia, disseminam suas infelizes sementes;

quando os pendores asselvajados não encontram orientação;

quando as ilusões e fugas, os vícios e aliciamentos levam às drogas, ao sexo desvairado, às ambições absurdas, explodindo nas ruas do mundo e invadindo os lares;

quando os governantes perdem a dignidade e estimulam a prevalência da ignorância, provocando guerras nacionais e internacionais...

A violência, de qualquer natureza, é atraso moral, síndrome do primitivismo humano remanescente.

*

O homem e a mulher estão fadados à paz, à glória estelar.

Assim, liberta-te daqueles remanescentes agressivos que terminam insuflando-te reações infelizes.

Se te compraz ainda mantê-los, tem a coragem de te violentares, superando-os ou domando-os, e contribuirás para o apressar do progresso humano.

Como não te é lícito conivir com o erro, ensina pela retidão os mecanismos da felicidade, evitando a ira, a cólera, o ódio.

A ira é fagulha que ateia o fogo da violência. A cólera é combustível que a mantém, e o ódio é labareda que a amplia.

Pensa em Jesus, e, em qualquer circunstância, interroga-te como Ele agiria, se estivesse no teu lugar. Tentando-o, lograrás imitá-lO, fazendo como Ele, sem nenhuma violência.


(Divaldo Pereira Franco por Joanna de Ângelis. In: Momentos Enriquecedores)


terça-feira, 10 de setembro de 2013

PRECE DO ENTENDIMENTO



    Agradeço as bênçãos que me deste, sem que eu soubesse compreendê-las.

    Roguei-te paz e me enviaste as tribulações que me tumultuaram o recanto de ação, compelindo-me a lutar, por dentro de mim, para asserenar aqueles que me cercam e somente após reconhecê-los tranqüilos é que notei a paz de todos eles, habitando em meu coração.

    Supliquei-te defesa e determinaste que forças contrárias ao meu reconforto me atingissem o espírito e o ambiente em que me encontro, obrigando-me a longo esforço para criar refúgio e apoio para quantos me confiaste ao amor e, apenas depois de observá-los felizes, é que reconheci comigo a alegria de todos eles em forma de segurança.

    Obrigado, Senhor, porque não me doaste aquilo de que eu precisava, segundo as minhas requisições e sim de acordo com as minhas necessidades.

    E agradeço ainda, porque me mostraste, sem palavras, a significação do ensino que transmitiste ao teu apóstolo da humanidade.

    - "É dando que se recebe."

(Francisco Cândido Xavier por Meimei. In: Deus Aguarda)


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O DESÂNIMO



    Tóxico imobilizador, o desânimo se insinua suavemente, dominando as reservas da coragem e submetendo o combatente à sua ação perturbadora.

    Instala-se, a pouco e pouco, inspirando pessimismo e mal-estar, que se agrava, qual invasor que conquista passo a passo os espaços abandonados à sua frente.

    O desânimo é inimigo covarde que ceifa mais vidas do que o câncer, pelos resultados que logra na economia do comportamento humano.
*
    Quando sintas a insinuação do desânimo, ciciando-te falsos motivos para que abandones a peleja, ou a postergues, ou a desconsideres, tem cuidado.

    Usa a razão e expulsa-o da casa mental.

    Às vezes, se te apresenta na condição de mágoa defluente de qualquer incompreensão sofrida, e, noutras ocasiões, em forma de exaustão de forças, que deves superar, mediante mudança de atitude mental e de atividade física.

    A marcha do tempo é inexorável.

    De qualquer forma, as horas se sucedem.

    Utiliza-as de maneira condigna, mesmo que, a peso de sacrifícios.

    Quando transponhas a barreira da dificuldade, constatarás a vantagem de haver perseverado, descobrindo-te rico de paz, face aos tesouros de amor e realização que adquiriste.

    Motivo algum deve servir de apoio para o desânimo.

    Tudo, na vida, constitui convite para o avanço e a conquista de valores, na harmonia e na glória do bem.

   
 (FRANCO, Divaldo Pereira. Episódios Diários.

Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 10)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

DIFICULDADES E PROBLEMAS



Não admita possa alguém construir algo de bom sem dificuldades. Pense nos problemas que uma simples semente deve encontrar a fim de germinar para servir.
*
Indique uma pessoa capaz de se manter na onda do êxito sem sofrer obstáculos.
*
Muitas vezes é na prestação de um serviço incômodo que você vai achar os melhores ingredientes para a solução de seus problemas.
*
Não ore por vida fácil!...
Roguemos a Deus ombros fortes, não só para carregar o bendito fardo das obrigações que nos competem, como também para sermos mais úteis.

"Cada coração pode ser um manancial de bênçãos."


(Francisco Cândido Xavier por André Luiz. In: Endereços da Paz)

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

PRECONCEITO



 “...Tendo-o visto, lhe disse: Zaqueu, apressai-vos em descer,
Porque é preciso que eu me aloje hoje em vossa
casa. Zaqueu desceu logo e o recebeu com alegria.
Vendo isso, todos murmuraram dizendo: Ele foi
alojar-se na casa de um homem de má vida...”
(Capítulo 16, item 4.)


    Diz-se que um indivíduo atingiu um bom nível ético quando pensa por si mesmo em termos gerais e críticos; quando dirige sua conduta conforme julgar correto, demonstrando assim independência interior; quando é autônomo para definir o bem e o mal, sem seguir fórmulas sociais; e, por fim, quando não é escravo das suas crenças inconscientes, porque faz constante exercício de autoconhecimento.
    Por nosso quadro de valores ter sido adquirido de forma não vivencial é que nosso mundo íntimo está repleto de preconceitos e nosso nível ético encontra-se distante da realidade.
    Ter preconceitos é, pois, assimilar as coisas com julgamento preestabelecido, fundamentado na opinião dos outros. Os preconceitos são as raízes de nossa infelicidade e sofrimento neurótico, pois deterioram nossa visão da vida como uma lasca que inflama a área de nosso corpo em que se aloja. Aceitamos esses valores dos adultos com quem convivemos, de uma maneira e forma tão sutis que nem percebemos. Basta a criança observar um comentário sobre a sexualidade de alguém, ou a religião professada pelos vizinhos, para assimilar ideias e normas vivenciadas pelo adulto que promove a crítica. De maneira distorcida, baseia-se no julgamento de outrem, quando é válido somente o autojulgamento, apoiado sempre na análise dos fatos como realmente eles são.
    Qual seria então tua visão atual a respeito do sexo, religião, raça, velhice, nação, política e outras tantas? Seriam formadas unicamente sem a influência dos outros? Será que tua forma de ver a tudo e a todos não estaria repleta de obstáculos formados pelos teus conceitos preestabelecidos?
    Por não estares atento ao processo da vida em ti, é que precisas do juízo dos outros, tornando-te assim dependente e incapacitado diante de tuas condutas.
    Jesus de Nazaré demonstrou ser plenamente imune a qualquer influência alheia quanto a seus sentimentos e sentidos de vida, revelando isso em várias ocorrências de seu messiado terreno.
    Ao visitar a casa de Zaqueu, não deu a mínima importância aos murmúrios maldizentes das criaturas de estrutura psicológica infantil, pois sabia caminhar discernindo por si mesmo.
    Toda alma superior tem um sistema de valores não baseado em regras rígidas; avalia os indivíduos, atos e atitudes com seu senso interior,sentimentos, emoções e percepções intuitivas, tendo assim apreciações e comportamentos peculiares. Para ela, cada situação é sempre nova e cada pessoa é sempre um mundo à parte.
    Em verdade, Cristo veio para os doentes que têm a coragem de reconhecer-se como tais, não porém para os sãos, ou para aqueles que se mascaram. Zaqueu, vencendo os próprios conceitos inadequados de chefe dos publicanos, derrubou as barreiras do personalismo elitista e rendeu-se à mensagem da Boa Nova.
    Despojou-se do velho mundo que detinha na estrutura de sua personalidade e renovou-se com conceitos de vida imortal, aceitando-se como necessitado dos bens espirituais. Disse Jesus: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado” (Marcos 2:27).
    Ao dizer isso, o Mestre se referia ao antigo mandamento de Moisés, que impedia toda e qualquer atividade aos sábados, e que Ele, por sabedoria e por ser desprovido de qualquer preconceito, entendia a serventia dessa lei para determinada época, porém queria agora mostrar aos homens que “as experiências passadas são válidas, mas precisam ser adequadas às nossas necessidades da realidade presente”.
    Nossos preconceitos são entraves ao nosso progresso espiritual.


 (Francisco do Espírito Santo por Hammed. In: Renovando Atitudes)

NAS PALAVRAS

“Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados...” (TIAGO, 5:9)   Mergulhar o divino dom da palavra no v...