sexta-feira, 30 de novembro de 2012

ENCOLERIZAS-TE?



 Irrupção aturdente que, à semelhança de lavas vulcânicas, procede do teu âmago, a cólera converte-se em substância fatal.
            Aos poucos, se não te reeducas, essas lavas, em se derramando de ti sobre ti mesmo, conseguem, pouco a pouco, corroer a tua expressão de equilíbrio em processo de construção vagarosa em tua alma.
            Por que te encolerizas pelas avenidas ou pelos guetos terrestres?
            Encolerizas-te, por certo, ao veres-te contestado por alguém que supões te seja inferior. Quem é essa pessoa para opor-se a mim?
            Encolerizas-te, possivelmente, quando, atalhado por alguém que sabes te seja superior em qualquer ângulo dos caminhos. Por que essa pessoa destrata-me ou me desmerece desse modo?
            Encolerizas-te quando não consegues alcançar os objetivos que traçaste, positivos ou negativos. Por que tudo sai errado comigo?
            Encolerizas-te se a condução que esperas não vem ou vem com a lotação completa e não pára para levar-te. Ora, estou há tanto tempo esperando e ela passa direto...
            Encolerizas-te ante a administração mal desenvolvida; perante a política que não te atende; diante de pessoas que não te aceitam.  Encolerizas-te pelo tempo ruim no fim de semana; pela visita indesejada que te impede fazer outro programa; pelo balconista desatento que te atende mal.
            Doença soez, morbo desagregador, a cólera se nutre na vala fétida do orgulho, fazendo-te admitir que és ou que deves ser alguém intocável, embora saibas estar num orbe de provações e de expiações, desde as mais simples às mais inabordáveis, por sua gravidade.
            Detém-te para meditar, porque te estarás matando, engendrando suicídio infeliz por desfalcar as tuas energias vitais, deixando-te espiritualmente depauperado.
            Cada vez que te encolerizas, te assemelhas a uma pessoa em processo de loucura, incontrolável, indomável, vexaminosa.
            Cada vez que te encolerizas, ao te recompores já não te assentarás, psiquicamente, onde estavas antes da alucinação. Ao te acalmares estarás mais desgastado, e, aos poucos, de crise em crise, perturbar-te-ás de morte. Um infarto, um acidente vascular, uma apoplexia, muitas vezes têm raízes nos acessos coléricos que não corrigiste a tempo.
            Renova-te. Faze esforço por te reeducares. Somente o tempo nobremente aproveitado conseguirá conferir-te galardão de emancipação espiritual, com o exercício da calma, da indulgência, do perdão, a fim de que sejas feliz.


(Livro: Revelações da Luz. J. Raul Teixeira por Camilo)

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

PERSEVERANÇA


        
Perseverança é a capacidade de esforço sustentador.
        É a confirmação do “querer é poder”.
        Sem perseverança tudo tende a se desmoronar, a cair de nossas mãos.
        Quando temos um ideal, o primeiro passo é materializá-lo.
        Começar já é meio caminho andado.
Obstáculos, dificuldades, críticas, isto certamente encontraremos pelo frente. Para o verdadeiro idealista, esses empecilhos são desafios que ele se dispõe a vencer, e lhe servem até de estímulo e convite à luta.
        O idealista é um desbravador por excelência; nunca espera que a situação o favoreça, pois ele mesmo faz a situação surgir, não esperando que ela venha ao seu encontro.
        O entusiasmo dos idealistas lhes confere as nobre liderança dos espíritos que vieram para abrir caminho e marchar à frente dos menos ousados e dos ainda incapazes de perceber a necessidade das transformações e inovações necessárias.
        No entanto, cada um de nós traz uma incumbência que terá de ser executada pelo próprio. Ninguém poderá realizar a tarefa de ninguém. Somos responsáveis por todos os nossos atos, que se tornam o resultado natural das nossas ações; e por estas responderemos, queiramos ou não.
        O líder tem a incumbência de mostrar o caminho, mas quanto aos esforços de abri-lo, é tarefa que compete a todos, bem como a energia para percorrê-lo.
        A perseverança em conseguir deverá nascer em cada viajor. Aquele que parar será esquecido, e cairá em aflição, enquanto os demais avançam e se adiantam em qualidades, mantendo a paz de espírito dos que cumpriram bem os seus deveres. Os negligentes não podem acusar ninguém pelos seus infortúnios.
        Se o cansaço se apossar de nós, se nos faltarem as forças, apelemos para Deus, rogando-lhe ajuda, e um cirineu surgirá, ajudando a erguer-nos e nos incentivando a prosseguir.
        Se permanecermos inertes, lamentando-nos, as oportunidades ficarão perdidas, e só nos restará, com pesar, assistir a vitória dos que perseveraram.
        Quereríamos, acaso, tornarmo-nos vítimas, fazendo dos nossos problemas uma carga para outros carregarem sobre os ombros? E o nosso mérito, onde entraria?
        Perseveremos, caros companheiros, em nossa boa disposição de alcançarmos a meta para que viemos, e a paz será conosco.

(Livro: ...A VERDADE E A VIDA, de Cenyra Pinto)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

PARÁBOLA DO FERMENTO



“O Reino dos Céus é semelhante ao fermento,
que uma mulher tomou e escondeu em
três medidas de farinha, até ficar toda ela levedada.”
(Mateus, XIII, 33 – Lucas, XIII, 20-21.)

          Não há quem ignore o processo da panificação. Lança-se um tanto de fermento na massa de farinha, mistura-se e espera-se que fique toda levedada, para o que muito concorre o calor.
        Aparentemente, quem vê a massa não diz que tem fermento; entretanto, depois de algumas horas, a própria massa levedada acusa a presença do mesmo.
        Assim é o Reino dos Céus: o homem não se pode transformar, de simples e ignorante, em elevado e sábio de um momento para outro, como o levedo não transforma a farinha na mesma hora em que nela é posto.
        Aos poucos, à medida que ouve a voz dos profetas, a palavra dos emissários do Alto, a inteligência do homem se vai esclarecendo e o seu Espírito se transforma: ele assimila o Reino dos Céus, que à prima facie lhe pareceu um enigma, mas depois se lhe apresentou positivo, racional, lógico.
        Quem diria que uma só medida de fermento, em três medidas de farinha, leveda a mesma? É preciso, porém, lembrar que o calor, não só na farinha para o pão, como também no homem, para a transformação de Espíritos, é indispensável. E este calor pode traduzir-se na atividade que empregamos para o progresso que somos chamados a conquistar.

(Livro: Parábolas e Ensinos de Jesus, de Cairbar Schutel)

terça-feira, 27 de novembro de 2012

JORNADA ACIMA



“O Céu e o Inferno”
1a  Parte, cap. VI, item 13


    Ergue a flama da fé na imortalidade, e caminha!
    Os que desertaram da confiança gritar-te-ão impropérios, entrincheirados na irresponsabilidade que lhes serve de esconderijo.
    Demagogos do desânimo, dirão, apressados, que o mundo nunca se desvencilhará da lei de Caim; que os tigres da inteligência continuarão devorando os cordeiros do trabalho; que a mentira, na História, prosseguirá entronizando criminosos na galeria dos mártires; que a perfídia se anteporá, indefinidamente, à virtude; que a mocidade é carne para canhões e prostíbulos; que as mães amamentam para o sepulcro; que as religiões são fábulas piedosas para consumo de analfabetos; que as tenazes da guerra te constringirão a cabeça, sufocando-te a voz no silêncio do horror... Tentarão, decerto, envolver-te na nuvem do pessimismo, induzindo-te a esquecer o presente e o futuro, na taça de tranquilidade e prazer em que anestesiam o pensamento.
    Contudo, reflete levemente e perceberás que os trânsfugas do dever, acolhidos à negação e infantilizados no medo, simplesmente desfrutam a paz dos entrevados e a alegria dos loucos.
*
    Ora por eles, nossos irmãos que ainda não amadureceram o entendimento para a altura da vida, e segue adiante.
    Na escuridão mais espessa, acende a chama da prece, e, onde todos se sentirem desalentados, fala, sem revolta, a palavra de esperança que desenregele os corações mumificados no desconsolo. Um gesto de bondade sobre a agonia de alguém que oscila, à beira do abismo, e uma gota de bálsamo espremida com amor numa ferida que sangra bastam, muitas vezes, para renovar multidões inteiras.
    Sobretudo, nos mais aflitivos transes da provação, não percas a paciência.
    Não consegues emendar os companheiros desarvorados, mas podes restaurar a ti mesmo.
    Embora contemplando assaltos e violências, ruínas e escombros, avança jornada acima, apagando o mal e fazendo o bem.
    Criatura alguma, na Terra, escapará da grandeza fatal da justiça e da morte; no entanto, sabemos todos que a justiça, por mais dura e terrível, é sempre a resposta da Lei às nossas próprias obras, e que a morte, por mais triste e desconcertante, é sempre o toque de ressurgir.

(Livro: Justiça Divina. Francisco Cândido Xavier por Emmanuel)

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

OCIOSIDADE



Sorrateiramente se instala na casa mental, entorpecendo a vontade.
    Disfarça-se de cansaço, sugerindo repouso.
    Justifica-se como necessidade de refazimento de forças, exigindo, cada vez, maior soma de horas.
    Apresenta-se como enfermidade, impondo abandono de tarefas.
    Desculpa-se, em nome da exaustão das energias, que deseja recobrar.
    Reage contra qualquer proposição de atividade que implique no inconveniente esforço.
    A ociosidade é cruel inimigo da criatura humana e fator dissolvente que se insinua nas tarefas do bem, nas comunidades que laboram pelo progresso.
    Após vencer aquele de quem se apossa, espalha o seu ar mefítico, contaminando quantos se acercam da sua vítima, que se transforma em elemento pernicioso, refugiando-se em mecanismos de evasão de responsabilidade sob a condição de abandonado pela fraternidade alheia.
* * *
    O ocioso faz-se ególatra; termina impiedoso.
    Solicita direitos, sem cumprir com os deveres que lhe dizem respeito.
    Parasito social, é hábil na dissimulação dos propósitos infelizes que agasalha.
    Dispõe de tempo para censurar os que trabalham e observa, nos outros refletidas, as imperfeições que de si transfere.
    Sua palavra enreda os incautos, torpedeando os programas que exigem ação.
    Quando não se demora anestesiado, mentalmente, pelos vapores tóxicos que emite e absorve, consegue exibir falsa compostura, atribuindo-se superioridade que está longe de possuir, no ambiente onde se encontra.
    Escolhe serviços e especifica tarefas, que jamais cumpre integralmente, acusando os outros ou escusando-se por impedimentos que urde com habilidade.
    É adorno de aparência agradável, que sugere valor ainda não conseguido.
    Bom palestrante, conselheiral, cômodo, refugia-se na gentileza para atrair simpatias, desde que lhe não seja exigido esforço.
    Sabe usar os recursos alheios e estimula as tendências negativas, insuflando, com referências encomiásticas, o orgulho, a vaidade, a insensatez.
    Na enfermidade de que padece, não se dá conta da inutilidade que o caracteriza.
* * *
    Teresa d'Ávila, atormentada por problemas artríticos e outros, na sua saúde delicada, exauria-se, silenciosa, nas tarefas mais cansativas do Monastério, embora portadora de excelentes dons espirituais.
    Bernadette Soubirous, a célebre vidente de Lourdes, afadigava-se, enferma, nos trabalhos mais vigorosos, até a total impossibilidade de movimentos.
    Allan Kardec, advertido pelo seu médico, Dr. Deméure, então desencarnado, para que poupasse as energias, prosseguiu ativo até o momento da súbita desencarnação.
    E Jesus, que jamais se escusou ao trabalho, são lições que não podem nem devem ser ignoradas.
* * *
    Se não gostas ou não queres trabalhar, sempre encontrarás justificativas para dissimular a ociosidade.
    O progresso de que necessitas, porém, não te desculpará o tempo perdido ou mal empregado.
    Volverás à liça, em condição menos afortunada, sendo-te indispensável o esforço para a sobrevivência.
    Os membros, que se não movimentam na atividade edificante, atrofiam-se, perdem a finalidade, e apenas se recuperarão sob injunções mui dolorosas.
    Oxalá te resguardes da ociosidade.
    Melhor a exaustão decorrente do bem, vivenciado a cada instante, do que a agradável aparência, cuidada e rósea, mediante a exploração do esforço alheio e a nutrição da inutilidade ociosa.

(Livro: Otimismo. Divaldo P. Franco por Joanna de Ângelis)

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

OS DOIS VOLTAIRES



 (Sociedade Espírita de Paris, grupo Faucherand
Médium: Sr. E. Vézy)
 (Revista Espírita, maio de 1862)

Sou eu mesmo, mas não aquele Espírito trocista e cáustico de outrora. O reizinho do século dezoito, que dominava pelo pensamento e pelo gênio a tantos soberanos, hoje não mais tem nos lábios aquele sorriso mordaz, que fazia tremer os inimigos e os próprios amigos! Meu cinismo desapareceu diante da revelação das grandes coisas que eu tinha pretensão de saber, mas que só conheci no além-túmulo!
Pobres cérebros demasiado estreitos para conterem tantas maravilhas! Humanos, calai-vos e humilhai-vos ante o poder supremo! Admirai e contemplai! É o que podeis fazer. Como quereis aprofundar Deus e o seu grande trabalho? Apesar de todos os seus recursos, a vossa razão não se quebra diante do átomo e do grão de areia que ela não pode definir?
Eu empreguei a minha vida a procurar e conhecer Deus e seu princípio. Minha razão se enfraqueceu e eu cheguei ao ponto não de negar Deus, mas a sua glória, o seu poder e a sua grandeza. Eu o explicava desenvolvendo-se no tempo. Uma intuição celeste me dizia que rejeitasse tal erro, mas eu não escutava e me fiz apóstolo de uma doutrina mentirosa... Sabeis por quê? Porque, no tumulto e na confusão de meus pensamentos, num entrechoque incessante, eu só via uma coisa: meu nome gravado no frontão do templo da memória das nações! Eu só via a glória que me prometia essa juventude universal que me cercava e parecia saborear com suave delícia a essência da doutrina que eu lhe ensinava.
Entretanto, empurrado não sei por qual remorso de minha consciência, quis parar, mas era tarde. Como toda utopia, todo sistema que abraçamos nos arrasta. A princípio segue a torrente, depois nos arrasta e nos quebra, tão rápida e violenta é por vezes a sua queda.
Crede-me, vós que aqui estais à procura da verdade, encontrá-la-eis quando tiverdes tirado de vosso coração o amor às lantejoulas, que um tolo amor-próprio e um tolo orgulho fazem brilhar aos vossos olhos.
Na nova via por onde marchais, não temais combater o erro e desafiá-lo, quando se erguer à vossa frente. Não é uma monstruosidade preconizarmos uma mentira, contra a qual ninguém ousa defender-se, pelo fato de saber-se que fizemos discípulos que ultrapassaram as nossas crenças?
Vedes, meus amigos, que o Voltaire de hoje não é mais aquele do século dezoito. Eu sou mais cristão, porque aqui venho fazer-vos esquecer a minha glória e vos lembrar o que eu fui na juventude e o que eu amava em minha infância.
Oh! Como eu gostava de me perder no mundo dos pensamentos! Minha imaginação ardente e viva percorria os vales da Ásia em busca daquele que chamais Redentor... Eu gostava de percorrer os caminhos que ele tinha percorrido. E como me parecia grande e sublime esse Cristo em meio à multidão! Eu acreditava ouvir a sua voz poderosa, instruindo os povos da Galileia, das bordas do Tiberíades e da Judeia!...
Mais tarde, nas minhas noites de insônia, quantas vezes me ergui para abrir uma velha Bíblia e reler suas páginas santas! Então minha fronte se inclinava diante da cruz, esse sinal eterno da redenção, que une a Terra ao Céu, a criatura ao Criador!... Quantas vezes admirei esse poder de Deus, subdividindo-se, por assim dizer, e cuja centelha se encarna para fazer-se tão pequena, vindo entregar a alma no Calvário, em expiação!...vítima augusta cuja divindade eu negava, e que, entretanto, me fez dizer:

                        Teu Deus que tu traíste, teu Deus que tu blasfemas;
                        Para ti, para o Universo, Morreu nesses lugares!

            Sofro, mas expio a resistência que opunha a Deus. Eu tinha a missão de instruir e esclarecer. A princípio o fiz, mas o meu facho se extinguiu nas minhas mãos, na hora marcada para a luz.
            Felizes filhos do século dezenove e do século vinte, a vós é que é dado ver luzir o facho da verdade. Fazei que vossos olhos vejam bem a sua luz, porque para vós ela terá radiações celestes, e sua claridade será divina!

VOLTAIRE

Filhos, deixei que em meu lugar falasse um dos vossos grandes filósofos, principal chefe do erro. Quis que ele viesse dizer-vos onde está a luz. Que vos parece? Todos virão repetir-vos: “Não há sabedoria sem amor nem caridade”. Dizei-me, que doutrina será mais suave para ensinar que o Espiritismo? Nunca seria demasiado repetir-vos que o amor e a caridade são as duas virtudes supremas que unem, como diz Voltaire, a criatura ao Criador. Oh! Que mistério e que laço sublime! Ínfimo verme da Terra, que pode tornar-se tão poderoso que a sua glória atingirá o trono do Eterno!...

SANTO AGOSTINHO

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

PÁGINA AOS PAIS


  
  Por maiores que sejam os compromissos que te prendam a obrigações dilatadas, na esfera dos negócios ou na vida social, consagrarás à família as atenções necessárias.

    Lembrar-te-ás de que o lar não é tão somente refúgio que o arquiteto te planeou, baseando estudos e cálculos nos recursos do solo.

    Encontrarás nele o templo de corações, em que as Leis de Deus te situam transitoriamente o Espírito, a fim de que aprendas as ciências da alma no internato doméstico.

    "Honrarás teu pai e tua mãe..." proclama a Escritura e daí se subentende que precisamos também dignificar nossos filhos.

    Ainda mesmo se eles, depois de adultos, não nos puderem compreender, nada impede venhamos a entendê-los e auxiliá-los, tanto quanto nos seja possível, sem que por isso necessitemos coartar os planos superiores de serviço que nos alimentou o coração.

    Reconhecendo o débito irresgatável para com os teus pais, os benfeitores que te entreteceram no mundo  a felicidade do berço, darás aos teus filhos, com a luz do exemplo  no dever cumprido, a devida oportunidade para a  troca de impressões e de experiências.

    Se ainda não consegues oferta-lhes o culto do Evangelho em casa, asserenando-lhes as perguntas e ansiedades, com os ensinamentos do Cristo, não te esqueças do encontro sistemático em família, pelo menos semanalmente, a fim de atender-lhes as necessidades da alma.

    Detém-te a registrar-lhes as indagações infanto-juvenis, louva-lhes os projetos edificantes e estimula-lhes o ânimo à pratica do bem.

    Não abandones teus filhos à onda perigosa das paixões insofreadas, sob o pretexto de garantir-lhes personalidade e emancipação.

    Ajuda-os e habilita-os espiritualmente para a vida de hoje e de amanhã.

    Sobretudo, não adies o momento de falar-lhes e de ouvi-los, pois a hora da tormenta de provações, na viagem da Terra, se abate, mais dia menos dia, sobre a fronte de cada um, por teste de resistência moral, na obra de melhoria e resgate, elevação e aprimoramento em que nos achamos empenhados.

    Preserve no aviso e na instrução, no carinho e na advertência, enquanto o ensejo te favorece, porquanto, muito dificilmente conseguimos escutar-nos uns aos outros por ocasião de tumulto ou tempestade, e ainda porque ensinar equilíbrio, quando o desequilíbrio já se instalou, significa, na maioria das vezes, trabalho fora do tempo ou auxílio tarde demais.

    (Livro: Família. Francisco Cândido Xavier por Emmanuel)

terça-feira, 20 de novembro de 2012

PRATICAS A CARIDADE?


           
Por meio de uma linha de pensamentos de enternecedora sensibilidade, nas páginas de luz de O Evangelho Segundo o Espiritismo, o notável Adolfo, bispo de Argel, trabalha eloquente reflexão sobre a prática da beneficência.
            Enaltecendo os valores que estão enraizados na realização beneficente, o nobre religioso desencarnado faz pensar todo aquele que passa pelo mundo, muitas vezes sem atinar para a importância da sua atuação junto às dores e às dificuldades outras, que aturdem incontáveis filhos de Deus.
            Não são poucos os que afirmam que se as pessoas sofrem é porque fizeram por merecer. Que não deveríamos intervir para que não as impeçamos de cumprir o seu resgate com as leis do Sempiterno.
            Não caberia duvidar do fato de que os padecimentos de quaisquer ordens estão alicerçados sobre necessidades provacionais ou expiatórias. Conviria, porém, cada um refletisse nas razões que levaram o Criador a situar esses necessitados exatamente próximos a nós.
            Sabemos que Deus não se equivoca, e, por não se equivocar, aproxima os que necessitam receber daqueles que necessitam aprender a dar.
            É imprescindível que cada alma reencarnada no planeta desenvolva a sensibilidade diante dos problemas alheios, tanto quanto gostaria de contar com a sensibilidade dos outros em suas quadras de sofrimentos morais ou de carências materiais.
            Nessas atitudes de elaborar o bem do próximo é que a caridade opera os milagres do amor, propiciando inabordáveis estesias aos corações que a operam.
            E tu que avanças na busca de Deus, pelos caminhos do mundo, praticas a caridade?
            Sabes que numa sociedade complexa como a em que vives, são infinitas as chances de realizares a caridade, pois não é só de pão, roupa ou medicação que se constituem as necessidades humanas.
            A caridade da boa palavra chega sempre em boa hora, para alguém aflito, sem nobres perspectivas para os caminhos.
            A caridade do silêncio será auxílio eficaz na hora do tumulto, quando alguém necessita de espaço mental para pensar e meditar por si mesmo.
            A caridade da mensagem de esperança, para quem não vê senão desalento e caos na própria estrada.
            A caridade de dizer não a quem se apresta para mergulhar em pântanos de alucinações contando com o seu aval.
            A caridade da presença cooperadora, que permita aos irmãos saberem que podem contar conosco em tempos de abandono e indiferença.
            A caridade da oferta de um livro espírita a alguém que procura caminhos, enovelado nos cipoais de concepções intelectuais desses tempos.
            Pára e pensa em tudo isso, e inicia ou prossegue o teu esforço por praticar a caridade, porque é por meio dela que, consoante o bispo de Argel, o mundo encontrará a felicidade.

(Livro: Revelações da Luz.  J. Raul Teixeira por Camilo)

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

NORMA DA VIDA



Sinto-te o coração dorido em prece
E perguntas, em pranto, alma querida e boa:
— “Como guardar a fé, sem que a prova nos doa
Nos recessos do ser?
Uma norma de paz haverá sobre a Terra,
Que consiga sanar as chagas da alma triste?”
Sem pretensão, respondo que ela existe:
— Trabalhar e esquecer.

A própria Natureza é um livro aberto.
Recorda o tronco antigo e a tempestade;
Desçam raios do céu, a nuvem brade,
Sob a crise da noite a estremecer,
Ei-lo, porém, ereto e firme, aguentando a
tormenta...
Quebra-se-lhe quase toda a ramaria,
Ele guarda, no entanto, as instruções da vida:
— Trabalhar e esquecer.

Vejo a terra humilhada na lavoura,
Ferida e massacrada
Ao peso do trator e entre golpes de enxada
Tem nos vulcões rugindo o seu bravo gemer...
Mas, mesmo assim, produz o pão do mundo,
Injuriada e revolvida
Atende a ordenação que recebe da vida:
— Trabalhar e esquecer.

O fio d’água que nasceu na serra,
Pouco a pouco se fez amplo regato,
Percorrendo quilômetros de mato,
A correr e a correr...
Dessedentando pombos e serpentes,
Sofre a baba do lobo que o domina
E segue para o mar, ante a norma divina:
— Trabalhar e esquecer!...

Assim também, alma querida e boa,
Se carregas contigo farpas de amargura,
Desencanto, tristeza, desventura,
Chora, mas faze o bem — nosso alto dever...
Quanto às pedra e empeços do caminho,
Desengano e aflição, mágoa e mudança,
Olvida!... E segue as vozes da esperança;
— Trabalhar e esquecer!...

(Livro: Assembleia de Luz. Francisco Cândido Xavier por Maria Dolores)

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

SE TENS FÉ



    Em Doutrina Espírita, fé representa dever de raciocinar com responsabilidade de viver.
     Desse modo, não te restrinjas à confiança inerte, porque a existência em toda parte nos honra, a cada um, com a obrigação de servir.
     Se tens fé, não permitirás que os eventos humanos te desmantelem a fortaleza do coração.
     Transitarás no mundo, sabendo que o Divino Equilíbrio permanece vigilante e, mesmo que os homens transformem o lar terrestre em campo de lodo e sangue, não ignoras que a Infinita Bondade converterá um e outro em solo adubado para que a vida refloresça e prossiga em triunfo.
     Se tens fé não registrarás os golpes da incompreensão alheia, porquanto identificarás a ignorância por miséria extrema do espírito e educarás generosamente a boca que injuria e a mão que apedreja.
     Ainda que os mais amados te releguem à solidão, avançarás para a frente, entendendo e ajudando, na certeza de que o trabalho te envolverá o sentimento em nova luz de esperança e consolação.
     Se tens fé, não te limitarás a dizê-la simplesmente, qual se a oração sem as boas obras te outorgasse direitos e privilégios inadmissíveis na Justiça de Deus, mas, sim, caminharás realizando a vontade do Criador, que é sempre o bem para todas as criaturas.
     Se tens fé, sustentarás, sobretudo, o esforço diário do próprio burilamento, através das pequeninas e difíceis vitórias sobre a natureza inferior, como sendo o mais alto serviço que podes prestar aos outros, de vez que, aperfeiçoando a nós mesmos, estaremos habilitando a consciência para refletir, com segurança, o amor e a sabedoria da Lei.

(Livro: O Espírito da Verdade.Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira por Emmanuel)

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

TRANQUILIDADE EM TUDO



            Em tudo o que fizeres não te esqueças da tranquilidade. Esse gesto assinala o estado da tua vida e o valor que já conquistaste no campo onde mourejas.
            O que procuramos é a harmonia interna; ela ajusta os nossos passos para que não percamos o ambiente do Senhor Jesus. A ocupação não pode ser esquecida nos caminhos da alma em Jesus Cristo; é no trabalho orientado que nasce o amor, em se transformando em caridade; é a caridade em busca do perdão, é o perdão que batalha para granjear a amizade.
            Tranquilidade nos faz lembrar o cuidado permanente da serenidade ajustada às coisas certas; tudo isso e muitas outras coisas mais que geram harmonia não nos deixam esquecer a labuta rumo ao aprimoramento.
            Jesus é o ponto energético que aciona nossas forças internas para a laboração do Divino em nós. Vamos nos lembrar sempre, todos os dias, de nosso Guia, o Cristo; ligando-nos a Ele, receberemos o impulso da busca a nos iluminar por dentro, nos incentivando para todas as realizações do bem comum.
            Fomos feitos simples e ignorantes, no entanto, com todos os valores em estado de sono na intimidade, esperando que a nossa maturidade acorde esse tesouro espiritual, a nos mostrar que somos perfeitos, porque viemos da perfeição.
            A Doutrina Espírita nos mostra como fazer de nós mesmos um todo de luz, pois os Espíritos benfeitores despejam na humanidade, pelas páginas ditadas por eles, uma profusão de entendimentos que eles sabem buscar na vida do Divino Amigo, com a mais alta interpretação dos valores da natureza. Mas isso sempre na tranquilidade que encontram nas leis de Deus.
            Meus queridos companheiros, a felicidade somente é encontrada quando encontramos a harmonia vibrando na cidade íntima da nossa consciência, de maneira a fazer irrigação para o coração e para os impulsos da mente. Não penses que possamos fazer isso sem a ajuda do trabalho. O Espírito superior não perde tempo em descanso inútil; sempre está fazendo tarefa que beneficia ao próximo, atendendo ao chamado das próprias leis naturais, que nos falam através da vida, que nunca para.
            A cura dos nossos desequilíbrios depende de nós; Deus já fez a Sua parte desde o princípio,  e Jesus nos ensina há bilhões de anos. E nós, o que fizemos até hoje? Pensemos nisso e trabalhemos.
            Falamos de tranquilidade em tudo, mas não no sentido de ficarmos descansando. O cristão trabalha no próprio descanso, por já ter despertado para a luz. E se o Espiritismo é Jesus voltando, não pode o Mestre voltar sem intenso serviço em favor da libertação humana.
            Tu, que te encontras lendo, vê a tua vida, se está sendo útil; se não, começa agora a fazer algo de bom. O serviço com o Cristo é libertação da alma, é vida e mais vida nos caminhos, é paz no coração.
            Um dos trabalhos que mais cresce em nós é o estudo bem orientado da Doutrina Espírita. Cabe-nos despertar os valores de Deus na nossa intimidade. E isso é Jesus conosco, é estarmos conscientes em Deus.

(Livro: Cura-te a ti mesmo. João Nunes Maia por Miramez)

terça-feira, 13 de novembro de 2012

ANTE O APELO DO CRISTO


      
  “Sede perfeitos”! — conclamou o Divino Mestre — entretanto, sabemos que estamos presentemente mais distantes da perfeição que o verme da estrela.
* * * * * * * 
          Ainda assim, Jesus não formularia semelhante apelo se estivesse ele enquadrado no labirinto inextricável do “impossível”.
          Podemos e devemos esposar a nossa iniciação no aprimoramento para a Vida Superior, começando a ser bons.
* * * * * * *
          Entretanto, é necessário distinguir bondade da displicência com que muita vez nos rendemos à falsa virtude, de vez que, em toda parte, existem criaturas boas, emaranhadas na negação da verdadeira bondade.
* * * * * * *
          Vemos pessoas de boas intenções acendendo a fogueira da discórdia, entronizando a astúcia no culto devido à inteligência; para consolidar a maldade; para empreender a separatividade; para os objetivos da desordem; para a conservação da ignorância e da penúria que amortalham grande parte da Humanidade.
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          Busquemos o padrão do Cristo e sejamos bons, quanto o Mestre nos ensinou.
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          É natural não possas ser apresentado, de imediato, em carros de triunfo, à frente da multidão, categorizado à conta de santo ou de herói, mas podes ser o irmão do próximo, estendo-lhe as mãos fraternas.
* * * * * * *
          Observa, em torno da mesa farta ou ao redor da saúde que te garante a harmonia orgânica e considera as tuas possibilidades de auxiliar.
          Podes ser o irmão do companheiro infeliz, através de alguma frase de bom ânimo, o benfeitor do coração materno infortunado, o salvador da criança que luta com a enfermidade e com a morte, pela gota de remédio restaurador.
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          Podes ser o amigo dos animais e das árvores, o preservador das fontes e o defensor das sementes que sustentarão o celeiro de amanhã.
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          Desperta e faze algo que te impulsione para a frente na estrada de elevação.
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          Não te detenhas.
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          A vida não te reclama atitudes sensacionais, gestos impraticáveis, espetáculos de súbita grandeza...
          Pede simplesmente que sejas sempre melhor para aqueles que te cruzem os passos.
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          Esqueçamos o mal e procuremos o bem que nos esclareça e melhore.
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          Ainda agora e aqui mesmo, enquanto relemos o convite do Senhor, podemos formular no coração uma prece por todos aqueles que ainda não nos possam compreender e, através da oração, começar a obra de nosso aperfeiçoamento para a Vida Imortal.

(Livro: Canais da Vida. Francisco Cândido Xavier por Emmanuel)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

SEDATIVO


       
 ... Em toda situação insegura, arrima-te
à confiança em Deus, amparando aos
que te rodeiam...


    É possível te encontres sob impacto de aflitiva agitação.
    Pacifica e serve.
    Espera e trabalha.
    Se dificuldades te espantam, eis chega a hora da fé ativa, requisitando-te mais apoio em favor dos outros.
    Se provações desabaram no caminho, terá soado o instante da paciência.
    Surgiram companheiros incompreensivos...
    Estarão em erro.
    Viste irmãos desinformados...
    Necessitam eles de esclarecimento na luz da tolerância.
    Despontam acusadores...
    Precisam de assistência fraterna.
    Destacam-se aqueles outros que envenenam circunstâncias e pessoas, quando a mente se lhes mergulha em desequilíbrio...
    São doentes, aguardando medicação.
    Em toda situação insegura, arrima-te à confiança em Deus, amparando aos que te rodeiam.
    E à frente de todos os que, porventura, te buscam tirar a serenidade, criando problemas e conflitos, matricula-te, pela imagem, na tua enfermaria de silêncio, e oferece-lhe o sedativo da oração.

(Livro: Amizade. Francisco Cândido Xavier por Meimei)

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

OBSTÁCULO



Quando te sintas sob o frio do desengano, não creias que o esforço que despendeste no bem haja sido infrutífero.
          O desarranjo de certa máquina te ensina a paciência.
          O afastamento de um companheiro terá sido o meio de te acordar as energias adormecidas, para que te desenvolvas em ação mais ampla.
          O dinheiro que te era devido e ainda na recebeste é um convite da vida que trabalhes mais e melhor.
          A doença controlada ou vencida é uma lição que te auxilia a guardar a própria saúde.
          Quando a crise te busque, lembra-te de que o obstáculo está simplesmente instando contigo para que recomeces a própria tarefa, outra vez.

(Livro: Neste instante. Francisco Cândido Xavier por Emmanuel)

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

ANTE A VIDA MENTAL

      
  Quando a criatura passa a interrogar o porquê do destino e da dor e encontra a luz dos princípios espiritistas a clarear-lhe os vastos corredores do santuário interno, deve consagrar-se à apreciação do pensamento, quando lhe seja possível, a fim de iniciar-se na decifração dos segredos que, para nós todos, ainda velam o fulcro mental.
          Se as incógnitas do corpo fazem no mundo a paixão da ciência, que designa exércitos numerosos de hábeis servidores para a solução dos problemas de saúde e genética, reconforto e eugenia, além-túmulo a grandeza da mente desafia-nos todos os potenciais de inteligência, no trato metódico dos assuntos que lhe dizem respeito.
          A psicologia e a psiquiatria, entre os homens da atualidade, conhecem tanto do espírito, quanto um botânico, restrito ao movimento em acanhado círculo de observação do solo, que tentasse julgar um continente vasto e inexplorado, por alguns talos de erva, crescidos ao alcance de suas mãos.
          Libertos do veículo de carne, quando temos a felicidade de sobrepairar além das atrações de natureza inferior, que, por vezes, nos imantam à crosta da Terra, indefinidamente, compreendemos que o poder mental reside na base de todos os fenômenos e circunstâncias de nossas experiências isoladas ou coletivas.
          A mente é manancial vivo de energias criadoras.
          O pensamento é substância, coisa mensurável.
          Encarnados e desencarnados povoam o Planeta, na condição de habitantes dum imenso palácio de vários andares, em posições diversas, produzindo pensamentos múltiplos que se combinam, que se repelem ou que se neutralizam.
          Correspondem-se as idéias, segundo o tipo em que se expressam, projetando raios de força que se alimentam ou deprimem, sublimam ou arruínam, integram ou desintegram, arrojados sutilmente do campo das causas para a região dos efeitos.
          A imaginação não é um país de névoa, de criações vagas e incertas. É fonte de vitalidade, energia, movimento...
          O idealismo operante, a fé construtiva, o sonho que age, são os pilares de todas as realizações.
          Quem mais pensa, dando corpo ao que idealiza, mais apto se faz à recepção das correntes mentais invisíveis, nas obras do bem ou do mal.
          E, em razão dessa lei que preside à vida cósmica, quantos se adaptarem, ao reto pensamento e à ação enobrecedora, se fazem preciosos canais da energia divina, que, em efusão constante, banha a Humanidade em todos os ângulos do Globo, buscando as almas evoluídas e dedicadas ao serviço da santificação, convertendo-as em médiuns ou instrumentos vivos de sua exteriorização, para benefício das criaturas e erguimento da Terra ao concerto dos mundos de alegria celestial.

(Livro: Roteiro. Francisco Cândido Xavier por Emmanuel)

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A BALANÇA


   
  Quando menino eu vivia brigando com meus companheiros de brinquedos. E voltava para casa lamuriando e queixando-me deles. Isto ocorria, as mais das vezes, com Beto, o meu melhor amigo.
    Um dia, quando corri para casa e procurei mamãe para queixar-me do Beto ela me ouviu e disse o seguinte:
    - Vai buscar a sua balança e os blocos.
    - Mas, o que tem isso a ver com o Beto?
    - Você verá... Vamos fazer uma brincadeira.
    Obedeci e trouxe a balança e os blocos. Então ela disse:
     - Primeiro vamos colocar neste prato da balança um bloco para representar cada defeito do Beto. Conte-me quais são.
    Fui relacionando-os e certo número de blocos foi empilhado daquele lado.

    - Você não tem nada mais a dizer? Eu não tinha e ela propôs: Então você vai, agora, enumerar as qualidades dele. Cada uma delas será um bloco no outro prato da balança.
    Eu hesitei, porém ela me animou dizendo:
    - Ele não deixa você andar em sua bicicleta? Não reparte o seu doce com você?
    Concordei e passei a mencionar o que havia de bom no caráter de meu amiguinho. Ela foi colocando os blocos do outro lado. De repente eu percebi que a balança oscilava. Mas vieram outros e outros blocos em favor do Beto.
    Dei uma risada e mamãe observou:
    - Você gosta do Beto e ficou alegre por verificar que as suas boas qualidades ultrapassam os seus defeitos. Isso sempre acontece, conforme você mesmo vai verificar ao longo de sua vida.
    E de fato. Através dos anos aquele pequeno incidente de pesagem tem exercido importante influência sobre meus julgamentos. Antes de criticar uma pessoa, lembro-me daquela balança e comparo seus pontos bons com os maus. E, felizmente, quase sempre há uma vantagem compensadora, o que fortalece em muito a minha confiança no gênero humano.

(Livro: E para o resto da vida, de Wallace Leal Rodrigues)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

ALGUÉM DEVE PLANTAR



"Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento
veio de Deus". - Paulo (I Coríntios, 3:6)


    Nada de personalismo dissolvente na lavoura do espírito.
    Qual ocorre em qualquer campo terrestre, cultivador algum, na gleba da alma, pode jactar-se de tudo fazer nos domínios da sementeira ou da colheita.
    Após o esforço de quem planta, há quem siga o vegetal nascente, quem o auxilie, quem o corrija, quem o proteja.
    Pensando, porém, no impositivo da descentralização, no serviço espiritual, muitos companheiros fogem à iniciativa nas construções de ordem moral que nos competem. Muitos deles, convidados a compromissos edificantes, nesse ou naquele setor de trabalho, afirmam-se inaptos para a tarefa, como se nunca devêssemos iniciar o aprendizado do aprimoramento íntimo, enquanto que outros asseveram, quase sempre com ironia, que não nasceram para líderes. Os que assim procedem costumam relegar para Deus comezinhas obrigações no que tange à elevação, progresso, acrisolamento, ou melhoria, mas as leis do Criador não isentam a criatura do dever de colaborar na edificação do bem e da verdade, em favor de si mesma.
    Vejamos a palavra do Apóstolo Paulo, quando já conhecia os problemas do autoaperfeiçoamento, em nos referindo à evangelização: "Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento veio de Deus".
    A necessidade do devotamento individual à causa da Verdade transparece, clara, de semelhante conceituação.
    Sabemos que a essência de toda atividade, numa lavra agrícola, procede, originariamente, da Providência Divina. De Deus vem a semente, o solo, o clima, a seiva e a orientação para o desenvolvimento da árvore, como também dimanam de Deus a inteligência, a saúde, a coragem e o discernimento do cultivador, mas somos obrigados a reconhecer que alguém deve plantar.

(Livro: Segue-me!...  Francisco Cândido Xavier por Emmanuel)

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

SEGURANÇA ÍNTIMA


    
  Ante os impactos emocionais do cotidiano, estimarias construir a segurança íntima, a fim de que a serenidade se te faça constante cidadela defensiva e podes, indiscutivelmente, construir semelhante refúgio.
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        Inicia a edificação da própria paz, observando que todos necessitamos pensar por nós mesmos, embora sabendo que somos influenciáveis pelas ideias alheias.
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        Aceitando-nos na condição de parcelas da imensa família humana, verificaremos que as nossas dificuldades não são maiores que as dos outros.
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        Integrando a comunidade terrestre, suscetível de adotar numerosos enganos em razão do aprendizado em que nos encontramos, somos impelidos a entender que não estamos isentos de cometer determinados erros e que isso é compreensível, à maneira do sinal vermelho, no trânsito comum, convidando-nos a parar, de modo a seguirmos adiante, em espaço imune de riscos.
***
       Alertados pelo impositivo de atender ao caminho que nos seja próprio, aprenderemos que a estrada dos entes mais queridos pode ser muito diferente da nossa.
***
        Admitindo cada criatura por transeunte ou viajor no carro da própria existência, saberemos zelar por nossas diretrizes, sem interferir na condução do próximo.
***
        Partilhando a realidade de todos, ser-nos-á fácil reconhecer que, os contratempos que nos ocorram, talvez igualmente aconteçam na marcha dos seres que amamos, competindo-nos auxiliá-los, tanto quanto desejamos ser auxiliados na solução de nossos problemas.
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        A convicção de que todos nos achamos em caminho, buscando realizações mais ou menos idênticas entre si, sob riscos análogos, nos podará qualquer impressão de privilégio, à frente dos companheiros da Humanidade, com os quais precisamos estar em paz, na garantia da própria segurança.
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        Reflete nisso e concluirás que esse ou aquela viajor no mundo tem necessidade de proteger a viatura que lhe diga respeito, de maneira a não suscitar desastres que ameacem aos outros e a si mesmo.
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        A serenidade habitará conosco, na Terra, quando aí compreendermos que toda criatura irmã tem o seu próprio corpo, com os sonhos, compromissos, realizações e iniciativas a que se associe, o que nos afastará dos julgamentos precipitados e das condenações indébitas, para que estejamos em plena vivência da regra áurea, cuja prática é o coração da felicidade a fim de que estejamos na felicidade do coração.

(Livro: Calma. Francisco Cândido Xavier por Emmanuel)

O LIVRO LIVRA


       
 Cada livro edificante é porta libertadora.
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       O livro espírita, entretanto, emancipa a alma, nos fundamentos da vida.
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       O livro científico livra da incultura, mas o livro espírita livra da crueldade, para que os louros intelectuais são se desregrem na delinquência.
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       O livro filosófico livra do preconceito, no entanto, o livro espírita livra da divagação delirante, a fim de que a elucidação não se converta em palavras inúteis.
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       O livro piedoso livra do desespero, mas o livro espírita livra da superstição, para que a fé não se abastarde em fanatismo.
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       O livro jurídico livra do desespero, mas o livro espírita livra da parcialidade, a fim de que o direito não se faça instrumento de opressão.
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       O livro técnico livra da insipiência, mas o livro espírita livra da vaidade, para que a especialização não seja manejada em prejuízo dos outros.
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       O livro de agricultura livra do primitivismo, no entanto, o livro espírita livra da ambição desvairada, a fim de que o trabalho da gleba não se envileça.
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       O livro de regras sociais livra da rudeza de trato, mas o livro espírita livra da irresponsabilidade que, muitas vezes, transfigura o lar em atormentado reduto de sofrimento.
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       O livro de consolo livra da aflição, no entanto, o livro espírita livra do êxtase inoperante, para que o reconforto não se acomode em preguiça.
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       O livro de informações livra do atraso, mas o livro espírita livra do tempo perdido, a fim de que a hora vazia não nos arraste à queda em dívidas escabrosas.
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       Amparemos o livro respeitável que é luz de hoje, no entanto, auxiliemos e divulguemos, quanto nos seja possível, o livro espírita, que é luz de hoje, amanhã e sempre.
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       O livro nobre livra da ignorância, mas o livro espírita livra da ignorância e livra do mal.

(Livro: Mentores e seareiros. Francisco Cândido Xavier por Emmanuel)

MEDITA E OUVE



Nas horas de alegria, quando nobres aspirações atingidas te ampliem os ideais, medita na Divina Providência que te ilumina a alma e deixa que a inspiração da Espiritualidade te auxilie a dividir a própria felicidade com aqueles que te rodeiam.

    Nos dias de aflição quando problemas e provas te esfogueiam o espírito, medita na Bondade Ilimitada do Criador e espera com paciência as soluções desejadas, trabalhando e servindo para que se faça o melhor.

    Nos momentos de tentação, quando a sombra te envolva as construções espirituais, medita no Amparo do Senhor e acende a luz da resistência nos excessos do próprio ser para que te recoloques no rumo da vitória sobre ti mesmo.

    Nos instantes de tristeza, quando dificuldades do sentimento te marquem a estrada, anunciando-te amargura ou desilusão, medita no Socorro Celestial e reconstituirás as próprias energias para que a fé te reajuste a serenidade.

    Nas ocasiões de crises e lágrimas com que a sabedoria da vida te examina a segurança, medita no Apelo de Deus e criarás nova força para vencer os obstáculos do caminho em que segues, buscando a realização dos sonhos mais íntimos.

    Quanto possível, de permeio com o trabalho a que a existência te induz, em teu próprio auxílio – com base na prece – medita e ouve a música que nasce nas fontes do Eterno Bem.

    Ouçamos as melodias da paz e do amor que nos lembrem a harmonia do Universo e qualquer tempo, nos campos da alma, se nos transformará no calor da compreensão e na alegria da bênção.

(Livro: Meditações Diárias. Francisco Cândido Xavier por Meimei)

AMOR SEMPRE

       Que faremos da caridade, quando todas as questões econômicas forem resolvidas?        Esta é a indagação que assinalamos, todos nós...